É inegável que Devilman Crybaby tenha ótimos personagens. O melhor de tudo é que o núcleo principal é pequeno, o que é espaço o suficiente para que a produção trate bem de todos eles.

É verdade, porém, que nenhum deles é profundo o suficiente, mas eles funcionam como representações de conceitos da humanidade, da sociedade moderna. O atleta insuperável, o introvertido que se transforma, o deslocado e por aí vai.

Todos têm o carisma alto, principalmente, o trio central formado por Miki, Akira e Ryo. Vale a pena seguir a obra para descobrir seus destino.

Se há uma coisa que Devilman Crybaby não tem medo é representar violência de forma bem visual, ainda que estilizada.

A violência no anime é quase um personagem adicional, pois ela não é gratuita. Há justificativas e os pontos todos se ligam ao final. Sem falar que servem também de motivação para episódios inteiros, em alguns casos.

Por sinal, este tipo de abordagem passa um misto de repulsa e apreciação, e por isso Devilman Crybaby não é um anime indicado para todos.

E por falar em não ser um anime indicado para todos e também em temas fortes, Devilman Crybaby é uma série que trata de quase todos os assuntos mais maduros, nos tempos atuais, de forma bem veemente.

Um dos principais temas presentes é o sexo e a líbido incontrolável de alguns personagens. As cenas são fortes e totalmente incomuns em relação ao que vemos em outros animes – mesmo nas produções que são mais voltadas para o público adulto. Novamente, assim como a violência, nada é gratuito.

Outros assuntos relevantes trazidos ao debate do anime são xenofobia, preconceito e corrupção.

Se você gosta de Neon Genesis Evangelion, vai descobrir que a obra bebeu muito de Devilman Crybaby. E não apenas ela.

A obra original de Go Nagai foi a responsável por criar inúmeros conceitos, que são comuns nos animes atuais. Um deles é a concepção de “protagonistas esquentadinhos”, que vemos tanto por aí hoje em dia.

Outras ideias que nasceram aqui foi relação de animes com o horror e cenas especialmente inseridas para passagem de tempo.

Devilman Crybaby te reserva surpresas até o último segundo, do último episódio. O anime é repleto de boas reviravoltas, algumas inclusive revoltantes – no bom sentido da coisa.

É de fazer M. Night Shyamalan sentir inveja.

Esta versão moderna de Devilman Crybaby inseriu um bom elemento que não havia na obra original: um grupo de jovens que canta rap enquanto a história é explicada.

Ouvir o rap em japonês é bem interessante ao notar como as rimas são construídas. E eles são sempre muito criativos, com inserções pontuais em momentos dos episódios. É um dos charmes desta adaptação.

Para os amantes do gênero musical, inclusive, será um deleite.

Ok, você pode achar o visual um pouco feio, de início, mas faz parte da ideia do anime, em mostrar uma beleza que pode ser encontrada em locais improváveis.

Devilman Crybaby tem ótimo design de personagens e uma animação que melhora a cada episódio. Se você conseguir vencer a barreira do primeiro capítulo – que realmente tem uma arte bem diferenciada – conseguirá ver o resto e apreciar um visual muito pouco comum em animes recentes.

O nome do culpado! Responsável por esta adaptação de Devilman Crybaby, o diretor Masaaki Yuasa já é renomado por animes mais recentes, como Space Dandy, Lu Over the Wall e Ping Pong The Animation.

Sem falar que ele dirigiu alguns episódios de Hora de Aventura e foi o responsável pela abertura de Tiger Mask. É um diretor em ascensão e com visual bem específico, quase experimental, para suas obras. Um nome que vale a pena acompanhar.

Depois de todos estes motivos, o mais importante é: Devilman Crybaby não vai tomar muito o seu tempo. Além de ser uma obra com diversas qualidades, o anime é bem curtinho.

São só 10 episódios, com cerca de 20 e poucos minutos cada um – como geralmente são os animes de temporada.