10 filmes que revolucionaram os efeitos visuais no cinema

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10 filmes que revolucionaram os efeitos visuais no cinema

Por Gus Fiaux

Quando assistimos a um filme – especialmente um que envolva cenas de ação ou muitos elementos considerados “irreais” – o uso de efeitos especiais visuais se faz presente desde o começo. Em alguns casos, esses efeitos saltam aos olhos por sua complexidade e pelo trabalho empregado pela equipe técnica, e em outros, tudo é “disfarçado” para nos proporcionar o maior senso de imersão possível.

Porém, as tecnologias usadas para criar os efeitos de um filme foram aperfeiçoadas com primor graças a alguns pioneiros – filmes que inovaram em sua concepções visuais e seu uso de computação gráfica ou efeitos práticos. Por isso, reunimos aqui 10 filmes que revolucionaram os efeitos visuais no cinema!

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Avatar (2009)

James Cameron aparece pela primeirra vez (de várias) nesta lista com o Avatar de 2009 - um de seus projetos mais ousados e sofisticados, que levou décadas para ser feito, já que Cameron esperou até que a tecnologia estivesse avançada o suficiente para criar o mundo de Pandora - e ainda que sua história seja simples, seu uso de efeitos é algo que jamais tinha sido visto no cinema até então.

Cameron não apenas criou ambientes completos com auxílio do CGI, como também inseriu diversos elementos físicos - como os próprios personagens humanos - de uma forma coesa e tão refinada que podemos até acreditar no que estamos vendo. O longa também se beneficiou dos avanços na área do mocap - a captura de movimentos.

Porém, um dos maiores legados do longa foi o retorno do 3D em peso, que é usado aqui para ampliar a profundidade de campo da tela e dar ao público uma sensação imersiva. Depois de Avatar, vários filmes tentaram recriar esse sentimento (a maior parte, sem sucesso), até que o mestre voltou para mostrar como se faz em Avatar: O Caminho da Água.

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O Senhor dos Anéis (2001-2003)

Quando decidiu adaptar a popular saga de J.R.R. Tolkien para os cinemas, Peter Jackson sabia que precisava de uma escala grandiosa para fazer jus ao universo de O Senhor dos Anéis. E de muitas formas, sua trilogia foi um presente para os fãs, mas também ajudou a fincar diversas mudanças no uso de CGI nos cinemas, cortesia da Weta Digital.

Por exemplo, em A Sociedade do Anel, para criar as cenas de batalha do prólogo do filme, Jackson contou com uma tecnologia que reconhecia extras e figurantes e os "multiplicava" através de efeitos digitais. Assim, o filme pôde representar a escala grandiosa das cenas de batalha sem necessitar de um elenco colossal de figurantes.

Já o segundo filme, As Duas Torres, foi ainda mais além com o uso da captura de movimentos para criar Gollum, um ser torturado e modificado pelo poder do Um Anel. O filme também foi o primeiro a usar um recurso de captura de movimento em tempo real, de modo que todas as cenas com Orcs e outros seres inumanos não necessitavam de horas de maquiagem.

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Matrix (1999)

Embora não soubessem na época, as Irmãs Wachowski mudariam para sempre a história do cinema com Matrix, apresentando uma mitologia rica e personagens cativantes. No entanto, as maiores contribuições do filme viriam na forma da tecnologia empregada para criar um mundo digital como playground para sua trama insana e complexa.

Aperfeiçoando alguns elementos que já haviam sido introduzidos em filmes anteriores, Matrix brinca com o uso de efeitos práticos em suas cenas de luta, usando cabos e outros truques cênicos, ao mesmo tempo em que o CGI é empregado para expandir essa realidade e torná-la tão palpável quanto inalcançável, graças à estilização das Wachowski.

Um belo exemplo da mescla de efeitos práticos e digitais está na conhecida técnica do bullet time - uma tática de filmagem em câmera lenta, que nos mostra detalhes de eventos em um curto espaço de tempo. Embora isso já tivesse sido utilizado em outros filmes, foi o longa das Wachowski que não só aperfeiçoou a prática, como também a tornou extremamente popular.

