Ao todo, já tivemos duas grandes franquias próprias do personagem no cinema, que se enveredaram por caminhos diametralmente opostos. No final da década de 80, surgiu a quadrilogia de Tim Burton e Joel Schumacher, que começou sombria e se tornou carnavalesca. Do outro, a pegada mais realista de Christopher Nolan em sua trilogia do Cavaleiro das Trevas.

Entretanto, em nenhum desses filmes pudemos ver o Batman realmente cercado por vilões no Asilo Arkham e tendo que batalhar por sua vida, enquanto é ameaçado das piores formas possíveis. Isso ajudaria a criar uma nova franquia totalmente diferente do que já foi estabelecido, levado o herói a novos lugares e reapresentando sua rica mitologia de uma forma bem diferente.

Se há uma grande característica que pode ser dita sobre o Batman, em qualquer versão dos quadrinhos, é que o herói é um dos maiores detetives do planeta. Muito mais que sua força ou seus dispositivos, ele usa sua inteligência para resolver complicados crimes e derrotar seus inimigos, que quase sempre oferecem um desafio que só pode ser confrontado pelo Cruzado Encapuzado.

Porém, nos cinemas, nunca tivemos essa visão muito bem explorada, já que o Batman quase sempre foi retratado como um herói comum que contava com ajuda de outras pessoas para resolver seus problemas. Situar a história no Asilo Arkham é uma chance de deixar a trama com um clima mais policial, o que facilitaria a exploração de mais habilidades de detetive.

Embora todos os seus filmes componham parte de um mesmo universo, a DC Comics está apostando em variar os tons de cada produção, criando uma variedade maior de temas e tramas para seus personagens principais. E embora Liga da Justiça precise ser um filme mais leve, The Batman definitivamente precisa rumar em direção a algo mais sombrio e adulto.

O Asilo Arkham é palco de algumas das histórias mais macabras das HQs e representa um local verdadeiramente assustador para o público, o que facilitaria a desenvolver esse clima mais maduro e ajudaria a diferenciar o filme solo do Cavaleiro das Trevas de outras produções do Universo Estendido da DC Comics.

Filmes de super-heróis estão cada vez mais colossais, grandiloquentes e explosivos e, embora isso funcione para alguns títulos, como Homem de Aço e Os Vingadores, não é bem o que todos os personagens precisam em suas adaptações. O Batman é um deles, que sempre esteve em histórias mais pessoas e contidas.

Caso seu primeiro filme solo se passasse exclusivamente no Asilo Arkham, teríamos a chance perfeita de ver o herói em uma missão mais pessoal e menos grandiosa. Aqui, em vez de lutar para salvar a cidade inteira, ou até mesmo o planeta, o alter-ego heroico de Bruce Wayne poderia estar em busca de de uma saída, tentando impedir uma rebelião, ou até mesmo lutando por sua própria vida, sem cair no clichê dos clímax bombásticos.

Como dissemos anteriormente, o Asilo Arkham é um local sinistro, palco de histórias macabras e momentos brutais entre seus "pacientes" - quase sempre vilões insanos, dispostos a tudo para voltar para as ruas de Gotham City e espalhar o caos. Por sua reputação, o local se tornou uma personificação viva do caos e da loucura.

Por conta disso, uma história totalmente ambientada no hospício-prisão seria excelente para poder desenvolver a psiquê de seus personagens, especialmente lidando com a dualidade do Batman - afinal, seria ele o mais louco dos habitantes de Gotham?

Lembrando que o Asilo Arkham fica dentro do território de Gotham City e que isso contribuiria para um filme mais focado e menos grandioso, poderíamos ter a participação maior de membros da Batfamília agindo no filme, já que eles obviamente devem ter conhecimento mais profundo do local e poderiam aparecer para ajudar o Cavaleiro das Trevas.

Aliás, isso é bem possível de acontecer realmente, uma vez que, segundo rumores, o Asa Noturna e a Batgirl devem fazer parte do filme, de alguma forma. Os dois heróis juvenis poderiam aparecer para tentar auxiliar seu mentor, preso pelos vilões do manicômio.

Todos nós gostamos de ver nossos heróis favoritos interagindo, seja nas HQs, na TV ou no cinema. Entretanto, nos últimos anos isso se alastrou de uma forma perigosa, de forma que quase nada se salva dos crossovers. E embora isso seja legal para agradar os fãs, acaba sendo um problema porque os personagens são pouco desenvolvidos ou saem de situações muito facilmente.

Mesmo que tenha a ajuda da Batfamília, o Batman ficaria realmente vulnerável caso fosse isolado dentro do Arkham e não contar com a ajuda do Superman ou da Mulher-Maravilha e outros heróis super-poderosos seria ideal para poder mostrar o Cavaleiro das Trevas como um herói próprio, resolvendo suas próprias situações apenas com a ajuda de seus aliados mais íntimos.

Conforme pudemos ver por Batman vs Superman: A Origem da Justiça, o Batman já está na ativa há um bom tempo. E em Esquadrão Suicida, percebemos que o Homem-Morcego já fez vários inimigos ao longo de sua história como vigilante de Gotham City. E a melhor ideia possível é poder apresentar toda sua galeria de vilões de uma só vez, sedentos por vingança.

Além disso, seria a oportunidade perfeita (que Esquadrão Suicida infelizmente desperdiçou) de criar algo onde a perspectiva dos vilões importe tanto quanto ou até mais que a do herói, afinal de contas, aqui eles se uniriam de verdade para tentar acabar com o Batman de uma vez por todas. E não vamos nem entrar no mérito do quanto seria épico ver o herói sozinho contra todos os seus piores inimigos.

Em uma das muitas entrevistas concedidas por Ben Affleck sobre o filme solo do herói, ele chegou a dizer que The Batman não irá adaptar nenhum arco dos quadrinhos exclusivamente. Isso significa que a história contada será original, feita inteiramente para o longa-metragem. Mas isso não significa que o filme não possa usar inspirações das HQs... especialmente se falarmos de Arkham Asylum, de Grant Morrison e Dave McKean.

Trata-se de uma das maiores histórias já contadas sobre o personagem e que explora profundamente a relação do Batman com o Asilo Arkham e os vilões lá encarcerados. E, claro, seria a forma decente de criar um Coringa perfeito como inimigo do herói, deixando para trás o gângster genérico interpretado por Jared Leto em Esquadrão Suicida.

Porém, a maior experiência que já tivemos nos últimos anos com relação ao Batman dentro do Asilo Arkham é a franquia de games Batman Arkham, produzida pela Rocksteady. Aliás, é justamente sobre isso que se trata toda a história do primeiro jogo da série, Arkham Asylum: o herói fica preso dentro do Asilo graças a um plano diabólico do Coringa e precisa lutar pela própria vida para poder fugir e impedir uma grande rebelião.

Contendo uma das melhores histórias já feitas para o personagem, o game serviria como uma base excelente para o filme, que se bem feita, poderia gerar o melhor filme já feito para o Batman, além de ajudar a quebrar o estigma de que "filme baseado em game sempre é ruim".