Vingadores: Era de Ultron teve um dos inícios mais marcantes de um filme de super-heróis. A cena dos heróis invadindo a base de HYDRA em Sokóvia é uma tradução das chamadas splash pages dos quadrinhos para o cinema.

Isso acontece porque o diretor Joss Whedon também já foi roteirista da Marvel Comics, e sua bagagem faz com que ele consiga dar o tratamento adequado para o trabalho em equipe dos maiores Heróis da Terra.

Algumas das cenas mais épicas de Vingadores: Era de Ultron são de tocar a alma, uma espécie de reflexão sobre as ações da equipe.

Ultron, por sua vez, é um reflexo conturbado das crenças de valores de Tony Stark. Tal como seu criador, ele deseja salvar o planeta, mas enxerga a raça humana como uma doença.

O vilão se rebela e arrebenta os cordéis de sua criação, afetando o coração dos Vingadores. Para isso, ele ordena um ataque da Legião de Ferro, e quando os heróis se dão conta do perigo, Ultron já tem seus planos sobre a mesa.

Quando eu disse que Joss Whedon sabe criar uma representação cinematográfica perfeita do trabalho em equipe dos Vingadores, eu não estava brincando. Mais uma vez, o diretor prova que consegue fazer cenas fantásticas com a equipe reunida.

Por outro lado, isso não significa que ele sempre favorece os Vingadores. Quando os heróis descobrem que Ultron está em Wakanda, eles vão até lá na esperança de conseguir impedi-lo, mas as coisas não acontecem como o planejado, e é a partir daí que começa uma das cenas mais épicas dos filmes da Marvel.

Nem todas as lutas do filme são físicas, uma delas mostra a equipe mentalmente fragilizada, tendo que enfrentar seus maiores pesadelos.

As ilusões criadas por Wanda Maximoff são, em partes, comprometedoras. A Viúva Negra é levada de volta para o seu treinamento na Rússia, onde revive momentos dos quais se arrepende. O Capitão América vê todos os seus antigos amigos desaparecem. Thor tem uma visão do futuro e do Ragnarok. E Hulk... Bem, é papo pro próximo item.

Chamada carinhosamente de VERONICA, a Hulkbuster foi criada por Tony Stark e Bruce Banner com o objetivo de conter o Golias Esmeralda no caso de ele se tornar uma criatura incontrolável.

A Feiticeira Escarlate entra nos cantos mais profundos da cabeça de Banner e liberta o monstro em sua fúria esbravejante contra uma cidade na África do Sul, Tony Stark é obrigado a chamar a armadura, e o sonho de milhares de fãs se torna realidade.

Por muitas vezes, os Vingadores agiram como uma equipe de resgate, e Joss Whedon novamente consegue fazer a transição das páginas de quadrinhos para a telona.

Enquanto Thor, Homem de Ferro e Hulk vão atrás de respostas, o Capitão América, Viúva Negra, e Gavião Arqueiro traçam a localização de Ultron e vão atrás do vilão, que está na Coreia do Sul.

Ultron está trabalhando em sua nova forma, usando tecnologia de tecido sintético para criar o corpo perfeito, mas seu plano é frustrado pelos Vingadores em uma cena de perseguição fabulosa.

De volta à Torre dos Vingadores, os heróis acabam lutando entre si para impedir que Stark execute seu plano maquiavélico.

A confusão só acaba quando o Thor volta ao jogo e decide o que é melhor para a equipe. Ele é motivado por uma visão do futuro.

Ao longo de todo o filme, o Capitão América e o Thor tiveram sequências de ação que mostraram muito bem a parceria entre eles. O maior exemplo disso é quando o Deus nórdico rebate o escudo de Steve e vários minions do Ultron são dilacerados.

Encurralados dentro das ruínas de uma igreja, os heróis são obrigados a enfrentar Ultron e seu exercito de minions. Originalmente, todos os robôs se juntariam para formar um Ultron gigantesco, mas isso acabou ficando de fora por questões de orçamento.

A cena, apresentada em um só take, com todos os cantos do quadro repletos de ação, é tão envolvente visualmente, que representa a mais perfeita tradução das páginas de uma história em quadrinhos para o cinema. Mais do que isso, este momento faz de Vingadores: Era de Ultron um filme digno de ser assistido várias vezes.

Como eu disse antes, nem todas as batalhas do filme são físicas. Ultron, em seus momentos finais, ainda tenta convencer o Visão de que os humanos são um desperdício. A luta, neste caso, é filosófica, um embate entre ideais diferentes de perfeição.

O Visão põe pra fora sua ingenuidade, mostrando para o espectador que não há mal em não saber todas as respostas.