10 motivos pelos quais Harry Potter e a Criança Amaldiçoada não deveria virar filme!
10 motivos pelos quais Harry Potter e a Criança Amaldiçoada não deveria virar filme!
Na última semana, o mundo ficou surpreso com o rumor de que a Warner Bros. planejava fazer uma trilogia de filmes de Harry Potter e a Criança Amaldiçoada. Antes do boato ser desmentido pela própria criadora do universo, J.K. Rowling, a notícia circulou com rapidez por sites e portais, gerando recepções controversas por parte dos fãs. Pensando nisso, aqui temos dez motivos pelos quais a peça de teatro não deveria ser adaptada para os cinemas!
Atenção: Alerta de Spoilers!
Apego excessivo à franquia
Nos últimos anos, Hollywood tem desenvolvido um grande problema no que diz respeito às franquias mais famosas. Em vez de criar histórias menores, que se liguem à saga principal com menos prepotência, o estúdio tem insistido cada vez mais em continuações e prequels que acabam usando a série principal como único trampolim, sem necessariamente criar uma história boa o suficiente.
A partir daí, surgem filmes controversos, como Jurassic World, Exterminador do Futuro: Gênesis e a trilogia-prelúdio de Star Wars. São filmes preocupados demais em ressuscitar e angariar dinheiro baseado na nostalgia causada por essas franquias, sem necessariamente criar algo novo que justifique sua existência. E uma das maiores críticas de Criança Amaldiçoada se dá justamente pelo fato de que a peça só serve para pontuar os highlights da franquia, sem criar uma história boa o suficiente que se justifique.
Histórias melhores esperam por aí
Isso não significa necessariamente que o estúdio precisa parar de fazer filmes que contemplem o universo do Mundo Bruxo de J.K. Rowling. Aliás, é justamente por não depender tanto da franquia central de Harry Potter que Animais Fantásticos e Onde Habitam deu tão certo.
Então, precisamos lembrar que há histórias melhores para serem contadas dentro desse universo. Enquanto a Warner prepara o terreno para os quatro filmes restantes de Animais Fantásticos, outras ideias podem ser levadas em conta que não acabem direcionando exatamente para Criança Amaldiçoada. Um exemplo claro - que muitos fãs pedem há anos - é a história da fundação da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts.
Erros do passado
Quando o rumor de que a Warner estaria planejando fazer uma trilogia inspirada em Criança Amaldiçoada circulou na internet, imediatamente os fãs passaram a se lembrar de alguns erros passados dentro do próprio estúdio, como O Hobbit, outra trilogia baseada em um pequeno livro. E assim como seria o caso aqui, O Hobbit abusa muito de referências e sentimento de nostalgia provocado por Senhor dos Anéis.
Contudo, os três filmes que compõem a trilogia são fracassos de crítica e chegaram a lucrar menos que o esperado por parte da Warner. Além disso, são repudiados por boa parte dos fãs da franquia e do livro no qual foi baseado. Apesar de serem casos um tanto quanto diferentes, não é difícil imaginar o estúdio cometendo os mesmos erros e, por conta disso, é mais um motivo para ficar alerta. Nem sempre vale a pena criar ou adaptar algo baseado apenas no pensamento do quanto isso pode gerar lucro.
Quebrando as regras da saga
Se por um lado a peça acaba servindo apenas como um grande memorando da saga central, por outro lado, ela acaba sendo um grande prejuízo quando paramos para analisar seu papel enquanto parte da franquia. Muitos fãs apontam os erros aqui presentes, como a descaracterização de personalidades dos personagens ou até mesmo elementos narrativos que contradizem o que foi escrito na saga de J.K. Rowling.
Em um mundo cada vez mais povoado por grandes universos cinematográficos que se preocupam com a coesão e a coerência de seus diferentes filmes, a ideia de fazer algo baseado em um roteiro contendo tantos furos narrativos e regras contraditórias pode se provar um problema absurdo, não apenas enraivecendo os fãs da franquia, mas também o público leigo que acompanha tudo por alto.
Cânone?
Essas rupturas narrativas levam muitos fãs a se questionarem se a peça faz parte ou não do cânone da saga. Embora a versão oficial (dada pela própria J.K. Rowling) seja de que sim, a peça é a oitava história de Harry Potter, outras declarações da própria escritora fizeram os fãs terem dúvidas quanto a isso (como quando ela disse que só o que fosse escrito por ela faria parte do cânone da saga, o que não acontece na peça.
Por conta disso, é melhor deixar de lado uma adaptação cinematográfica de Criança Amaldiçoada. É bem mais fácil, para quem não leu ou não gostou, ignorar a peça unicamente como parte de todo o cânone da franquia, mas a partir do momento que se tornar adaptada nos cinemas, esse "benefício da dúvida" é retirado dos fãs.
