10 filmes para conhecer o Expressionismo Alemão!
10 filmes para conhecer o Expressionismo Alemão!
O movimento foi a base do horror e da ficção científica como conhecemos hoje!
Por mais que nós geralmente não tenhamos o costume de assistir filmes antigos – especialmente os mudos e em preto-e-branco -, o cinema do início do século passado foi crucial para que tivéssemos a extensa filmografia que temos hoje. E um dos movimentos mais singulares surgiu na Alemanha pré-Segunda Guerra Mundial, trazendo ramificações importantíssimas para a nona arte: o Expressionismo Alemão.
Esses filmes, de certa forma, precederam o horror, a fantasia e a ficção científica que conhecemos hoje – inspirando diretores como Tim Burton, Guillermo Del Toro e até mesmo David Lynch. Pensando nisso, separamos 10 clássicos para conhecer um pouco mais do expressionismo alemão – seja através das criaturas soturnas, das sombras constantes ou do eterno delírio entre o que é real e o que é ficção!
Créditos: Divulgação
Da Manhã à Meia-Noite (Von morgens bis mitternachts, 1920)
Um dos primeiros exemplares do movimento, De Manhã à Meia-Noite pode não ser tão consagrado quanto outros da lista, mas certamente é um exemplar ótimo para quem quer se iniciar nos filmes da Alemanha da década de 20. O longa é baseado numa peça teatral, sobre um banqueiro que começa a ter vários sonhos com a Morte.
Com um aspecto surreal e um romance mórbido, o filme combina influências da cultura gótica com um visual distinto e quase minimalista, além de trazer uma história que progride em tensão e atmosfera. O grande mérito vai para o diretor Karl Heinz Martin, que já havia feito uma montagem da peça e aqui consegue balancear o teatral e o cinematográfico.
O Gabinete do Dr. Caligari (Das Cabinet des Dr. Caligari, 1920)
O Expressionismo Alemão foi conhecido por popularizar vários cineastas germânicos - alguns dos quais posteriormente fariam uma migração para outros países, para fugir da perseguição nazista. Um desses cineastas foi Robert Wiene, que criou um dos marcos mais definitivos do movimento: O Gabinete do Dr. Caligari.
Tudo nesse filme é perfeito: desde a trama cuja reviravolta influenciou vários filmes posteriores à sua direção de arte e cenografia, que trazem um visual único e incomparável. O longa é sobre um homem chamado Francis, que começa a investigar uma série de assassinatos - que ele suspeita serem feitos do misterioso Dr. Caligari, um hipnotizador circense.
O Golem (Der Golem, wie er in die Welt kam, 1920)
Terceiro capítulo de uma trilogia dirigida por Paul Wegener, o longa chamado O Golem é, na verdade, um prelúdio para os filmes anteriores, que foram parcialmente perdidos. Aqui, nessa adaptação do livro de Gustav Meyrink, acompanhamos o processo de criação da criatura titular do longa, e como ele se tornou um "protótipo de Frankenstein".
Considerado um dos primeiros filmes de monstro já criados, o longa acabou deixando uma forte impressão no público alemão. A história é bem baseada no clássico mito judeu - aqui, vemos um rabino moldando um golem de barro, que ganha vida e precisa protegê-lo de uma tragédia profetizada pelas estrelas.
Nosferatu (Nosferatu, eine Symphonie des Grauens, 1922)
Se formos falar dos grandes vampiros do cinema, não podemos nos esquecer que o primeiro deles foi o Conde Orlok, tão bem representado no longa Nosferatu, dirigido por F.W. Murnau. Basicamente, o filme é uma adaptação não-oficial de Drácula, por Bram Stoker. Contudo, como o cineasta não possuía os direitos do personagem, ele propôs várias alterações.
O longa é um dos melhores exemplos do Expressionismo Alemão no que diz respeito ao uso de luz e sombras e a pesada maquiagem utilizada para caracterizar figuras malignas e diabólicas. Até hoje, Nosferatu ainda é considerado um grande exemplar para os chupadores de sangue, seja no cinema ou em toda a cultura pop.
Dr. Mabuse, o Jogador (Dr. Mabuse, der Spieler, 1922)
Não se surpreenda em ver o nome de Fritz Lang mais de uma vez nesta lista, já que o cineasta é um dos maiores expoentes do Expressionismo Alemão, tendo trabalhado em filmes consagrados. Um exemplar disso é Dr. Mabuse, o Jogador, o primeiro de uma trilogia que trouxe para os cinemas o personagem literário de Norbert Jacques.