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Toy Story (1995)

Lançado em 1995, Toy Story não apenas foi o primeiro longa-metragem da Pixar, como também deu origem à franquia mais popular e amada do estúdio. No entanto, sua contribuição para o cinema vai bem além disso, uma vez que se trata do primeiro longa feito inteiramente com animação 3D, seguindo os passos dos curtas animados que já eram produzidos pela Pixar.

Pode não parecer muito, mas essa decisão acabou mudando para sempre a forma como animações eram produzidas, o que resultou no "fim" do uso da animação tradicional (e manual), sendo substituída pelo computador - algo que acabou se tornando uma marca da Disney, da Pixar e até mesmo da Dreamworks.

Além disso, não fosse o sucesso de Toy Story, hoje não teríamos filmes feitos inteiramente em computação gráfica hiperrealista, como é o caso do remake live-action de O Rei Leão e também das novas versões de A Pequena Sereia e Mogli: O Menino Lobo, que inserem elementos em live-action em um cenário totalmente digital.

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Jurassic Park: O Parque dos Dinossauros (1993)

Que Steven Spielberg é um mestre do cinema blockbuster não há como negar, mas suas contribuições para a área de efeitos práticos e especiais em Jurassic Park: O Parque dos Dinossauros são imensuráveis e mudaram a forma como artistas usam a computação gráfica em seus filmes. Lançado em 1993, o filme é uma vaga adaptação do livro de Michael Crichton.

Para criar o universo da franquia, Spielberg e seus artistas tiveram que recriar visualmente o que se sabia sobre dinossauros naquela época - tanto que há algumas representações incorretas, fruto de descobertas que vieram depois (como a ausência de penas nos dinossauros). Porém, a maior contribuição do filme está na mescla de seus efeitos práticos e digitais.

Em vez de usar as duas tecnologias separadamente, Spielberg manipulava o CGI para tornar os animatrônicos e os efeitos práticos mais realistas, tanto pelos movimentos mais fluidos ou pelo aperfeiçoamento de algumas cenas. Basta pensarmos no Tiranossauro Rex rugindo em meio à chuva para nos arrepiarmos, e isso é cortesia do trabalho minucioso de Spielberg.

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O Exterminador do Futuro: O Julgamento Final (1991)

Como já citado, James Cameron é outro que merece o título de mestre do cinema, e suas contribuições para a Sétima Arte não são poucas. Em 1991, ele lançaria uma de suas obras mais consagradas, Exterminador do Futuro 2: O Julgamento Final, filme que amplia a história apresentada no clássico de 1984 e ainda apresenta um vilão terrivelmente assustador, o T-1000.

Interpretado por Robert Patrick, o robô assassino é famoso pela postura sisuda e sombria, ao mesmo tempo em que possui uma gama de "poderes" que o T-800 não possuía, como a capacidade de transformar seu corpo em um metal líquido, podendo atravessar grades e outras barreiras vazadas. Porém, mais interessante do que o vilão em si é a forma como ele foi feito.

Exterminador do Futuro 2 foi o primeiro filme da história do cinema a inserir um personagem feito inteiramente em computação gráfica. O T-1000, na maior parte das vezes, adota uma forma humanoide, mas quando vemos seus dons "metamórficos" em ação, ele é feito de computação gráfica - e isso abriu as portas para inúmeros projetos posteriores, como o próprio Hulk.

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Tron: Uma Odisseia Eletrônica (1982)

Embora muitos se lembrem (com carinho) de Tron: O Legado, é importante lembrar de como o primeiro filme, Tron: Uma Odisseia Eletrônica, foi um pioneiro no uso de efeitos digitais no cinema. Na década de 80, a tecnologia do CGI ainda estava dando pequenos passos, mas o filme acabou fazendo algo estupendo nesse quesito.