Delphi
E por conta dos dois itens anteriores, vale a pena criar um item próprio para o principal problema da peça - ou seja, SPOILERS a seguir.
Toda a história se foca no plano de Delphi, que faz com que Alvo Severo Potter e Escórpio Malfoy voltem no tempo para que possam mudar a linha temporal e assim, indiretamente salvar Voldemort. Até aí, não há muito problema... mas as coisas começam a ficar feias quando descobrimos que Delphi é filha do próprio Voldemort com Belatriz Lestrange.
Essa é uma quebra tão absurda de toda a história construída para Voldemort na franquia que não faz o menor sentido revivê-la no cinema. Em O Enigma do Príncipe, descobrimos que Tom Riddle, por nascer da forma que nasceu, era incapaz de amar e de conceber vida a outro ser vivo. Além disso, não precisa ser muito fã da saga para perceber que o vilão acreditava fielmente que seria imortal e, por conta disso, jamais precisaria de um "herdeiro", como a peça acaba pintando. Por fim, também vale lembrar que o próprio nascimento da personagem não casa muito bem com a cronologia dos livros e filmes, devido à gestação de Belatriz não bater com as participações da vilã em ambas as mídias.
Recursos e elenco
Agora, passando um pouco para a parte técnica, uma adaptação de A Criança Amaldiçoada é basicamente impossível, considerando o contexto da história. Como Alvo Severo e Escórpio voltam no tempo, vivendo situações diferentes em "realidades" diferentes, isso exige participação de boa parte do elenco original da franquia - incluindo atores que já faleceram, como Alan Rickman, por exemplo.
E mesmo que isso pudesse ser contornado, vale lembrar que as situações acontecidas aqui variam temporalmente ao longo dos anos. A primeira volta no tempo, por exemplo, é para a época em que Harry estava em seu quarto ano em Hogwarts - ao mesmo tempo em que Alvo Severo e Escórpio continuam crescendo. Para isso, é extremamente necessário o uso de maquiagem e efeitos visuais para rejuvenescer atores... o problema é que isso precisaria ser feito em uma escala tão grande que seria impossível de dar conta, seja no orçamento ou até mesmo no tempo de produção.
Falta estrutura para se tornar filme
Apesar de seus inúmeros erros, a peça tem seus lados positivos. E um deles é o convite para que os fãs possam brincar livremente no universo de J.K. Rowling, através de momentos e situações completamente divergentes e únicos. O problema é que, analisando a estrutura geral do roteiro da peça, não há como transformar isso em um único filme que não extrapole as quatro horas de duração.
Ao mesmo tempo, a ideia de dividir a história em mais de uma parte se mostra problemática, já que a peça não possui uma estrutura sólida o suficiente para fazer vários filmes sem parecer que todos parecem "pedaços soltos" de um único filme maior. Repetiria-se um erro recorrente da trilogia O Hobbit, que é comumente citado como um dos maiores problemas da série.
A transição da mídia pode ser uma catástrofe
Essa questão da estrutura não é bem um problema do roteiro ou da peça em si. Pelo contrário, é algo normal em peças de teatro, que são divididas em vários atos e - nesse caso - em mais de uma parte. Isso nos leva a outro fator: nem sempre o que funciona em uma mídia acaba servindo bem em outra. E no caso do teatro, temos vários exemplos que provam como a narrativa pode ser comprometida se puxada para os cinemas (O Fantasma da Ópera, Caminhos da Floresta, dentre outros).
Faz mais sentido deixar A Criança Amaldiçoada onde está, continuando seu sucesso de público nos teatros ingleses, ou tendo seu roteiro vendido para os mais curiosos, porque de certa forma, sua estrutura (e até mesmo história) funcionam melhor nessas mídias. Adaptar para os cinemas é correr o risco de desrespeitar os autores da peça, o material original, a própria franquia e os fãs.
Controvérsias no fandom
Aliás, falando nos fãs, temos um último item que pesa mais que todos os outros anteriores - e de certa forma, é a soma destes. Quando Harry Potter e a Criança Amaldiçoada foi anunciado, muitos ficaram curiosos com relação à história e o que a peça poderia trazer de novidade à franquia. Porém, quando o roteiro foi publicado, nunca antes se notou uma controvérsia tão grande por parte do fandom da franquia - ou autointitulados Potterheads.
Enquanto alguns fãs ficaram extremamente felizes - principalmente os que tiveram condições e recursos de ver a peça ao vivo -, muitos outros demonstraram uma grande rejeição ao livro, com muita repercussão negativa na internet. Sendo uma comunidade tão vocal e intensa, aqui faz mais sentido alegrar a maioria e não adaptar um produto que gera tanto debate e controvérsias negativas. Afinal de contas, o Mundo Bruxo pode continuar crescendo nos cinemas sem depender necessariamente da figura de Harry Potter.