Atualmente, um "subgênero" bem popular no cinema é o do "filme-desastre", que explora algum acontecimento - histórico ou fictício -, onde vemos um grupo de personagens lutando para sobreviver em um evento fatal. Só nos últimos anos, podemos recapitular Pompéia, 2012 e Terremoto: A Falha de San Andreas. Porém, antes da virada do século, o projeto mais ambicioso nesse sentido era Titanic.

Antes de lançar, Titanic era visto com maus olhos por boa parte dos cineastas, que acreditavam se tratar de um projeto muito ambicioso de James Cameron, mas que por reunir dois subgêneros pouco lucrativos (o romance e o "filme-desastre"), jamais chegaria a pagar seu exorbitante orçamento. E assim que saiu, o filme rapidamente alcançou o topo das maiores bilheterias do mundo, onde permaneceu por mais de dez anos.

Imagine, em 2008, adaptar um super-herói "classe B" dos quadrinhos, pouco conhecido pelo público leigo. As coisas só ficam ainda mais difíceis quando consideramos que o filme foi produzido às pressas, sem um roteiro completo durante sua gravação e feito por um estúdio estreante, ramificado da própria Marvel Comics. Não é difícil perceber por que não se colocava muita fé em Homem de Ferro.

Porém, no seu lançamento, o filme acabou se provando um dos mais elogiados filmes de quadrinhos de toda a história, sedimentando uma série de "pistas" que levariam à construção do Universo Cinematográfico da Marvel - que, aliás, é hoje a franquia mais lucrativa dos cinemas, com menos de dez anos desde sua criação.

Possivelmente o filme mais lucrativo da lista - já que fez quase doze vezes mais o valor de seu orçamento nas bilheterias -, Lucy surgiu de uma série de ideias bizarras do famoso diretor francês Luc Besson. Num período onde filmes de ação protagonizados por mulheres sempre eram pouco rentáveis - e por isso quase nunca produzidos, o diretor concebeu uma história protagonizada por Scarlett Johansson.

Aqui, uma mulher normal, ao carregar drogas em seu estômago, acaba tendo o funcionamento de seu cérebro alterado - através de uma série de contradições científicas, mas tudo pelo bem do entretenimento -, e ganha poderes especiais. O filme logo fez sucesso entre o público mais amplo, abrindo espaço para uma série de produções mais "independentes" e reabrindo as portas para filmes de ação protagonizados por mulheres serem feitos com maior frequência.

Embora não tivéssemos mais nenhum bruta-montes de bilheterias desde a década de 60, Hollywood sempre teve um apreço especial por épicos bíblicos. Porém, há uma grande divergência na hora de adaptar filmes religiosos com o cuidado de manter-se fiel à Bíblia e não irritando os fiéis. Justamente por isso, Noé parecia um fracasso confirmado antes de seu lançamento.

O diretor Darren Aronofsky pretendia contar uma história com uma série de liberdades criativas, trazendo um senso de fantasia que estava causando controvérsias entre cristãos, desde que o primeiro trailer do filme foi divulgado. Ainda assim, ao ser lançada, a adaptação do Grande Dilúvio acabou conquistando uma parcela leal de seguidores, que aplaudiram algumas escolhas ousadas do filme.

Jornada nas Estrelas é um marco da televisão mundial, tendo sido a primeira grande série de ficção científica a alcançar um público estrondoso. Dito isso, é bem claro que, nos cinemas, a franquia nunca teve muito espaço, já que os filmes sempre ficaram à sombra de Star Wars e eram criticados por seu modelo episódico demais.

Em 2009, J.J. Abrams trouxe de volta a franquia, aproveitando para trazer um espírito maior de ação, sem deixar de lado os temas culturais abordados pela série. Nascia ali o reboot de Star Trek, que além de se arriscar com o público geral, teve cuidado de pisar em ovos com os fãs clássicos, já que o filme buscava trazer mudanças na origem da tripulação da U.S.S. Enterprise. E o resultado acabou surpreendendo, agradando fãs e críticos, abrindo espaço para o retorno das space operas e solidificando a franquia mais uma vez no imaginário popular.

