10 motivos pelos quais o acordo entre Fox e Disney é uma má ideia!
10 motivos pelos quais o acordo entre Fox e Disney é uma má ideia!
Por mais que todos queiramos ver um universo com todos os personagens das HQs, a venda do estúdio pode trazer perdas significativas para Hollywood!
Nas últimas semanas, não se fala de outra coisa: o acordo entre a 20th Century Fox e a Walt Disney Company, que foi oficializado na última quinta-feira. A raposa vendeu todo o seu conglomerado de entretenimento para a casa do Mickey e isso servirá, sobretudo, para unir as franquias de super-heróis pertencentes à Marvel Comics. Dessa forma, os X-Men e o Quarteto Fantástico finalmente poderão integrar o Universo Cinematográfico da Marvel.
Contudo, por mais que isso soe como um sonho para qualquer nerd, também há seu lado negativo – e nesse caso, ele pode pesar muito mais que os méritos. Nesta lista, discorremos os motivos pelos quais a venda da Fox para a Disney é uma péssima ideia!
Créditos: Divulgação
Tão perto, mas tão longe
A maré dos universos compartilhados pode ser descrita como algo que está lentamente estrangulando Hollywood. Enquanto o Universo Cinematográfico da Marvel surgiu para trazer um propósito para uma série de filmes aparentemente desconexos, atualmente tudo gera uma franquia plural, desde as linhas de brinquedos da Hasbro aos filmes de M. Night Shyamalan.
Ainda assim, a Marvel continua se mantendo firme em sua construção de universo... mas a pergunta que fica é: até quando? Muitos já criticam a inclusão das franquias televisivas que pouco têm a ver com os filmes. Talvez, a inserção de novas franquias gigantescas como o Quarteto Fantástico e os X-Men só serviria para transformar o MCU em um universo ainda mais fragmentado.
Uma questão de timing
Não há dúvidas de que os mutantes seriam adições extraordinárias ao Universo Cinematográfico da Marvel, ainda mais em uma época onde estamos tão descrentes devido ao uso exagerado de figuras cujo único propósito é substituir os X-Men, como é o caso dos Inumanos, tanto nas HQs quanto nas séries televisivas.
Porém, há uma questão que precisa ser fortemente considerada. Como esses personagens seriam introduzidos no MCU, uma vez que o timing deles está completamente errado? No universo das HQs, mutantes sempre existiram, e muitos deles tem ligações com eventos históricos, como é o caso de Magneto. De que forma eles poderiam ser introduzidos sem que isso comprometesse a sua essência e sem que interferisse negativamente em tudo que foi estabelecido nesse universo até agora?
Transtorno de identidade
Há quem reclame de tudo que a Fox tem feito no que diz respeito aos filmes de super-heróis, e por mais que haja alguma razão nisso, precisamos ter a ciência de tudo que o estúdio já fez para o famigerado “gênero” dos super-heróis. É graças à Fox e sua trilogia original dos X-Men que hoje a Marvel Studios consegue bater no peito e fazer sucesso com seus Vingadores.
Mais do que isso, o estúdio tem encontrado uma identidade própria e fortemente autoral. Deadpool, Logan e Novos Mutantes surgem para nos mostrar como ainda há espaço para trazer novidades para um “gênero” que já está caindo em saturação. Contudo, nas mãos da Disney, é muito provável que todos os filmes passem por um selo de “padronização”, e ainda que mantenham uma identidade própria, nunca conseguirá ser tão marcante quanto a que a Fox tem desenvolvido nos últimos anos.
O fim do +18?
Outra moda que a Fox lançou – e que já está sendo copiada por diversos outros estúdios (olá, Sony) – é justamente a dos filmes de super-heróis para maiores de idade (o popular Rated-R nos Estados Unidos, que teoricamente equivaleria ao +18 na classificação indicativa brasileira). Claro que já haviam filmes de super-heróis para adultos antes, mas foi graças a Deadpool que a febre estourou e todos os estúdios agora veem a possibilidade de fazer dinheiro real em cima disso.
A Disney, no entanto, sempre teve uma política mais family friendly, tanto que o Universo Cinematográfico da Marvel muito provavelmente jamais fugirá do PG-13, uma das classificações indicativas mais razoáveis do cinema internacional. Caso pensemos que as propriedades pertencentes à Fox poder passar para as mãos da Marvel Studios, é de se esperar que esse tipo de filme acabe sendo excluído por um bom tempo.
Ideologia. Eu quero uma para viver
Não é apenas de sangue e violência que vive um filme mais maduro. Por mais evoluído que seja, Deadpool não tem a metade da complexidade de X-Men 2 ou de X-Men: Primeira Classe, justamente por serem filmes que abordam questões incisivas como preconceito e intolerância. E, infelizmente, isso é algo que seria muito enxugado no Universo Cinematográfico da Marvel.
