Uma coisa que muitos fãs já cansaram de dizer em alto e bom som para os estúdios, diretores e roteiristas é que se manter dentro do material original é algo que os agrada.

Por outro lado, uma história que foi contada em um quadrinho raramente consegue ser contada da mesma maneira em um filme de 2 horas. Então algumas adaptações são necessárias para que, até mesmo o público mais leigo dos quadrinhos, consiga entender o que está acontecendo.

O problema é que alguns roteiristas e diretores exageram demais na adaptação e, ao tentar mostrar uma visão dele daquela história, acaba praticamente destruindo conceitos concretos.

Um problema que tem sido muito recorrente, neste ano, é uma edição mal feita. Vamos pegar, por exemplo, Esquadrão Suicida. independente de qual seja sua opinião sobre o filme, é uma certeza que a edição pecou e nos apresentou um filme com a aparência de "picotado", fazendo com que diversas partes estivessem confusas. Hoje, nós sabemos que algumas cenas foram deletadas e, inclusive, teremos uma versão estendida dele.

Isso não se aplica apenas ao Esquadrão Suicida. Se buscar na memória, você verá que existem outros filmes que também foram vítimas de edições mal-feitas.

Em paralelo à edição mal-feita, temos um roteiro problemático, pois essa também é uma dificuldade ao fazer uma história tão cheia de detalhes caber em cerca de 2 horas. Isso funciona, perfeitamente, em filmes com tramas simples e rasas. Mas existem enredos que precisam de muita informação a ser passada e, por conta da falta de tempo, a história fica completamente corrida, o que dificulta para o espectador acompanhar e aproveitar a trama.

Um boa história de heróis geralmente tem parte da sua qualidade atrelada a um bom vilão. Atualmente, estamos passando por um momento onde encontrar um bom vilão está cada vez mais raro. George R. R. Martin, uma vez, disse que a Marvel Studios sofre com o problema do Doppelganger (o problema da cópia), onde os vilões da Marvel Studios eram nada mais do que versões malígnas dos heróis que estavam no título. Por exemplo: em Homem-Formiga, o vilão era o Jaqueta Amarela, deu pra pegar o padrão, não é?

Não somente isso: os filmes também têm sofrido com a falta de qualidade dos vilões de quadrinhos no cinema. Só pare e pense, depois de Loki, cite um grande vilão que apareceu nos filmes de super heróis.

Esse é um problema que, felizmente, vem sendo solucionado com o tempo. Mas até pouco tempo atrás, toda vez que um filme de quadrinhos era anunciado, a gente já ficava curioso pra saber como seria o visual do personagem. E muito dessa curiosidade se devia ao medo de estragarem esse visual, pois os trajes ou eram completamente diferentes do material original, ou era parecidos mas feitos de maneira ridícula.

Mas como eu disse, esse tem sido um problema menos frequente. Veja por exemplo, Deadpool, os filmes dos X-Men tentando se aproximar mais dos trajes clássicos, o Pantera Negra, o traje do Batman de Ben Affleck e por aí vai.

Também temos nossa parcela de culpa nisso. Cada vez que um filme excelente sai, já projetamos que o próximo precisa superar o anterior, causando uma cadeia infinita de expectativa, até que chega num ponto onde é praticamente impossível alcançar essa projeção feita por nós. Muitos filmes que foram criticados pelos fãs, após Vingadores, poderiam muito bem ter sido aclamados se tivessem sido feitos antes.

Quando nós jogamos a nossa expectativa lá no alto com algum filme, se ele for excelente, o máximo que irá acontecer é você sair do cinema com a sensação de "expectativa alcançada". Dificilmente, vai conseguir sair surpreso do cinema.

Esse tem sido provavelmente o mal desses últimos dois anos. É difícil pensar que os estúdios realmente achem que, se eles não lançarem uma imensidão de trailers com cenas cruciais para o filme, a bilheteria será ruim.

E, por conta disso, tivemos alguns exemplos de filmes que, basicamente, não obtiveram sucesso por conta de terem "estragado" algumas surpresas com o material de marketing. Por exemplo: A luta de Hulk contra a Hulkbuster em "Era de Ultron", Apocalipse em "Batman vs Superman", entre outros exemplos.

Pode parecer que não, mas a grande maioria dos filmes de heróis (com exceção das continuações) está seguindo uma fórmula mágica do sucesso. Você pode dizer que, praticamente todos os filmes, estão seguindo o arquétipo da Jornada do Herói. Não acredita? Então me diga quantos filmes de heróis você viu que se encaixam nessas etapas:

• Herói tem problemas
• Herói gosta da garota
• Descobre seus poderes/habilidades
• Surge uma ameaça genérica
• Herói enfrenta a ameaça e é derrotado
• Herói enfrenta a ameaça de novo, ganha e conquista a garota.

Eu sei que, neste exato momento, você pensou na Warner e em seus diversos pitacos e cortes nos recentes filmes da DC Comics, mas não se iluda achando que a Marvel se isenta deste pecado. Para que todos os filmes da Marvel Studios tenham esse clima parecido, dentro de um universo compartilhado, a Disney/Marvel/Kevin Feige precisam interferir bastante limitando a criatividade da equipe seja para bem ou para mal.

Mas a questão é: os estúdios estão apostando muito nos filmes de heróis ultimamente e isso faz com que eles tenham medo de "arriscar". Por isso, os altos executivos tendem a manobrar o resultado final dos filmes para que eles sejam mais rentáveis. E, quer você goste ou não, o objetivo deles tem se cumprido.

É legal ter filmes de heróis? É! Também é legal que eles estejam tanto em foco ultimamente? Também! A gente gosta que tenha mais de 2 filmes de quadrinhos por ano? Claro! Mas será que não estamos caminhando para um futuro breve onde existam tantos filmes de quadrinhos estreando no cinema que a gente comece a ficar anestesiado e saturado do gênero?