O cinema - seja em Hollywood ou na Ásia - sempre teve uma queda por filmes de monstros gigantes. Clássicos como Godzilla e King Kong nasceram dessa proposta. Porém, quando Guillermo del Toro anunciou seu filme sobre robôs gigantes enfrentando monstros colossais, apesar de uma parcela dos fãs terem ficado entusiasmados, grande parte do público torceu o nariz e ficou com um pé atrás pela qualidade da produção.

E o resultado foi surpreendente. Apesar de não ter feito um grande lucro nas bilheterias, Círculo de Fogo conquistou um título cult, ganhando seguidores e fãs entusiastas. Além disso, o filme ajudou a reviver o interesse pelos filmes de monstros e sua continuação já está sendo gravada.

Se a Marvel Studios se arriscou com Homem de Ferro, isso não chegou aos pés do que ela assumiu com Guardiões da Galáxia. A equipe era extremamente desconhecida - até mesmo por fãs mais hardcore -, e o filme parecia não ter muito contato com o restante do Universo Cinematográfico da Marvel, além de ser dirigido por um artista pouco famoso, que havia saído do cenário independente.

E o resultado não podia ser mais positivo. Atualmente, Guardiões da Galáxia é um dos filmes mais elogiados do estúdio e ajudou a popularizar de forma tremenda os heróis nos quadrinhos e na cultura pop como um todo. Além de ser uma das maiores bilheterias de 2014 - passando todos os filmes de super-heróis do ano -, o filme garantiu sua continuação e já é um pináculo de importância no MCU.

Ainda falando de um grupo desconhecido, não podemos deixar de lembrar de Esquadrão Suicida, o filme estrelado por um grupo de vilões do Universo DC, que se uniria a mando do governo para enfrentar uma ameaça em troca da redução de suas penas criminais. Apesar de um marketing bem estruturado e divulgado, muitos duvidaram da popularidade do filme devido aos personagens que nele estavam - com exceção do Coringa.

E quando foi lançado, outro revés se abateu sobre o filme: as duras críticas, que negativaram o filme, considerando-o um dos piores de 2016. Muitos acharam que, com isso, as bilheterias afundariam, mas para surpresa geral, Esquadrão Suicida continuou sua jornada multi-milionária pelas bilheterias, já garantindo um spin-off para a Arlequina.

Mad Max era uma franquia bem orbital da década de 80 e, apesar de ter um sucesso moderado, nunca foi algo tão impactante quanto De Volta Para o Futuro ou Star Wars. Isso, aliado à uma série de atrasos no calendário, problemas de orçamento e desconfiança por parte do estúdio, gerou uma expectativa bem negativa a respeito de Mad Max: Estrada da Fúria, o quarto capítulo dessa saga.

Quando foi lançado, o filme não chegou a ganhar tanto em sua bilheteria... mas o impacto cultural compensou pelo dinheiro não arrecadado. Lançado trinta anos desde o último da franquia, Estrada da Fúria surpreendeu seu público, rendendo poderosas indicações no Oscar e já deixando em aberto a produção de novas continuações.

E mais uma vez voltamos a James Cameron. Depois de passar mais de uma década estudando e gastando em avanços tecnológicos que possibilitariam o uso do 3D e da captura de movimentos avançada, o diretor voltou a dar início ao seu projeto mais ambicioso, que narraria a história de um grupo de colonizadores em outro planeta. Por conta disso, Avatar foi um dos filmes mais caros da história, e na época, muitos acreditaram que o filme jamais conseguiria sequer pagar seu orçamento.

E dessa vez, todos se enganaram absurdamente. Avatar não apenas revolucionou a forma como se fazem filmes atualmente, mas também roubou o espaço de Titanic e se tornou a maior bilheteria da história - um posto que ninguém deve tirar nem tão cedo, já que nem mesmo o retorno de Star Wars em O Despertar da Força conseguiu chegar perto.