Lançado em 2011, Thor foi o primeiro filme do MCU a explorar toda a ideia de mitologias divinas na franquia, através de Asgard e do panteão nórdico. Porém, o filme apresenta um furo muito evidente na forma em que Thor conta para Jane Foster que aquela é sua primeira vez na Terra, e que nunca tinha estado no planeta anteriormente.

Isso não faz sentido nem dentro da lógica do próprio longa, uma vez que é dito que os habitantes de Asgard costumavam vir à Terra em tempos antigos, e foi assim que eles foram adorados pelos vikings como deuses. Se Thor só foi parar na Terra no meio do Século XXI, como ele poderia ser conhecido por tantos fiéis entre o povo nórdico?

Thanos foi a primeira "grande" ameaça do Universo Cinematográfico da Marvel, sendo o principal antagonista de toda a Saga do Infinito. No entanto, sua primeira aparição se deu em 2012, em uma cena pós-créditos de Os Vingadores, onde descobrimos que ele estava por trás de todos os planos de Loki e a invasão dos Chitauri.

O que não faz sentido nessa equação toda é que, desde o começo, Thanos se mostrou interessado nas Joias do Infinito, tanto que seu plano envolvia o resgate da Joia do Espaço, preso no Tesseract. Sabendo que Loki era um mentiroso e traidor, por que diabos ele daria a Joia da Mente nas mãos do Deus da Trapaça, mesmo que fosse para conquistar outra joia?

Em Capitão América: O Soldado Invernal, descobrimos que a HIDRA estava infiltrada na S.H.I.E.L.D. há décadas. A organização terrorista havia concebido um plano para eliminar todas as ameaças ao seu regime, e isso se daria através da exterminação completa de seus inimigos através de diversos mísseis lançados por três aeroporta-aviões.

Contudo, quando Jasper Sitwell fala sobre as "ameaças" da HIDRA, ele cita o nome de Stephen Strange. Levando em conta que o filme se passa em 2014 e, naquela época, Strange era um mero cirurgião e não o Mestre das Artes Místicas, como viemos a conhecê-lo posteriormente, que ameaça ele poderia representar para a HIDRA a ponto de ser aniquilado?

Os Guardiões da Galáxia do Universo Cinematográfico da Marvel foram os responsáveis por revitalizar a equipe e transformá-la em um grupo cômico, bem diferente de suas contrapartes dos quadrinhos. Em alguns casos, como o Groot, isso funcionou bem - mas outros, nem tanto. Aqui entra Drax, o Destruidor, que virou um mero pateta ao lado de outros heróis.

O humor de Drax se baseia no fato de que ele sempre é literal demais, e nunca compreende ironia ou sarcasmo. No entanto, essa "literalidade" surge apenas quando é conveniente, já que Drax vez usa algumas expressões de linguagem, como quando diz que a equipe deve se importar ("give a shit", que em uma tradução literal significa "dar uma merda").

A Manopla do Infinito é uma parte importante do plano de Thanos - um artefato capaz de canalizar o poder das Joias do Infinito sem causar dano ao seu usuário. E pelo que nós descobrimos em Vingadores: Guerra Infinita, o Titã Louco teria obrigado os anões de Nidavellir a construir um protótipo da manopla pouco antes dos eventos do filme.

Porém, há um furo aí. Em Thor (2011), podemos ver uma manopla na sala de troféus de Odin, com todas as seis Joias incrustadas. A diferença desse furo de roteiro é que a Marvel foi capaz de corrigi-lo com uma breve piada em Thor: Ragnarok (2017), no qual Hela diz que o item na sala de Odin é uma réplica falsa, e não a manopla verdadeira.

Guardiões da Galáxia Vol. 2 foi o responsável por apresentar ao mundo Ego, o Planeta Vivo - o pai de Peter Quill, que tem planos macabros para o filho, já que pretende roubar a energia vital dele e usá-la para poder "germinar" suas próprias sementes, que deixou nos planetas em que visitou ao longo de muitos anos, onde fez vários filhos.

