Assim como a HQ em que foi inspirada, a série é recheada de violência e faz questão de ser bem explícita.

Esteja preparado para cenas com gore extremo, que servem para ressaltar o quão nocivo pode ser o uso errôneo de superpoderes. Além disso, a produção sabe dosar essa violência para não parecer algo gratuito ou surreal demais.

Além de belas cenas de ação e uma narrativa empolgante, a trama é acompanhada por um catálogo de músicas que agrada os mais variados gostos, indo do Punk-Rock dos anos 80 à Spice Girls.

Além de deixar as cenas ainda melhores, a trilha também se comunica diretamente com a personalidade dos personagens, sendo praticamente um personagem da trama.

Por ser a primeira temporada de uma franquia que não era lá tão popular, os efeitos da série são impressionantes e não devem em nada para filmes de super-heróis com grandes orçamentos.

Sejam os efeitos que criam os poderes dos heróis, os figurinos ou qualquer outro momento que necessite do recurso, tudo parece bem realista e crível, mostrando que a Amazon não poupou despesas.

Embora Karl Urban seja o verdadeiro destaque da produção, todo o elenco se sai extremamente bem e conseguem passar realismo em suas atuações.

O roteiro ajuda bastante e todos se mostram extremamente confortáveis em seus papéis. Em pouco tempo, você consegue criar empatia por Hughie (Jack Quaid) e Luz-Estrela (Erin Moriarty), bem como odiar o Capitão Pátria (Antony Starr), mesmo que ele devesse ser o super-herói que inspira o mundo a ser melhor.

A equipe criativa por trás de The Boys talvez seja uma das mais importantes em uma produção desse tipo, afinal, a obra teve de passar por dois estúdios de cinema e uma emissora de TV antes de finalmente ganhar vida no Prime Video.

O trio Eric Kripke, Evan Goldberg e Seth Rogen sabia bem o que estava fazendo e criaram uma belíssima adaptação. Enquanto Kripke é conhecido por criar a série Supernatural e responsável por algumas das melhores temporadas da série, Rogen é um famoso comediante, além de ter adquirido experiência em adaptar quadrinhos na série Preacher. Goldberg é um colaborador de longa data de Rogen e já trabalhou em diversos projetos ao lado do ator.

Com Rogen na produção, somado à obra de Garth Ennis, que não tem medo de abordar temas fortes, é óbvio que a série seria recheada de muito humor ácido e ele funciona muito bem.

Além de dar leveza à algumas cenas, o humor também é usado para deturpar ainda mais a personalidade de alguns super-heróis, mostrando que eles são tão distópicos quanto parecem.

O grande diferencial de The Boys são as críticas que a série faz a diversos temas diferentes, relacionando-as com seus super-heróis.

Religião e militarismo não ficam de fora, bem como a recorrente questão do empoderamento feminino. Embora tudo se encaixe na proposta fantástica da série, é bem fácil perceber a que as críticas se referem e ligá-las com nosso cotidiano.

Como você já deve ter percebido, The Boys mostra um mundo onde os super-heróis são funcionários de uma empresa multibilionária e seus talentos são usados para a geração de lucro.

Além disso, a série também mostra os bastidores da vida de um super-herói e suas atitudes por trás das câmeras, revelando que eles são cheios de falhas como os demais seres humanos e que o fato deles terem superpoderes pode ser mais uma maldição do que uma bênção.

A primeira temporada da série está recheada de reviravoltas e revelações surpreendentes, que te deixarão de boca aberta, seja pelo absurdo da situação ou por sua importância para a trama.

Quem leu as HQs também terá algumas surpresas, afinal, a série tomou algumas liberdades narrativas que mudam algumas coisas, mas não se preocupe, ela ainda segue muitos conceitos do material original.

As plataformas de streaming trouxeram uma nova forma de se assistir séries: as maratonas. Com isso, as produções ficaram mais enxutas e com tramas que vão direto ao ponto, gerando temporadas mais curtas. Some isso ao fato de termos cada vez menos tempo e não termos mais tanta paciência para esperar episódios semanais como era antigamente.

The Boys condensa sua primeira temporada em oito episódios de cerca de uma hora e eles são o suficiente para apresentar a trama, os personagens, nos fazer criar empatia por eles e deixar um gancho para o futuro. Nenhum episódio parece maçante ou longo demais, tudo se encaixa muito bem.