10 filmes mais inovadores dirigidos por mulheres
10 filmes mais inovadores dirigidos por mulheres
O cinema feito por mulheres resiste e segue apresentando obras impecáveis!
Pela maior parte da história, “anônimo” foi uma mulher. A frase, de autoria da escritora Virginia Woolf, resume muito bem como a trajetória das mulheres na arte (e em qualquer aspecto social, político, cultural e por aí vai) vem sendo sufocada desde que o mundo é mundo. No cinema, então, não é diferente: só para se ter uma ideia de como a desigualdade de gênero vem sendo perpetuada na indústria, apenas três mulheres venceram a categoria de Melhor Direção no Oscar, uma premiação que tem quase 100 anos de história para contar.
O fato não exclui a realidade de que, apesar do descaso e da discriminação que existem até os dias de hoje, o cinema feito por mulheres resiste graças aos seus contínuos esforços, seja em Hollywood ou fora do domínio estadunidense. Muitos longas, inclusive, deixaram uma marca impressionante na sétima arte.
Pensando nisso, selecionamos 10 filmes dirigidos por mulheres que foram inovadores à sua própria maneira! Já assistiu a algum deles? Não deixe de comentar!
Guerra ao Terror (2008)
Já que mencionamos o Oscar acima, nada mais justo do que começar a lista falando da primeira mulher na história da premiação a levar uma estatueta dourada para casa: Kathryn Bigelow. O feito aconteceu em 2010 com o filme Guerra ao Terror, longa estrelado por Jeremy Renner (Gavião Arqueiro) e Anthony Mackie (Falcão e o Soldado Invernal) que acompanha um esquadrão antibomba do exército americano em uma missão no Iraque.
Ao explorar um gênero dominado pela presença masculina, Bigelow usou toda a sua habilidade por trás das câmeras para dirigir com precisão um filme de guerra emocionante que aborda as diversas camadas que constroem um conflito bélico, principalmente o lado humano da coisa.
Matrix (1999)
Um dos grandes clássicos do cinema e da cultura pop, é difícil encontrar alguém que nunca tenha escutado a palavra Matrix pelo menos uma vez na vida. Seja pelas pílulas vermelha e azul, as vestimentas de couro ou a famosa sequência que inaugurou o efeito bullet time, o filme de 1999 deixou sua marca na história da sétima arte a partir da visão das diretoras Lilly e Lana Wachowski, ou apenas Irmãs Wachowski, título pela qual elas são mais conhecidas.
Estrelado por Keanu Reeves (John Wick), Matrix fez um baita sucesso durante a virada do milênio com a história de Neo, um jovem hacker que descobre que está vivendo em uma simulação chamada Matrix, um sistema que manipula os seres humanos para criar a ilusão de um mundo real. Com reflexões filosóficas e sequências de tirar o fôlego, o filme que deu início a uma das franquias mais amadas do cinema segue como um dos mais influentes de todos os tempos graças ao trabalho das Wachowskis.
The Watermelon Woman (1996)
O filme The Watermelon Woman é um grande expoente do cinema queer e da representatividade da mulher negra no cinema. Lançado no final da década de 1990, o longa mistura ficção e realidade para contar a história de Cheryl, personagem interpretada pela diretora Cheryl Dunye, uma jovem negra e lésbica que tem o sonho de fazer um filme sobre a Mulher Melancia, uma atriz negra da Filadélfia (EUA) que ficou famosa pelo pseudônimo durante os anos 30.
Ao retratar a jornada de Cheryl para dar vida a seu projeto pessoal, The Watermelon Woman é um marco na história do cinema feminino justamente por apresentar um olhar realista sobre como mulheres negras são representadas no audiovisual, questionando padrões durante uma época em que o assunto era tratado como tabu.
Barbie (2023)
Barbie até pode ser o filme mais recente da lista, mas seu impacto na indústria cinematográfica vem sendo tão grandioso que é praticamente impossível não falar sobre ele. Estrelado por Margot Robbie (Babilônia, Aves de Rapina), o live-action que acompanha uma aventura cor-de-rosa da boneca mais famosa do mundo é dirigido por Greta Gerwig, a mesma diretora de Lady Bird: A Hora de Voar (2017) e Adoráveis Mulheres (2019).
Gerwig, que também tem uma carreira como atriz, começou a se dedicar ao cargo de direção nos últimos anos, mas já alcançou feitos impressionantes com apenas quatro filmes na filmografia, sendo que Barbie acabou se tornando o maior destaque. Entre os vários recordes que o longa vem quebrando desde sua estreia, um deles diz respeito à diretora, já que Greta se tornou a dona do título de filme dirigido por uma mulher mais lucrativo da história dos EUA.
O Mundo Odeia-me (1953)
O Mundo Odeia-me é aquele típico filme noir que dominou todos os cantos da indústria cinematográfica durante as décadas de 1940 e 1950, mas com um diferencial: o longa foi dirigido por Ida Lupino, atriz, diretora e produtora que deixou sua marca na história do cinema devido ao seu pioneirismo em Hollywood.
Lupino foi uma das primeiras mulheres a conquistar notoriedade no cargo de direção nos EUA, construindo uma carreira renomada com diversas produções de sucesso. Uma delas é justamente o filme O Mundo Odeia-me, clássico noir que conta a história de dois amigos que, durante uma viagem de pesca, oferecem carona para um sociopata fugitivo, uma decisão que provoca consequências perigosas.
