Apesar de serem bem coadjuvantes à trama central, os fantasmas que habitam a propriedade de Hogwarts têm momentos importantes que foram deixados de fora dos filmes. Um exemplo claro é a festa de aniversário da morte de Nick-Quase-Sem-Cabeça, que ocorre em Harry Potter e a Câmara Secreta. Além disso, podemos lembrar toda a trama envolvendo a Murta-Que-Geme e Draco Malfoy em Harry Potter e o Enigma do Príncipe.

Além disso, uma ausência sentida foi Pirraça. Mais que um fantasma comum, Pirraça é um poltergeist que sempre teve papeis fortes nos livros, especialmente durante os primeiros anos de Harry em Hogwarts. Uma cena com ele chegou a ser gravada para Harry Potter e a Pedra Filosofal, mas não foi para o corte final do filme.

Ninfadora Tonks e Remo Lupin formam um dos casais com a história mais emocionante da saga, e de certa forma, sua história foi deixada de lado. Verdade seja dita, apenas breves detalhes indicam a existência do relacionamento nos cinemas, e funcionam mais como referências para os fãs dos livros.

Alguns momentos especiais ficaram de fora, como por exemplo Tonks encontrando Harry no vagão de trem depois dele ter sido petrificado por Malfoy em O Enigma do Príncipe (nos filmes, quem o encontra é Luna), a explicação por trás da sua mudança de Patrono, a rixa entre Lupin e Greyback, e principalmente, o filho dos dois, Teddy Lupin, do qual Harry é padrinho.

Qualquer fã da série sente uma profunda decepção ao relembrar a forma como o casal Harry e Gina foi tratado nos cinemas. Chegou a um ponto tão excruciante que seus momentos eram vistos como piegas e todos preferiam Rony e Hermione ao casal onde estava o protagonista da série.

Talvez, a maior decepção seja o primeiro beijo dos dois. Nos livros, ele acontece no meio da Sala Comunal da Grifinória, depois que a casa ganhara uma partida de Quadribol decisiva. Nos filmes, ficou restrito a um selinho na Sala Precisa. Outro ponto mal explorado foi a breve desconfiança de Rony no relacionamento.

Uma questão que ficou um tanto de fora dos quatro últimos filmes da série é a subtrama política causada pelo retorno de Lord Voldemort e como a mídia e o Ministério da Magia tentavam, por descrença ou negação, abafar o caso a qualquer custo. E isso teve repercussões reais dentro das famílias bruxas, que se separaram completamente.

O maior caso, e que foi deixado de fora dos filmes, foi a separação entre os Weasley e Percy, o terceiro filho da família. Obcecado com a chance de ter sucesso no mundo político, Percy abraça a causa do Ministério e dá as costas para sua família, que apoia Harry e Dumbledore. Em A Ordem da Fênix, isso rende ótimos momentos, que por algum motivo foram deixados de fora da adaptação.

Dumbledore é o bruxo mais fascinante de toda a série de livros. Agindo como o principal mentor de Harry Potter, ele tem uma história triste e impressionante, que foi mutilada ao ser transposta para os cinemas. Para início de conversa, não temos a cena onde Harry explode com ele em A Ordem da Fênix, que é um momento essencial da saga.

Depois, em As Relíquias da Morte, aprendemos mais a respeito do passado do ex-diretor de Hogwarts, o que não acontece nos filmes. Poderíamos ter visto muitas coisas, como a história de sua irmã, a rivalidade com seu irmão, os indícios de racismo bruxo e a relação com Grindelwald, que é um ponto de virada na vida de Dumbledore.

No quarto livro da série, Harry Potter e o Cálice de Fogo, somos apresentados a uma série de questões sociais metaforizadas pelos Elfos Domésticos de Hogwarts. Contudo, isso é completamente desprezado no filme.

Para início de conversa, temos a história de Winky, uma elfo doméstica que servia à família Crouch e tinha problemas similares ao alcoolismo. Nisso, entra Dobby, que surge para ajudá-la e também tem um papel essencial no quinto livro, quando conta a Harry da existência da Sala Precisa. Voltando ao Cálice de Fogo, ainda temos Hermione à frente de um movimento social, fundando o F.A.L.E., o Fundo de Apoio à Libertação dos Elfos.

Se você tem um conhecimento limitado aos filmes da franquia, provavelmente não deve saber muito bem o que é um animago. Explicação rápida: Animagos são bruxos registrados no Ministério com a capacidade de se transformar em animais. Exemplos relembrados disso são a Prof. McGonnagall e Sirius Black (que junto dos marotos, não é registrado).

Nos livros, no entanto, o pano de fundo da questão dos animagos é explorada de forma muito mais consistente. Temos toda a história dos Marotos, que decidiram se tornar animagos para ajudar o amigo Lupin, que se transformava em lobisomem. Além disso, temos o segredo de Rita Skeeter, que era um animago não-registrado.

Uma cena que faz falta em Harry Potter e o Enigma do Príncipe é essencial para explicar toda a relação entre o mundo dos bruxos e o mundo dos trouxas. Trata-se da abertura do livro, onde o Ministro da Magia começa a visitar o Primeiro-Ministro do Reino Unido, e somos apresentados a vários cortes de tempo onde vemos a relação política entre os dois.

Apesar de Harry Potter ser uma fantasia, as questões políticas da série são pequenos pedaços de brilhantismo criado por J.K. Rowling, e servem para traçar paralelos com o nosso mundo. Toda a tomada de poder por parte dos Bruxos das Trevas no Ministério da Magia é deixada em segundo plano nos filmes, quando, nos livros, é parte da trama principal.

É muito interessante notar como, nos três últimos livros da franquia, Neville cresce aos olhos do público e passa a ter uma importância maior do que suspeitávamos quando conhecemos o menino bobalhão e com problemas de memória.

Em A Ordem da Fênix, somos apresentados à história dos pais de Neville, o que leva a momentos fenomenais no Hospital St. Mungus, que foram completamente cortados do filme. Além disso, temos toda a ideia por trás da ambiguidade da profecia, que pode indicar que Neville é o eleito, em vez de Harry.

Harry Potter e o Enigma do Príncipe é, possivelmente, o melhor livro da franquia na mente dos fãs. Contudo, sua adaptação cinematográfica, embora muito elogiada pelos críticos, é desprezada pela parcela fiel de leitores, principalmente pela forma como é tratada a história do maior vilão do mundo bruxo: Tom Riddle, ou Lord Voldemort.

No livro, somos apresentados a diversos momentos importantes do passado de Tom Riddle, desde antes de seu nascimento até depois que ele ascende ao papel de Voldemort. Temos histórias de sua mãe, de seus colegas de orfanato, e até mesmo momentos após sua passagem por Hogwarts, e isso tudo é esquecido nos cinemas, de forma que não conseguimos compreender o vilão tão bem quanto nos livros.