“Ah, mas a Cersei não pode sair vitoriosa. Ela é do mal…”. Galera, Game of Thrones nunca foi uma história sobre justiça. Longe disso, aliás. É uma das tramas mais cinzas que acompanhamos na TV, simplesmente porque cada lado tem suas próprias morais e nenhuma delas são muito parecidas com as nossas.

E se essa não é uma trama sobre justiça, dos três candidatos que tratamos aqui, a Cersei sempre soube seu objetivo e sempre deu seu máximo para atingi-lo. Mesmo que, de primeira, ela não achasse possível sentar realmente no Trono, ela sempre foi a Rainha e sempre almejou poder. E, em todos os momentos, poder é o que ela teve.

Falamos sobre o Jon representar algo antigo pra GoT, enquanto a Daenerys é um futuro possível. Seguindo esse raciocínio, a Cersei nada mais é que a personificação da história atual.

A Rainha Lannister é a politicagem, a traição, a esperteza, a paciência; ela é o Jogo dos Tronos. Se estamos levando mérito em conta, ela foi a maior jogadora até então, desde a época que planejava dentro das ideias de seu pai, então não existe alguém que mereça mais o Trono de Ferro que ela.

Também, dos três concorrentes, podemos destacar a inteligência no jogo da Leoa. Ela sempre esteve vários passos à frente de todos, mesmo errando algumas vezes e não mostrando suas verdadeiras intenções o tempo todo.

A Cersei sempre - e isso não é exagero - manteve seu foco em como conseguir mais e mais poder, criando estratégias e mais estratégias para atingir seus objetivos, não se importando com quem estivesse no caminho. Determinação é uma boa qualidade para uma Rainha.

Parafraseando a Sansa no último episódio, “O que a Cersei quer, ela consegue”. Todos os que entraram em seu caminho em algum momento, ela conseguiu eliminar de alguma forma, em busca de proteger sua família e seu poder.

Ela queria o Trono. Sempre quis o Trono. Ela conseguiu o Trono. O custo foi alto, mas ela chegou lá. E, se o que ela quer, ela consegue, ela quer se manter lá o máximo possível - e duvido muito que vá cair sem uma boa luta.

Desde a primeira temporada, a personagem que mais entendia o que estava acontecendo em Westeros era a Cersei. “No Jogo dos Tronos, você vence ou você morre, não existe meio termo”.

Ela entende o que precisa ser feito para manter o Trono, o poder, o Reino e, mais que tudo, o que é necessário para destruir cada um de seus inimigos. Inimigos a oeste, inimigos ao leste, inimigos ao sul, inimigos ao norte. Todos tenham cuidado.

Mais do que entender o jogo, ela está disposta a jogá-lo em suas últimas consequências.

Diferente dos outros dois, ela vendeu seu corpo e alma para conseguir o Trono. Deu seu sangue, seus filhos, sua honra e tudo mais que tinha, porque eram preços a serem pagos pelo poder do Trono de Ferro.

Ter a Cersei como Rainha também é um tapa na cara do Tywin e de toda a Westeros, que sempre viram a moça como alguém de segundo escalão, perto de seus irmãos, pai e marido.

Em todo esse tempo, nas sombras, ela aprendeu. Ela não ficou à toa acompanhando o Robert, o Tywin, o Jaime, o Joffrey, o Tommen, o Varys, os Stark, os Martell, ou até mesmo a Margaery e a Olenna.

A Cersei conhece cada uma das famílias, seus pontos fortes, seus pontos fracos, suas politicagens e como pode se defender de todas elas - incluindo a Rainha dos Dragões. Uma boa Rainha precisa, acima de tudo, saber como se manter no Trono.

Outro ponto bacana da Cersei se manter viva e no Trono é que isso quebraria a profecia da Maggie, a Rã. Vejam bem: magia e mito em Game of Thrones é uma coisa muito relativa, o próprio Martin já deixou isso claro - principalmente se tratando das divindades.

Ver a Rainha Lannister quebrar uma profecia que a atormentou por tanto tempo e quase chegou a se cumprir seria, para dizer o mínimo, épico.

Por fim, de todos os três, a Cersei é quem tem mais garra para governar - de novo, independente de visões de bem ou mal. Ela está dentro da política de Westeros a mais tempo do que todos eles, conhece cada ponto e vírgula desse jogo e sabe como tudo funciona muito bem.

Não precisa de manual de instruções. Não precisa de treinamento. Cersei é veterana, já está no cargo e pronta para estender seu domínio por todo continente novamente - por bem ou por mal.

Com a Cersei no poder, Game of Thrones ganharia um final caótico, digno do que a série apresentou até agora. Algo cinza.

Sem mocinhos, sem vilões - afinal de contas, ela não é nem um, nem outro - apenas uma história cinza, agridoce, sobre um jogo político onde o mais esperto e capacitado ganha.