Jeanne Dielman (1975)
Eleito o melhor filme de todos os tempos pela conceituada revista de cinema Sight & Sound na lista de 2022, o filme Jeanne Dielman é um dos grandes destaques da prolífica carreira da belga Chantal Akerman, que tinha apenas 25 anos de idade quando dirigiu aquela que é considerada sua grande obra-prima.
Em Jeanne Dielman, acompanhamos o dia a dia de uma solitária viúva que mora com seu filho adolescente. Com uma organização minuciosa da sua rotina, ela sabe exatamente o que vai fazer a cada hora do dia, enquanto intercala seus afazeres com a prostituição para ganhar um dinheiro extra.
Com uma impressionante performance da atriz Delphine Seyrig, Jeanne Dielman é um dos filmes mais influentes do cinema feito por mulheres, sendo discutido até os dias de hoje pelo incrível trabalho de Akerman na direção, além da maneira como o longa explora o tempo e o espaço a partir de uma visão feminina – perspectivas que são constantemente apagadas pela sociedade patriarcal.
Bom Trabalho (1999)
A francesa Claire Denis é uma das cineastas mais aclamadas não somente do cinema francês, mas da sétima arte como um todo. Dona de uma filmografia recheada de filmes disruptivos e provocadores, a diretora sempre é mencionada quando o assunto é cinema feito por mulheres, então não tem como deixá-la de fora desta lista, principalmente se levarmos em consideração o longa-metragem Bom Trabalho.
Considerado por muitos críticos um dos melhores filmes de todos os tempos (além de ser a obra-prima de Denis), a produção é vagamente inspirada no livro Billy Budd, do escritor Herman Melville, a mente por trás do clássico Moby Dick. A trama acompanha soldados da Legião Estrangeira Francesa que são submetidos a um rigoroso treinamento na África comandado pelo sargento Galoup (Denis Lavant), um homem que vê sua paz desmoronando após a chegada de um novo recruta.
Explorando um ambiente rígido e agressivo, Claire Denis faz um retrato preciso sobre masculinidade com uma história sobre inveja, rancor e ressentimentos, em um universo dominado pela ordem. É nele que a diretora concentra tudo aquilo que a tornou tão aclamada na indústria cinematográfica, transformando-a em um dos nomes mais importantes do cinema.
Cléo das 5 às 7 (1962)
Outro nome extremamente importante e inovador no cinema feito por mulheres é o de Agnès Varda. Nascida na Bélgica, a diretora transformou a sétima arte com sua extensa contribuição ao cinema francês, influenciando uma grande leva de cineastas ao redor do mundo. E um de seus trabalhos mais importantes é Cléo das 5 às 7, filme que consagrou o nome de Varda na nouvelle vague, movimento francês que era dominado por figuras masculinas como Jean-Luc Godard (O Demônio das Onze Horas).
Em Cléo das 5 às 7, acompanhamos a rotina de uma cantora que perambula pelas ruas de Paris enquanto espera o resultado de um exame para descobrir se está com câncer. Ansiosa e cheia de dúvidas sobre o futuro, ela acaba encontrando um jovem militar que está prestes a partir, algo que provoca situações inesperadas.
Ao contar uma história sob o ponto de vista feminino, Agnès Varda colocou seu nome no hall da história do cinema por subverter padrões do movimento francês, abrindo espaço para que narrativas femininas ganhassem uma maior notoriedade em um setor dominado por homens.
Nomadland (2020)
Nomadland foi um dos filmes mais comentados do Oscar de 2021 por diversos motivos. Além da impressionante performance da atriz Frances McDormand (Fargo), que levou o Oscar de Melhor Atriz para casa, o grande destaque da noite foi a diretora Chloé Zhao, a vencedora da categoria de Melhor Direção.
Zhao fez história na 93ª edição do prêmio mais cobiçado do cinema ao se tornar a segunda mulher na história da premiação a vencer a estatueta na categoria de direção. Ela ainda conquistou o título de primeira mulher asiática a ganhar a concorrida estatueta de Melhor Direção.
Em Nomadland, acompanhamos a história de uma mulher que, após perder tudo na Grande Recessão, conturbado período de crise econômica que ocorreu no final dos anos 2000, embarca em uma viagem pelo Oeste estadunidense como uma nômade.
Selma: Uma Luta pela Igualdade (2014)
Selma: Uma Luta pela Igualdade é um grande marco da carreira da diretora e roteirista Ava Duvernay. Conhecida também pela prestigiada minissérie Olhos Que Condenam (2019), a cineasta é dona de um currículo exemplar, repleto de produções aclamadas pelo público e pela crítica especializada.
Mas foi com Selma, biografia de Martin Luther King Jr., um dos ativistas políticos mais importantes da história, que Duvernay conseguiu aumentar seu prestígio em Hollywood. Com o filme, a diretora se tornou a primeira mulher negra a ser indicada ao Oscar de Melhor Filme e ao Globo de Ouro.
Inspirado na trajetória de Martin Luther King Jr., Selma acompanha um período decisivo na vida do ativista durante a década de 1960, período em que aconteceu a famosa Marcha de Selma a Montgomery, movimento que lutava pelos direitos civis dos negros nos EUA.