O grande problema é que Ego se autodenomina como um Celestial, um dos deuses cósmicos da Marvel. Contudo, como já vimos em Eternos, os Celestiais são bem diferentes de Ego, com corpos gigantescos. Além disso, eles precisam "cultivar" e proteger os planetas por onde passam, para que possam servir de incubadora para que um novo Celestial possa nascer.

Talvez, o furo de roteiro mais evidente de todo o Universo Cinematográfico da Marvel esteja em Homem-Aranha: De Volta ao Lar, onde após um flashback ambientado em 2012, durante os eventos de Os Vingadores, temos um card mostrando que o filme se passa 8 anos depois, em 2020. Porém, isso não tem a menor lógica na cronologia da saga.

A primeira contradição se dá quando pensamos que De Volta ao Lar se passa seis meses após Capitão América: Guerra Civil, que é ambientado em 2016. Além disso, 2020 já faz parte do período em que metade da população do universo foi aniquilada por Thanos - o que inclui o próprio Homem-Aranha.

O Guardião Vermelho é um dos personagens mais intrigantes introduzidos no filme solo da Viúva Negra, já que é o equivalente do Capitão América para a União Soviética. Contudo, o herói tem sérios problemas de memória, ou então é um mentiroso nato, vide uma de suas falas no filme, onde diz ter enfrentado Steve Rogers na década de 80.

Rogers ficou preso no gelo da década de 40 até 2011, então não há como ter enfrentado Alexi Shostakov nessa época. Contudo, no próprio filme isso é contestado por Ursa Major, que é atacado pelo Guardião. Há também a possibilidade de que Alexei tenha encontrado Steve quando o Sentinela da Liberdade viajava pelo passado devolvendo as Joias do Infinito.

Quando os Vingadores se reuniram pela primeira vez, em 2012, a equipe veio com a promessa de se unir para enfrentar "ameaças que eles não podem encarar sozinhos". E desde então, eles quebraram esse juramento bem mais de uma vez, já que em várias ocasiões, todos podiam ter se unido para lutar contra perigos que colocaram em risco a vida uns dos outros.

Tudo bem que cada um precisa ter sua própria franquia e não dá para fazer de todo filme um show de participações especiais, mas é meio curioso notar obras como Homem de Ferro 3, Thor: O Mundo Sombrio, Doutor Estranho no Multiverso da Loucura, Eternos e incontáveis outras, onde temos heróis isolados enfrentando ameaças perigosas até demais.

E para piorar, se analisarmos com cautela a cronologia do MCU, é possível notar que nem todos os heróis estavam ocupados durante os eventos desses filmes - e muitos outros. Esse, aliás, é um dos problemas de se ter uma saga compartilhada: você precisa propor explicações razoáveis para a ausência dos heróis, caso contrário só parece que eles não se importam muito com nada.

Viagem no tempo é um dos conceitos mais complexos e delicados da ficção científica, sobretudo porque cada história inventa suas próprias regras sobre o assunto. Porém, o Universo Cinematográfico da Marvel se deparou com um grande problema ao não seguir as próprias regras estabelecidas em seu cânone.

Em Vingadores: Ultimato, é dito que os Vingadores acabam criando linhas temporais paralelas quando roubam as Joias do Infinito, e quando as devolvem aos seus respectivos períodos temporais, essas linhas se fecham. No entanto, ainda há pelo menos um universo perdido onde Thanos e os seus discípulos simplesmente "foram dar uma volta" e nunca mais voltaram.

Isso não seria um problema se, em 2021, Loki não tivesse apresentado a Agência de Variação Temporal, organização responsável pela supervisão e manutenção da "Linha Temporal Sagrada", um único universo que, se partido em diferentes variações, daria início ao Multiverso. Assim, ou o AVT só não se importa com as ações dos Vingadores ou temos um furo aqui.