Basicamente, a trama acompanha um ser humano que é sugado para dentro de uma máquina e lá encontra diversos programas e softwares, todos com formas humanizadas. Porém, para criar esse cenário, era necessário fugir um pouco da realidade e apostar em uma locação mais digital, e foi exatamente isso que o longa fez.

Em Tron: Uma Odisseia Eletrônica, temos a primeira vez que um cenário totalmente digital foi incorporado a um filme - o que fica ainda mais curioso e impressionante quando pensamos que vários elementos "reais", como os atores e alguns objetos, interagem com o ambiente computadorizado. Hoje pode parecer meio datado, mas foi um passo gigante no campo do CGI.

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Sexta-Feira 13 (1980)

Influenciado pelo sucesso de Halloween: A Noite do Terror, o primeiro filme da franquia Sexta-Feira 13 foi uma das fundações do slasher, popular subgênero do horror que acompanha um grupo de vítimas caindo nas mãos de um assassino brutal. Porém, o que muitos não se dão conta é que o filme de 1980 foi um dos pioneiros na representação da violência no cinema.

Enquanto clássicos como O Massacre da Serra Elétrica, Psicose e o próprio Halloween sempre apostaram em uma brutalidade mais implícita, Sexta-Feira 13 revolucionou a forma como as cenas de mortes são retratadas no cinema de horror, com um uso abundante de sangue falso, além de próteses e maquiagens para representar mutilações físicas e carnificina.

Grande parte disso se dá ao empenho homérico de Tom Savini, o mestre dos efeitos práticos de Hollywood e responsável por algumas das sequências mais memoráveis do longa de Sean Cunningham, como quando Jack, o personagem de Kevin Bacon, recebe uma flecha bem no meio de sua garganta, e podemos ver rios de sangue jorrando.

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Star Wars: Uma Nova Esperança (1977)

Quando George Lucas começou a desenvolver o primeiro filme da saga que viria a se tornar um império midiático, as tecnologias e os efeitos ainda não eram tão avançados quanto se tornariam apenas uma década depois - e nessas ocasiões, qualquer cineasta é obrigado a ser criativo. Por isso, Star Wars: Uma Nova Esperança usa e abusa de soluções extraordinárias.

Para criar as cenas de perseguição de naves, os planetas e a batalha contra a temível Estrela da Morte, Lucas e os artistas do filme usaram miniaturas e réplicas, filmadas bem de perto para criar uma ilusão de grandeza. O recurso foi expandido ao longo da trilogia original, e posteriormente foi usado para grandes sagas como Harry Potter e O Senhor dos Anéis.

Porém, não foi apenas Uma Nova Esperança que ousou nesse quesito. Em O Império Contra-Ataca, por exemplo, temos uma mescla intrigante de cenas live-action com sequências em stop-motion, um recurso que já fora usado em outros filmes mas que foi aperfeiçoado pelo Episódio V. Por isso, é triste que Lucas tenha feito diversas alterações em CGI no relançamento da trilogia.

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2001: Uma Odisseia no Espaço (1968)

Hoje em dia, já somos versados em filmes de ficção científica e sabemos bem como funciona a gravidade no espaço. Porém, na década de 60, isso não era um conhecimento tão difundido, especialmente com a corrida espacial dando seus primeiros passos em direção ao progresso. Mas 2001: Uma Odisseia no Espaço ajudou a estabelecer o visual de um filme passado no vácuo.

Dirigido por Stanley Kubrick e coescrito por Arthur C. Clarke, o longa é um épico existencialista que mostra o impacto de um estranho monólito em todo o desenvolvimento da humanidade como conhecemos. Nas sequências em que acompanhamos os personagens viajando em naves espaciais, Kubrick precisou dar um jeito de mostrar os efeitos da baixa gravidade no corpo.

Para isso, ele criou inúmeros sets móveis que se mexiam, dando uma ilusão de movimento dos personagens graças à câmera fixa. Além disso, o cineasta também aplicou diversos truques de câmera para criar movimentos lentos e mais compassados - e o curioso é que essa representação ficou tão realista que, até hoje, muitos acham que Kubrick forjou a foto do pouso na Lua!