O primeiro longa, com suas quatro horas e meia de duração, é um mergulho no psicológico do Dr. Mabuse. Trata-se de um mestre dos disfarces, capaz de persuadir as pessoas a fazer qualquer coisa à sua vontade. No filme, o personagem funciona como uma análise de outros vilões clássicos - ao mesmo tempo em que foi posteriormente comparado com Hitler.
As Mãos de Orlac (Orlacs Hände, 1924)
Outro filme que inspirou vários outros cineastas e produções posteriores, As Mãos de Orlac é um dos filmes mais empolgantes do movimento, trazendo um conto de horror corporal que influenciaria diretores como David Cronenberg. Aqui, um pianista acaba precisando fazer o transplante de suas mãos, após sofrer um acidente de trem.
No entanto, ele descobre que as novas mãos, na verdade, pertenciam a um assassino. A partir daí, Orlac desce na espiral da loucura, enquanto precisa voltar à sua prática de piano, ao mesmo tempo em que deve controlar seus instintos assassinos. O destaque fica para o astro Conrad Veidt, que consegue transmitir todo o pesar e o dilema do protagonista.
Fausto (Faust Eine deutsche Volkssage, 1926)
Historiadores e pesquisadores de cinema posteriormente postularam que o Expressionismo Alemão veio como uma espécie de "aviso precoce" sobre os perigos do fascismo e a violência que se estabeleceria no país europeu em pouco mais de uma década após o seu auge. E nenhum filme exemplifica melhor isso do que Fausto.
O longa é uma recriação sensacional da fábula sombria de Goethe, sobre um alquimista chamado Fausto que é seduzido pelo demônio Mefisto - este prometendo garantir-lhe os poderes necessários para salvar o país de uma praga letal. Há quem diga que esse filme, dirigido por F.W. Murnau, trazia comentários implícitos sobre a ascensão de Adolf Hitler.
Metrópolis (Metropolis, 1927)
O filme que definiu os rumos da ficção científica moderna, Metrópolis é, possivelmente, a obra mais conhecida do Expressionismo Alemão, realizada por ninguém menos que Fritz Lang. O longa foi um dos primeiros da história do cinema a abordar um futuro distópico - aqui, vivemos na cidade que dá nome ao filme, dividida entre os operários e a classe alta.
Tudo começa como um romance entre o filho do grande planejador de Metrópolis e uma profeta operária. O longa chamou a atenção na época por seu comentário sagaz a respeito da política fragmentada da Alemanha e a luta de classes impulsionada pelo industrialismo. Vale falar de seu visual, que combina traços clássicos do expressionismo com arte gótica.
O Homem Que Ri (The Man Who Laughs, 1928)
O único filme estadunidense da lista, O Homem Que Ri ainda é considerado como parte do ciclo do Expressionismo Alemão, uma vez que seu diretor, Paul Leni, além de ser germânico de nascença, já havia feito outro clássico do movimento - Figuras de Cera, de 1924 -, antes de fazer sua transição para os Estados Unidos.
Aqui, temos uma história similar a O Fantasma da Ópera e o Corcunda de Notre-Dame, onde um homem desfigurado é o centro de um romance épico. Além disso, o longa ainda deixou um legado incomensurável para os fãs de quadrinhos, já que o visual do protagonista (interpretado por Conrad Veidt) serviu de inspiração para o Coringa, maior vilão do Batman.
M, O Vampiro de Dusseldorf (M - Eine Stadt sucht einen Mörder, 1931)
O único filme não-mudo da lista, M, O Vampiro de Dusseldorf é outra obra singular de Fritz Lang, que acabou servindo de inspiração para diversos thrillers e suspenses posteriores. O longa lida com a histeria de uma cidade inteira, uma vez que um serial killer está à solta, sequestrando e matando crianças locais.
Cheio de temas implícitos, o longa acabou sendo considerado um dos que mais "previu" o clima tenso da Segunda Guerra Mundial, já que ao fim, vemos a população se aliando a criminosos para enfrentar o "mal maior". É um longa espetacular e que já teve um remake norte-americano em 1951, que não foi tão bem-recebido quanto o original.