The Magicians é baseado na trilogia de Lev Grossman, que possui dois livros publicados no Brasil, Os Magos e O Rei Mago. A série muda vários pontos importantes dos livros, porém, ao mesmo tempo, consegue manter-se extremamente respeitoso ao material original.

Algumas mudanças são feitas, nos livros conhecemos a história de Julia apenas no segundo livro da coleção, e a personagem Margot é chamada de Janet - o que cria até mesmo uma piadinha sobre universos paralelos na série.

Ainda assim, a série consegue transpor a essência dos personagens e história dos livros. Além disso, os produtores sempre deixaram claro que queriam apresentar um universo mágico para quem já passou dos 20 anos de idade, mas continua se interessando por coisas “de jovens/crianças”.

The Magicians conta, principalmente, a história de Quentin Coldwater e seus estudos em Brakebills, porém, em diversos momentos, parece que a série é dividia em duas principais histórias.

Na série, quando Quentin vai fazer o teste para entrar na faculdade, sua amiga de infância, Julia Wicker, também faz o teste; diferente dele, ela não passa. Normalmente, quem não passa no teste tem sua mente apagada e volta para sua vida normal. Contudo, Julia não se permite esquecer.

A série então passa a mostrar os dois personagens aprendendo magia e tornando-se extremamente poderosos, Quentin recebe uma educação formal em magia, enquanto Julia é deixada nas ruas, aprendendo magia com diferentes grupos e pessoas.

Assim como nos livros, a magia é feita através de uma mistura entre palavras e gestos. A série então pede que os atores tenham que fazer diversas coreografias extremamente bem feitas e divertidas, principalmente quando o feitiço é feito por mais de duas pessoas.

É importante notar também que eles sempre deixam bem claro que magia vem da dor. Quanto mais você sofrer, quanto mais dor e ódio tiver e aguentar, um mágico melhor você se tornará.

Além disso, há também o fato de que magia se torna aquilo que você faz dela. Em um ambiente controlado como Brakebills, a magia se torna uma ferramenta útil - nas ruas, onde magia é trocada, vendida e contrabandeada, ela torna-se uma droga viciante.

Além de Julia e Quentin, que são os principais personagens da série, temos vários outras figuras incríveis, carismáticas e bem desenvolvidas na série. Alice, Penny, Marina e Jane são ótimos e memoráveis personagens, porém nenhum consegue chegar perto dos mágicos Elliot e Margot.

Alguns anos a frente de Quentin, Alice e sua turma, eles são responsáveis pelos momentos mais divertidos e engraçados da série, porém, quando necessário, mostram uma maturidade surpreendente.

Eles são um dos grandes atrativos da série e rapidamente tornaram-se favoritos dos fãs, com seus comentários ácidos, estão sempre dispostos a participar de uma festa, bacanal, ritual com sacrifico de sangue e outras coisas divertidas.

O próprio autor dos livros já declarou que se baseou em Harry Potter e As Crônicas de Nárnia para criar os livros. Porém, The Magicians acaba tendo um tom muito mais realístico. Eles são jovens, eles fazem feitiços com álcool e sob influência de álcool. Eles fazem sexo (e feitiços sexuais), eles usam drogas e feitiços alucinógenos.

Claro que não chega ao nível Game of Thrones, porém a série não teme em mostrar personagens usando sexo para conseguir o que querem, bebendo até seu fígado tornar-se liquido ou xingando discriminadamente a mãe de seus desafetos. Além de mostrar cenas extremamente cruéis de animais sendo mortos violentamente e abuso infantil.

O mundo de The Magicians é construído de uma forma extremamente divertida, porém, ainda obedecendo regras e não inventando uma saída milagrosa a cada momento em que os personagens estão com problemas.

Logo de inicio somos apresentados as diversas formas de magia, as especialidades mágicas dos personagens, magia de batalha, outros mundos. Conceitos que vão sendo aprofundados mais tarde.

Ainda assim, a série não tem medo de ser totalmente sem sentido quando preciso, sem medo de colocar o protagonista cantando Shake it Off de Taylor Swift, ou ter um dos personagens gritando Avada Kedrava.

Tudo isso leva para o principal ponto de The Magicians: A série não tem medo de brincar consigo mesma. Ela sabe muito bem de onde veio, sabe para onde está indo, e não tem medo de ser meio bobinha e mostrar dois livros... “se reproduzindo”, no caminho.

Como nem tudo são flores, obviamente a série precisa de um vilão para atrapalhar a vida dos personagens. Mesmo tendo alguns antagonistas no caminho, o principal vilão da primeira temporada é o ser conhecido como A Besta, ele aterroriza Fillory (a versão da série de Nárnia) e decide, por algum motivo, perseguir Quentin e seus amigos.

Durante a primeira temporada, vamos descobrindo mais sobre o vilão com diversos dedos extras (sim, isso é real), cujo rosto é ocultado por diversas mariposas.

Ame-a ou odeie-a, Julia é uma das melhores coisas da série. A personagem faz um contraponto gigante a Quentin e é motivada pela necessidade de sempre querer mais, mais magias, magias mais poderosas, encantamentos diferentes. Julia sempre quer mais e está disposta a fazer de tudo para conseguir o que quer.

Uma das personagens mais relacionáveis da série e dos livros, Julia traz um tom muito mais realístico e sombrio para a série, aprendendo magia nas ruas, tendo vários problemas no meio do caminho e tornando-se poderosa e incrível.

Quentin Coldwater é, possivelmente, um dos piores protagonistas a já existir. Quentin é um babaca. Quentin faz muitas coisas erradas. Quentin sente que é especial, e que precisa fazer algo para provar isso. Quentin é extremamente relacionável.

Ele é todo errado, tem problemas com ansiedade, sente que deveria estar fazendo mais com sua vida. Nos livros, mesmo depois de salvar seus amigos, Quentin sempre continua com o sentimento de que está algo faltando. O mesmo ocorre na série, mesmo quando tudo parece estar bem, isso ainda não é o suficiente. Talvez nada realmente seja.

Quentin possui um gigantesco vazio dentro de si, ele acredita que Magia, seus amigos, sua namorada, Fillory, possam preencher tudo isso, porém, nem sempre as coisas são tão simples desse jeito.

Quentin é um protagonista muito diferente do que estamos acostumados a ver em séries e livros de aventura e ficção, e isso é o que o torna tão incrível.