O início da história já é impactante e agoniante. A Crise, em seu contexto geral, é bem fácil de entender. O Anti-Monitor, contraparte do universo de Anti-Matéria do Monitor, encarnação do Multiverso, acorda de um longo sono e quer dominar toda a criação, além de se alimentar da destruição, apagando todo o Multiverso.

Assim, a história, logo de cara, apresenta vários universos sendo engolidos por uma massa branca, quase que como se estivessem realmente sendo apagados das páginas por uma borracha, tudo assistido pelo Pária, o responsável pelo despertar do Anti-Monitor.

Outra parte importante, que deixou muita gente confusa, até que todo seu contexto foi mostrado, são as aparições do Flash – nessa época, ainda Barry Allen – para alguns personagens durante as primeiras edições.

Em uma espécie de visão, o Flash apareceu para alguns heróis, incluindo o Batman, para alertar sobre um grande perigo no futuro. A cena foi referenciada em Batman vs Superman, quando o Velocista Escarlate aparece em um dos sonhos de Bruce Wayne.

Depois de reunir um time gigantesco de super-heróis para tentar parar o avanço da anti-matéria, o Monitor, encarnação do Multiverso, é morto por sua assistente, Precursora, que estava sendo controlada pelo Anti-Monitor.

O momento é um dos pontos de desespero da história e seria o fim, se o Monitor não tivesse previsto o ataque. Contrariando as expectativas de sua contraparte, o personagem já havia antecipado o ataque e transformou seu corpo em uma espécie de condutor para a conclusão de seu plano. Parece que o jogo virou, não é mesmo?

O desespero é parte da Crise e, um dos momentos mais marcantes desse sentimento acontece no primeiro ataque direto dos heróis ao Anti-Monitor. Na luta, a Doutora Luz, o Superman e a Supergirl tentam parar o vilão e quase são mortos. Depois de um ataque quase fatal ao Superman, a Supergirl parte para cima do vilão, mesmo sabendo que não poderia segurá-lo, para salvar seu primo.

Destruindo parte da armadura do Anti-Monitor, a heroína é morta, rendendo a clássica cena do Superman carregando seu corpo. Ainda, essa foi uma tentativa da editora de eliminar outros Kriptonianos e manter o Homem de Aço como o único sobrevivente do planeta nas histórias futuras.

Não somente a Supergirl, mas o Flash, em sua versão como Barry Allen, não sobreviveu à Crise. Sequestrado um pouco antes na história, o Flash foi levado para o satélite onde o Anti-Monitor estava construindo um canhão de anti-matéria com a ajuda de vários escravos. Em certo momento, o Velocista escapa ao controle do vilão, vira toda a tripulação do satélite contra ele, com o auxílio do Pirata Psíquico e, com sua velocidade, tenta destruir o canhão.

É aqui que as visões são explicadas, quando o Flash corre tão rápido que começa meio que voltar no tempo, criando as visões para os outros heróis. Enfim, o Velocista Escarlate consegue destruir o canhão, sacrificando sua vida, quando, por conta da velocidade, seu corpo se desintegra.

Tudo parecia bem, depois da destruição do satélite do Anti-Monitor e do canhão de anti-matéria, até que o Espectro aparece na Terra avisando os heróis – e vilões – que o Anti-Monitor continuava vivo e foi até o começo dos tempos, antes do Big Bang, tentar mudar a história.

Mais uma reviravolta, que leva os heróis até a Aurora dos Tempos para tentar destruir o vilão. Isso marca o fim do multiverso, um resultado da batalha. Aqui também surge o Superboy-Prime que, bom, nesse momento ainda fazia parte dos mocinhos. Apenas uma Terra resta.

Tudo parecia bem novamente, mas não estava. O Anti-Monitor continuava vivo e, enfim, leva a Terra para o Universo de anti-matéria, onde poderia terminar seu trabalho. O vilão surge nos céus e envolve a Terra em escuridão. Mais alguns pontinhos para o desespero.

E como se a contagem de mortes de personagens icônicos não tivesse atingido seu ápice com o Flash, na última luta entre os heróis e o Anti-Monitor, o vilão atinge a Mulher-Maravilha com um raio e Diana também acaba morta. Mas na verdade, não exatamente.

Essa passagem é confusa, quando a Mulher-Maravilha também é resetada, ganha uma nova origem pós-Crise. O que fica é que, na verdade, Diana involuiu – ou foi um erro de roteiro. Ainda assim, a morte da Mulher-Maravilha é um dos pontos mais chocantes no fim da história.

Enfim, o final da batalha chega quando o grande demônio que vem dos céus, o líder de Apokolips, Darkseid, surge e resolve por fim nessa brincadeira toda. Dito pelo Brainiac como a única solução para o problema Anti-Monitor, o Darkseid usa os olhos de Alexander Luthor Jr. como condutor para seus raios ômega, que atingem o Anti-Monitor e o deixa vulnerável para a finalização do Superman.

Com a Terra salva no Universo regular e o Superman da Terra-2, Alex Luthor Jr. e o Superboy-Prime presos no Universo Anti-matéria, enfim a Crise se encerra. O Universo Anti-Matéria começa se auto-destruir e então Luthor revela que seu corpo, um fruto da destruição pela anti-matéria da Terra-3, é um portal para outra dimensão, onde a Lois Lane da Terra-2 estava escondida. Os três personagens vão para o tal universo, chamado depois de “Dimensão Paraíso” e a história se encerra.

Bom, pelo menos até a Crise Infinita.