Hoje em dia, na velocidade em que as coisas têm avançado, se você vir um grande campeonato de futebol ou de um jogo virtual, você não notará uma grande diferença estrutural. Normalmente ambos são transmitidos em ginásios organizados para comportar milhares de pessoas, com uma estrutura de transmissão bem montada e com capacidade de manter seus entusiastas com o sangue fervendo enquanto acompanham os ídolos mostrando o melhor que um jogador pode fazer. Não é tão difícil de conceber algo assim, se você olhar a estrutura que a CBLOL, por exemplo, monta todo ano para transmitir as finais do seu campeonato.

Assim como a maioria dos esportes de equipe, o esporte virtual também demanda muito treinamento para alinhar os jogadores, psicólogos para lidar com atritos pela convivência, disciplina e muuuuuuita dedicação. Ao contrário de alguns esportes mais tradicionais, as ligas mais avançadas de esporte eletrônico que necessitam de sincronia de equipe, costumam deixar seus jogadores em gaming houses, casas em que eles moram para poder se dedicar o máximo possível ao jogo e se alinhar com seus companheiros de equipe. Agora imagine a pressão que é viver longe da família e amigos para poder se dedicar 100% ao seu time?

Já existem grandes nomes de times de e-sports famosos "apenas" pelo seu talento, dedicação e coleção de vitórias. Times que surgiram e se consagraram entre os fãs com muito suor, como a SK no CS Go, ou a Pain no LOL. Mas agora, cada vez mais estamos vendo conhecidos nomes do esporte tradicional aparecerem no meio do esporte eletrônico. O Clube do Remo, dono da maior torcida de futebol da região norte, ou o Santos, que foi primeiro clube do Brasil a entrar no e-sport, são dois bons exemplos de como cada vez mais times de esportes "tradicionais" também estão apostando nessa nova modalidade esportiva.

Assim como o esporte tradicional, o e-sport depende dos investidores para se manter caminhando. E se ele está dando passos tão largos nos últimos anos, devemos abrir bem os nossos olhos. Cada vez mais, vemos empresas multinacionais se associando a jogadores e times de e-sport para se divulgar. Claro que o cenário está repleto de várias marcas de tecnologia, mas não é raridade vermos algumas empresas completamente fora do nicho se associando a grandes instituições apenas pela visibilidade.

Finlândia, Malásia, Coreia, Estados Unidos e cada vez mais países começam a aceitar, criar comitês e dar passaportes para cyber atletas, os reconhecendo formalmente como atletas dos seus países, e dando a oportunidade para que esses jovens criem suas carreiras e planos em cima dessa nova profissão.
Na Coreia, onde o atletismo virtual já é reconhecido a mais tempo - pasmem - já existem até jogadores aposentados.

Certo, agora o grande debate. "Mas e-sport não demanda exercício físico dos jogadores." Isso fica óbvio para qualquer um que assista mais do que uma partida de qualquer competição eletrônica. Mas xadrez também é um esporte que não demanda esforço físico e tem seu reconhecimento pelo nível de raciocínio e estratégia que são necessários. E xadrez é incrível, mas já viu uma partida profissional de StarCraft II? A maioria dos jogos de RTS em níveis competitivos exigem uma estratégia em um período limitado de tempo tão extraordinário que, às vezes, fica difícil de acompanhar.

Em todo o esporte, são poucos os atletas que conseguem chegar ao nível profissional. Mas muita gente costuma se divertir, assistir, ou dedicar um pouco seu tempo livre com o esporte favorito. E nos jogos virtuais o sentimento é o mesmo. Por mais que você saiba que provavelmente não irá atingir o nível profissional, é muito bacana jogar pequenos campeonatos para testar suas habilidades, se colocar a prova e tentar melhorar. Ou até mesmo jogar no final de semana, por hobby, com os amigos e relaxar de uma semana pesada de trabalho. Tem ainda quem ainda curta apenas pegar um petisco, se sentar na frente da televisão e assistir os jogadores profissionais mostrando como é que se faz!

Além de empregar toda uma nova geração de comunicadores (como produtores, editores, diretores) que estão se profissionalizando nessa área para entregar uma boa transmissão dos jogos, não só para os espectadores que estão os ginásios, mas também para os milhares que acompanham de casa, seja pela TV (canais a cabo já estão transmitindo os mais significativos campeonatos), ou pela internet (através de streams), as transmissões profissionais também contam com locutores, comentaristas e especialistas do jogo. Pessoas que se dedicam a conhecer cada pequena nuance do jogo para pode falar durante a transmissão, prever possíveis jogadas ou até ajudar aqueles que estão tentando compreender um pouco mais.

Não é difícil encontrar algumas matérias falando sobre punição ou afastamento de jogadores por má conduta em jogo. Assim como jogadores profissionais de outras modalidades, eles são cobrados pelo seu desempenho, mas também por seu comportamento. Apesar de a maioria dos jogadores serem muito novos, eles são exemplo para uma geração inteira que os admira e quer seguir seus passos como atleta. Então nada mais justo do que eles demonstrarem toda a postura que os atletas têm que ter, não é?

De novo, acredito que uma analogia com o futebol pode ajudar a explicar um pouco melhor as coisas. Assim como o futebol tem a Copa América, o Brasileirão e vários campeonatos locais e mundiais, os jogos eletrônicos também têm diversos campeonatos consagrados. Intel Extreme Masters, ESL Pro League, CBLOL, cada jogo competitivo tem um grande campeonato. Muitos deles já com diversas edições. Fica difícil enumerar todos, mas quando se trata do seu jogo favorito, é possível que você já tenha ouvido falar de pelo menos um campeonato que seu time fez parte!