Apesar de termos tido vários Batman anteriormente nos cinemas, poucos conseguiam convencer, através do porte físico, que eram detetives e combatentes do crime sem nenhum tipo de poder especial.

Ben Affleck, no entanto, conseguiu canalizar bem esse aspecto do personagem, mostrando um personagem verdadeiramente forte e que seria capaz de fazer as coisas que faz sem necessitar de roupas táticas e outros intensificadores de força - a não ser, claro, na clássica armadura para lutar contra o Superman.

A dinâmica entre o Batman e o Alfred de Christian Bale e Michael Caine ainda é relembrada pela forma como foi conduzida por toda a trilogia de Christopher Nolan. Contudo, Ben Affleck e Jeremy Irons fazem algo ainda mais diferente e efetivo.

Os dois possuem uma relação mais próxima e menos truncada pela diferença de idade. Além disso, Alfred é quase o co-piloto do Batman e está sempre nos bastidores da ação. E Ben Affleck sabe conduzir o andamento dessa relação, com alguns diálogos excelentes.

Uma coisa que sempre foi explorada de forma controversa nos filmes anteriores do Batman foram as cenas de ação e coreografias de luta. Apesar de ter algumas muito bem coreografadas, os fãs sempre criticaram como elas nunca passaram bem a imponência do Cavaleiro das Trevas.

Aqui, contudo, isso é completamente esquecido. As cenas de luta são incrivelmente dinâmicas e bem construídas, com destaque especial para as cenas de combate mano a mano, onde vemos o herói verdadeiramente imponente e poderoso.

Uma coisa que os quadrinhos sempre retrataram sobre o Cavaleiro das Trevas é a forma como ele é ameaçador e, dependendo da versão, brutal. Aqui, Ben Affleck conduz essa mesma sensação desde sua primeira aparição.

Seu Batman mostra-se um agente real do medo, atemorizando criminosos e os mostrando que há uma razão real para se preocuparem com noites em que o símbolo do morcego paira nos céus...

Em anos de diversas adaptações, nunca vimos um traje tão fiel e intrigante do Cavaleiro das Trevas quanto o uniforme vestido por Ben Affleck. O traje novo é bonito e apesar das limitações nos bastidores, se mostra prático e eficiente.

Além disso, podemos citar os trajes alternativos do personagem, como a armadura construída para enfrentar o Superman, tirada diretamente das páginas de Cavaleiro das Trevas, e o uniforme da visão futurista.

Esse é possivelmente o Batman mais diferente que já vimos até o momento nos cinemas. Sua personalidade é uma amálgama perfeita do herói ressentido de Cavaleiro das Trevas do Frank Miller com uma visão mais realista do personagem.

Apesar de ser uma mudança do que estamos acostumados nos quadrinhos do personagem, é uma adaptação que cai bem e que reproduz um herói com uma moralidade mais ambígua.

Cada um dos intérpretes anteriores do personagem trabalhou de formas diferentes a dinâmica entre o Batman e Bruce Wayne, e Ben Affleck também sabe fazer isso muito bem. Aqui, a identidade civil não foge aos deveres do Batman, e se torna seu disfarce quando o assunto requer algo mais estratégico.

Além disso, vemos um Bruce mulherengo, porém menos playboy, com um ar mais envelhecido e cansado.

Diferente dos outros filmes do Batman, que construíam referências com base no futuro, por serem, em maioria, derivados de origens do personagem, aqui vemos um Batman já consolidado e lidando com problemas do passado.

Isso garante uma variedade muito grande de referências visuais e faladas para o personagem, o que ajuda a aumentar sua profundidade e o amor dos fãs.

Agora que a DC finalmente deu início ao seu próprio universo cinematográfico, podemos ficar aliviados com a forma que ele está sendo trabalhado, uma vez que a Liga da Justiça irá se formar.

E quem está à frente da equipe? O Batman. Isso casa perfeitamente com algumas versões do personagem e causa um interessante contraste ao mostrar um homem liderando deuses.

Um mérito puramente pessoal de Ben Affleck, é sabido que o ator era conhecido por papeis vergonhosos em sua carreira, como Pearl Harbor e Demolidor. E ainda assim, ele já havia mostrado uma grande melhora, em filmes como Garota Exemplar e Argo.

Aqui, Affleck de fato se consolida como um bom ator, sabendo lidar com as nuances do personagem sem parecer inexpressivo ou com uma gama limitada de emoções.