Dramédia é um gênero complicado: é preciso balancear a tragédia do drama com a leveza do humor, algo que muitas produções do gênero não entendem. Não é o caso de Atypical: a série aborda cenários familiares disfuncionais e problemas sérios de maneira contundente, arranjando espaço para um humor orgânico que diverte a audiência sem ser necessariamente forçado.

Autismo, dramas familiares complexos e questões individualistas, Atypical tem algo a dizer sobre esses diversos assuntos que podem parecer complicados, mas o faz com uma grande honestidade, contrapondo a leveza: se em alguns momentos a série pode parecer doce e serena, em outros ela não se regula ao mostrar a realidade das situações que retrata.

Um dos principais pontos de Atypical é a maneira como lida com o autismo, através de seu protagonista Sam. Diversos momentos hilários podem sair daí em momentos que Sam não está sendo engraçado de propósito.

Além disso, as crises do personagem são retratadas de maneira intensa, com a série abordando também diversas características do espectro autista sem alienar sua audiência.

Resumidamente, se você quiser saber mais sobre autismo, Atypical é um bom lugar para se começar.

Sam é a peça central de Atypical, que retrata como o autismo infere na vida do personagem, assim como na daqueles ao seu redor.

Uma das tramas da série é sobre a busca de Sam por seu grande amor, e é aí que entra uma abordagem interessante: o personagem está obstinado em encontrar uma parceira, o que faz ele passar por diversas situações que contribuem para a desmistificação do amor, que para ele não precisa ser necessariamente algo perfeito.

As atuações na série são incríveis, desde Keir Gilchrist que rouba o show como o protagonista Sam, até Brigette Lundy-Paine que interpreta a irmã de Sam.

Destaque para a consagrada atriz Jennifer Jason Leigh (Os Oito Odiados, Aniquilação, Glória Feita de Sangue), que interpreta Elsa, a mãe de Sam e Casey.

A alma de Atypical está nos personagens que povoam a série, desde Sam, até sua irmã Casey e sua namorada, Julia, é impossível não assistir a série sem criar um favoritismo por algum personagem.

Demonstrando a característica autista como alguém que convive com a condição de criar um interesse obsessivo por algo, Sam nutre um interesse ávido pela Antártida, o que gera diversas cenas temáticas interessantes que se aproveitam dessa questão, inclusive uma recorrência de pinguins e, convenhamos, quem não gosta de pinguins?

A trilha sonora de Atypical conta com diversas canções de artistas incríveis, desde Yeah Yeah Yeahs, passando pelo rock alternativo do Alt-J até o rap de LL Cool J. Além das músicas autorais presentes na série, a trilha-sonora original não decepciona, sendo de autoria do premiado compositor Dan Romer.

São apenas 8 episódios com cerca de meia hora, vamos lá,acompanhar Atypicial não vai atrasar seu cronograma de séries, muito pelo contrário, dá pra encaixar a série ali tranquilamente.

A primeira temporada de Atypical já conquistou fãs o suficiente para a Netflix seguir em frente com a segunda, que deverá ser liberada no serviço de streaming, contando desta vez com 10 episódios, com previsão de estreia para setembro deste ano.