A dinâmica e a construção do romance entre a Jessica e o Luke são fantásticos, ainda que, em certo ponto, o relacionamento dos dois tenha ofuscado a própria história da heroína. Eles foram de colegas heroicos (no caso dos quadrinhos) para um caso, de um caso para um namoro, do namoro pro casamento e então família, filhos e decisões mais responsáveis. E os dois funcionam perfeitamente em sua individualidade e em conjunto. Ship Cajones <3.

Jean Grey e Ciclope não estão na lista, mas o segundo amor da vida do Scott está. Por que? Emma e Ciclope mostram toda uma construção e desenvolvimento sentimental que, no caso da Jean, era quase uma história de destino.

Scott e Emma se apaixonaram e desenvolveram o sentimento, contra qualquer expectativa, na história e dos fãs; é um relacionamento mais adulto, enquanto Ciclope e Jean era quase algo irreal.

Fazer o Flash mais playboy e engraçadão sossegar é uma tarefa difícil que Linda Park levou tranquilamente. Eles cresceram através das decepções cotidianas e se tornaram um dos melhores casais da DC, sendo guias um para o outro. Uma coisa fofa.

Falando sobre DC, o Quarto Mundo do Jack Kirby não trouxe só Darkseid e ameaças quase divinas para o universo da editora. Através da obra, somos apresentados ao casal Grande Barda e Sr Milagre que, em vários pontos, entram na lista de melhores casais dos quadrinhos. Scott Free é o herdeiro de Apokolips e Barda uma de suas Fúrias. Ela é muito maior e muito mais forte que ele (e muitos heróis da editora) e isso não ameaça seu relacionamento. Casal 10 DC Comics.

E quando precisamos falar de representatividade, um dos primeiros casais que vem à cabeça é Wiccano e Hulkling. Além do romance dos dois ser lindo, lotado de reviravoltas, claro, como qualquer outra história nos quadrinhos, mas lindo, eles são aquilo que a comunidade gay jovem precisava nas revistas. São conflitos relacionáveis, com personagens (até certo ponto) extremamente representativos para uma juventude sem grandes marcos para se espelhar, seja como casal ou indivíduo.

Sobre marcos, muitos consideram o romance entre o Monstro do Pântano e a Abby bizarro, e mesmo que seja, em certos pontos, é um dos relacionamentos mais transcendentais e fortes dos quadrinhos. É o amor entre, literalmente, uma força da natureza e uma humana. Não é algo terreno, chega ao nível dos amores do Senhor dos Sonhos, em Sandman, sem toda a tragédia e drama; são reinos diferentes e concepções completamente distintas de visão e vivência e, ainda assim, seu amor se sobrepões.

Já falamos do Wiccano e do Hulkling, mas, antes deles, Apolo e Meia-Noite estavam aí abrindo os caminhos para a representatividade nos quadrinhos anos antes. Eles são um dos casais mais revolucionários dos quadrinhos, super-heróis, tentando salvar o planeta, casados e com uma filha. Uma vida bem sucedida, certo?

E a Batwoman com a Maggie Sawyer vem para reforçar as identificações nos quadrinhos. Ela constrói um romance, a princípio, de interesses que se intensifica e culmina na cena incrível de Kate, no uniforme da Batwoman, pedindo a Maggie em casamento.

É um dos relacionamentos mais interessantes da Marvel, que lembra um pouco o desenvolvimento entre Jessica e Luke; Tempos atrás, na época dos desenhos de corpo desproporcionais e dos cabelos de permanente, as histórias davam pistas que os dois tinham algo mais que apenas amizade, além de muitos fãs insistirem no caso. A história passou, até que o Shatterstar volta a se encontrar com o Rictor e, enfim, os dois se tornam um casal. E mesmo que seja um relacionamento extremamente conflituoso, é bonito e engraçado até de se ver, principalmente com o Rictor sem poderes depois do Dia-M.

Pra fechar, um quase-tradicional, que começou também nos cinemas, a Agente 13 e o Capitão América. Os dois lutam juntos e já tiveram histórias terríveis (no sentido de pesadas, não ruins), mas, no fim, o casal se complementa, inclusive com a Sharon com muito mais iniciativa que o próprio Steve.