Esse é um problema comum em algumas séries. Elas começam devagar, parecendo que vai acabar três episódios depois porque você não vê como aquilo pode melhorar, mas quando menos se espera... deslancha!

E Lúcifer se encaixa perfeitamente nessa descrição. A série realmente começa devagar. A trama parece óbvia, a atriz que interpreta a parceira do personagem Lúcifer, a Detetive Chloe Decker, parece um pouco travada, e as motivações parecem muito simples. No início, muita gente aguentou a série porque o ator principal carrega os episódios nas costas com sua interpretação carismática e falas bem-humoradas.

Mas se você sobreviver aos primeiros episódios, é bem provável que você acabe se apaixonado por toda a história quando ela começar a se desenvolver um pouco melhor, dando mais profundidade e melhores motivações para os personagens.

Não se ofenda em ver alguns nomes bíblicos personalizados de formas que você não está acostumado. Você vai acabar se apaixonando por Lúcifer e Mazikeen, uma demônio que acompanha Lúcifer desde o inferno. Vai questionar as escolhas de Deus e até achar ele meio babaca.

PORÉM tudo é trabalhado de uma forma muito sutil. A linguagem não é agressiva e não está ali para questionar a crença de ninguém. Pelo contrário. A forma como os problemas de Lúcifer com seu Pai são retratados é tão natural, que você se identifica com ele em vários pontos e entende a motivação do personagem.

Apesar de ter anjos, demônios e grandes divindades durante toda a série, ela basicamente é uma série policial, com o "caso da semana" sendo desvendado durante o episódio, enquanto a trama maior passa no pano de fundo.

Por boa parte da primeira temporada, a resolução dos homicídios e os sentimentos dos personagens principais são muito mais o foco da narrativa do que seus poderes angelicais de Lúcifer.

Meu Deus! A frase que o personagem principal tanto odeia serve muito bem para defini-lo.

Durante o início do seriado, onde as coisas ainda precisavam se encaixar, o carisma do personagem e o quão bem o ator Tom Ellis conseguiu manter as coisas juntas, foi o que segurou a audiência. Claro que o personagem extremamente bem trabalhado também ajudou.

O senso de humor inteligente, a ingenuidade quanto algumas convenções sociais, a sinceridade sem fim do personagem que nunca mente, seu gosto por coisas "erradas" e sua confiança inabalável tornaram ele tão interessante para quem assiste, que fica impossível não se apaixonar pelo do anjo caído. Lúcifer realmente é carismático, charmosos e encantador do início ao fim do seriado!

Uma das coisas mais interessantes da série é o fato do personagem principal não mentir. Isso ajudo a trama a fluir sem aquele - já manjado - drama: mentir, esconder tudo, lidar com as consequências de não ter contado a verdade e eventualmente alguém descobrir. Tudo que ele fala sempre é verdade. E isso além de tornar as coisas engraçadas, também as tornam interessantes.

Uma personagem que aparece na segunda temporada – quem viu sabe– tem essa mesma premissa: apesar de manipuladora, dificilmente mentia. E isso foi muito bacana de ver. Ajudou a manter bem visível a motivação do personagem, sem rodeios.

Alguns personagens que começaram, muito provavelmente, apenas para fazer pano de fundo para o brilho de Lúcifer acabaram tomando um bom espaço na série e ganhando o interesse dos fãs bem depressa.

A Dra. Linda, psicóloga do Lúcifer é uma delas. Parece que, no início, ela só foi colocada ali apenas para que Lúcifer tivesse um espaço para debater seus sentimentos com ele mesmo. Mas a personagem foi crescendo de um jeito que, no final da segunda temporada, que sempre que ela aparece na tela fica interessante. E assim, nós aprendemos a nutrir um carinho grande por Linda.

E ela não é a única. O detetive Daniel Espinoza, a "prole" da detetive Chloe Decker, a pequena Trixie, a cientista forense que aparece a partir da segunda temporada, Ella Lopez, todos eles se desenvolvem bem e é ótimo quando aparecem. Conforme a série evolui, é tão bom conhecer um pouco mais sobre eles quanto de Lúcifer. Eles criam seu próprio brilho e zona de interesse com o decorrer dos episódios.

O que é a Mazikeen em cena?! Outra personagem que cresceu tanto que, mesmo que a série acabasse, não me surpreenderia se surgisse um spinoff apenas dela.

Começou como braço direito de Lúcifer, sua guarda costas, protetora e muito durona. Ela ainda continua com boa parte dessas características, mas tantas outras foram exploradas, dando profundidade e sentimento para a personagem que ficou impossível não a amar.

Sua inocência com o relacionamento humano, seu "talento" com crianças, sua lealdade com os amigos, o jeito durão de resolver as coisas, caras e bocas e o desenvolvimento de seus sentimentos "humanos" a tornaram uma grande personagem até o final da segunda temporada.

O senso de humor da série é maravilhoso. Se você acha que não pode rir com a cena de um cadáver estirado no chão, você está muito enganado. Você vai fazer isso... e muito!

Como toda série policial existem vários momentos de tensão, perseguições, armas apontadas para todo mundo, mas quase sempre esses momentos são quebrados por algum comentário engraçadinho de Lúcifer.

O humor não é forçado, não é barato. É inteligente e muito bem colocado nas cenas. O fato dele sempre falar a verdade, inclusive sobre sua natureza celestial - e ninguém o levar a sério - também dá um toque muito divertido.

Dá para dar umas boas gargalhadas assistindo Lúcifer.

Cada final de temporada vai explodir sua mente com a promessa da próxima ser ainda mais épica. Então se você ainda não começou a assistir Lúcifer agradeça a Deus - ou ao seu personagem favorito - que você tem duas temporadas inteiras para maratonar e a terceira já está pertinho de estrear.

A primeira season finale tem um ótimo gancho para te arrastar para a segunda temporada. Os episódios começam, novamente, um pouquinho devagar, mas logo voltam aos trilhos. Em momento nenhum, a segunda temporada fica chata ou monótona. Provavelmente se você chegou até ela, você já se apaixonou pela série e os episódios irão acabar muito antes do que você gostaria.

E quando finalmente você chegar na season finale da segunda temporada... Ah! As dúvidas...

E se a falta de grandes nomes é algo que te deixa preocupado sobre a qualidade da série, se acalme. Além dela ter sido confirmada para mais um ano, agora na terceira temporada, um nome de peso irá se juntar ao elenco fixo de Lúcifer.

O ator Tom Welling, que ficou conhecido por Smallville irá interpretar Marcus Pierce, um tenente da polícia. Pierce será quase um anti-Lucifer e incorporará tudo o que o protagonista não é – bem respeitado, estratégico e reservado. Ao mesmo tempo, ambos são carismáticos e bonitos, e como Pierce desenvolve uma conexão com Decker, a paciência de Lucifer será testada.

E aí, depois disso tudo, ficou animado a dar uma chance para a série?!