Tirando as séries - que funcionam quase como entidades à parte -, o restante dos filmes do MCU leva a fama por passar pano em temas socialmente relevantes. O alcoolismo de Tony Stark é algo extremamente esquecido, e até mesmo os filmes mais "complexos" do estúdio - Soldado Invernal e Guerra Civil - tocam apenas superficialmente em temas ideológicos. É difícil imaginar uma franquia de X-Men passando uma mensagem tão forte sobre perseguição e aceitação nesse mesmo universo.
Fins imediatos e prematuros
Por mais que a Fox tenha vacilado em alguns aspectos, sobretudo nas franquias centrais dos X-Men e do Quarteto Fantástico, nos últimos anos, o estúdio tem se redimido através de boas investidas. A raposa tem dado indícios de sabedoria com a criação de franquias promissoras para o cinema, como Deadpool e Novos Mutantes e para a televisão, como Legião e The Gifted.
Por mais que ainda não dê para saber ao certo quais são os planos da Disney ao meter a mão nos X-Men, é de se esperar que isso não seja à toa, e um reboot logo deve estar a caminho de todo esse universo. Infelizmente, isso varrerá para debaixo do tapete essas franquias mais ousadas, que serão esquecidas para dar lugar a uma nova franquia sob o toldo do Universo Cinematográfico da Marvel.
Jogados para as margens
Se o Universo Cinematográfico da Marvel está em um patamar rico e relativamente "arriscado" atualmente, boa parte das raízes disso está no fato da empresa não ter tido os direitos dos X-Men, do Quarteto Fantástico e do Homem-Aranha por um bom tempo. Isso forçou a Marvel Studios a ir atrás de franquias secundárias para ganhar impulso nos cinemas, como o Homem de Ferro, o Capitão América e, de formas ainda mais exageradas, o Homem-Formiga e os Guardiões da Galáxia.
Com a Fox finalizando sua venda para a Disney, o estúdio terá em suas mãos uma grande pepita de ouro, sobretudo com os X-Men. Isso pode acabar prejudicando a realização de outras franquias de personagens menores, uma vez que esses heróis podem acabar sendo deixados de lado em detrimento da popularidade dos mutantes e seus agregados.
Queda na produção
Ainda não sabemos os detalhes mais profundos a respeito da venda entre os estúdios, então tudo aqui não passa do campo da especulação. Mas alguns diretores e cineastas - como James Mangold, diretor de Logan - já têm demonstrado sua preocupação com o seguinte detalhe: uma possível queda na produção caso a Disney passe a mudar os mandatos de realização da Fox.
Isso afetaria diretamente o MCU caso a empresa do Mickey Mouse decida apenas passar os direitos de adaptação da Fox para a Marvel Studios, uma vez que o estúdio não daria conta de fazer vários filmes - resultando em algo parecido com o que já foi mencionado no item anterior. E mesmo que isso não acontecesse, Kevin Feige e sua equipe não podem se desdobrar para trabalhar em tantos filmes assim por ano, o que eventualmente causaria uma queda real de produção - ou pior, em uma queda de qualidade dos projetos.
Um risco chamado monopólio
Se, por um lado, analisamos a situação enquanto fãs dos X-Men e do restante do Universo Marvel, também precisamos analisar a situação no que diz respeito ao impacto mercadológico para a indústria de filmes de Hollywood. E, apesar das positividades, isso seria o início de um grande monopólio para a Walt Disney, que já domina uma parcela rechonchuda do mercado por ser dona de outros estúdios menores como a Marvel Studios, a Lucasfilm e a Pixar.
Esse tipo de estrutura forçaria os outros estúdios a se submeterem às vontades da Disney, que apesar de já controlar uma boa parcela dos lucros de Hollywood, passaria a dominar quase que toda a metade do capital. E isso traria uma série de efeitos consequentes que abalaria a indústria aos poucos.
O colapso da indústria
Com a Disney supostamente controlando a maior parte do mercado - e não apenas cinematográfico, como também de licenciamento de produtos, mídia digital e impressa, emissoras de televisão e outros campos secundários, o público precisaria se submeter às vontades da empresa. E, pior ainda, os empregados do estúdio também precisariam se adequar a uma nova realidade de monopólio.
Isso poderia trazer consequências significativas, como venda de ingressos mais caros, redes de exibição sendo fechadas, salários inconstantes para trabalhadores da área, dentre outros fatores. Isso sem contar o possível colapso dos filmes independentes, que eram distribuídos em grande maioria pela Fox Searchlight e que poderiam nunca ser liberados pela Disney, que não possui um ramo exclusivo para isso. Caso não seja manejado com extrema cautela e auto-ponderação, o acordo entre Fox e Disney pode servir como um meteoro fatal para a produção cinematográfica da atualidade.