Para alguns, esse é um fator irrisório. Contudo, para fãs mais antigos, isso é algo a se comemorar. Nos últimos anos, a Marvel tem confundido os fãs com diversas renumerações e séries novas para títulos frequentes. Não é à toa que só a revista principal dos Vingadores já teve três "primeiras edições" nos últimos cinco anos.

O Marvel Legacy pretende mudar isso. A ideia é contar todas as revistas já publicadas de um determinado título e incluir um número total, representando todas as edições da história de um grupo ou personagem. É ótimo para situar os leitores e também é um conforto para quem gosta de ver os títulos com a numeração original.

Enquanto os títulos clássicos voltam à sua numeração original, a editora continua trazendo novidades para sua linha de publicação, principalmente graças ao surgimento de novas minisséries, como Espíritos da Vingança e Falcão. De um lado, uma série fechada que deve trazer curtas ramificações para a editora e, do outro, um título mais longevo.

A ideia com esses planos é continuar trazendo novidades para as HQs da editora, por mais que a nova iniciativa tenha todo um plano de fundo a respeito do resgate do classicismo. Isso faz com que novos personagens - e até mesmo alguns que nunca tiveram a chance de brilhar - tenham a chance em seus próprios títulos e novas equipes, como é comum na Casa das Ideias.

Sente falta de Shang-Chi, o Mestre do Kung-Fu? E do Quarteto Futuro? Ou do Falcão de Aço? Pois fique aliviado, já que esses personagens vão voltar com tudo em novos one-shots. Esses títulos servirão para mostrar por onde andam esses personagens atualmente, enquanto os trazem para mais perto do contexto geral do Marvel Legacy.

A ideia é muito boa, especialmente considerando que alguns personagens possuem uma legião fervorosa de fãs, apesar de não serem grandes sucessos nas vendas. A iniciativa não apenas resgatará os leitores antigos, como também dará aos novos a possibilidade de conhecer personagens clássicos da editora.

Nos últimos anos, a Marvel tem sofrido uma grande perda de criadores icônicos. Jonathan Hickman, Ed Brubaker, Bryan Hitch, Jeff Lemire e outros são alguns dos que voltaram para a DC Comics ou migraram de vez para os cenários independentes da Image e de outras editoras menores. E a Marvel Legacy pretende aumentar as fileiras da Casa das Ideias.

Diversos novos criadores estão entrando para a editora, incluindo Rainbow Rowell, Max Bemis, Jacen Burrows e Ed Brisson, todos com trabalhos renomados. Além disso, destaque para as novas equipes criativas de revistas consagradas - um exemplo muito bom disso é o novo título do Capitão América, que será co-criado por Mark Waid e Chris Samnee.

Por essa, muitos ansiavam há anos. Quem é leitor frequente da editora já sabe que a Marvel tem lançado mais de duas mega-sagas por anos, cansando os leitores de uma forma exaustiva. Porém, com o fim de Império Secreto, a editora vai dar uma pausa nessa mania frequente... ao menos por alguns meses.

Só a ideia de não termos um novo "evento catastrófico, que mudará tudo pela frente", já é o suficiente para nos animarmos bastante com o Marvel Legacy. É um momento de respirar e aproveitar as histórias individuais dos personagens, sem nos preocuparmos com outra saga grande envolvendo diversos títulos - e diminuindo sua qualidade.

Sempre que a editora anuncia uma iniciativa do tipo, são criadas novas histórias que interferem na mitologia do Universo Marvel como um todo e dessa vez não será diferente. Agora, como parte do Marvel Legacy, a editora pretende desbravar novas ramificações muito interessantes, a começar pelos Vingadores pré-históricos.

Será interessante ver um grupo de heróis milenares, dentre os quais vemos Odin, Fênix, Agamotto, Pantera Negra e Estigma, em versões muito diferentes. E além disso, conheceremos novos personagens intrigantes, como a Viajante, que deve ser parte de um grande plano da editora para um futuro não muito distante.

Planeta Hulk, A Morte do Capitão Marvel, A Saga de Mojo... todas essas histórias estão eternizadas nas décadas de publicação da Casa das Ideias. E para comemorar a iniciativa Legacy, a Marvel vai criar maneiras interessantes de trazê-las para a atualidade, resgatando momentos icônicos de formas inovadoras.

Os títulos da editora passarão por um grande resgate histórico, homenageando essas histórias não apenas em novas tramas, como também nas capas de revistas ligadas à iniciativa editorial, que serão inspiradas em diversas capas históricas da editora. Essas capas virão em um formato lenticular incrível, trazendo a arte original e as releituras atuais.

Quem tem lido as histórias nos últimos anos tem notado uma grande distorção do status quo de alguns personagens. O maior exemplo disso é o Capitão América, que foi desfigurado como vilão em Império Secreto. Agora, o Steve Rogers clássico está de volta e a Marvel Legacy é a chance de torná-lo adorado novamente.

Essa iniciativa é uma tentativa de redimir personagens que passaram por essas fases sombrias, mas também é uma redenção da própria editora, que perdeu leitores e tem arcado com as consequências em vendas baixas nos últimos anos. É uma chance de mostrar aos diversos tipos de fãs que os editores estão atentos às reclamações e farão de tudo para atender aos desejos de todos.

É compreensível que os leitores mais antigos tenham ficado um pouco às margens na editora nos últimos anos. Recentemente, a Marvel passou por uma revitalização muito repentina, abrindo as portas para novos personagens e um novo status quo que assustou quem conhecia a editora em seus anos mais apogéticos.

Entretanto, a ideia é resgatar alguns personagens consagrados que não davam as caras há algum tempo. A Jean Grey original retornará dos mortos e outros heróis como o Homem de Ferro e o Quarteto Fantástico se preparam para retornos triunfais. E ao mesmo tempo, isso não significa que a nova geração será esquecida...

E por mais que a ideia seja trazer personagens clássicos de volta, os editores e roteiristas já estão deixando algo bem claro: os personagens mais novos ainda terão espaço nesse universo - o que é um grande alívio, pois mostra que a Marvel não pretende estagnar no tempo e viver apenas do seu passado, e criações mais recentes não serão ignoradas.

Isso nos permite experimentar novas histórias, misturando clássico e contemporâneo. Será fantástico ver Riri Williams lutando ao lado de Tony Stark, ao mesmo tempo em que Miles Morales e Peter Parker continuarão atuando ao mesmo tempo, sem um excluir a popularidade e o arco do outro.