Não se surpreenda em ver o nome de David Cronenberg mais de uma vez nessa lista, uma vez que ele é um dos cineastas que mais trabalhou o horror corporal em sua carreira. Videodrome, um de seus trabalhos mais posteriores, não deixa de seguir essa cartilha, uma vez que retrata os efeitos psicológicos causados por uma programação televisiva ultra-violenta.

E isso não apenas afeta o psicológico do técnico de TV a cabo Max Renn, mas também todo o seu corpo, que começa a se transformar grotescamente, enquanto todos os sentidos da realidade são deturpados. O filme serviria como um excelente episódio de Black Mirror, já que seu maior propósito é traçar uma crítica à tecnologia e à exposição desenfreada à violência e crueldade.

Uma versão ainda mais doentia e assustadora do mito de Frankenstein, mesclada com várias referências à obra de H.P. Lovecraft, Re-Animator é um clássico dos anos 80, mas que foi alvo de gigantescas controvérsias e até mesmo banimento em alguns países. Trata-se da história de um cientista que descobre um soro capaz de ressuscitar os mortos.

Voltado para o humor negro, o filme explora as consequências de diversas ressurreições, que trazem pessoas em um estado zumbificado de consciência. O filme traz de tudo: mutilações, cabeças decepadas, gatos sendo ressuscitados mais de uma vez e... uma das cenas de sexo mais bizarras e repugnantes da história do cinema.

James Gunn atualmente é conhecido e celebrado por seu papel como criador de uma das maiores franquias do Universo Cinematográfico da Marvel, os Guardiões da Galáxia. Mas antes disso tudo, o diretor ficou famoso por comandar um dos filmes cult de horror mais adorados dessa geração: Seres Rastejantes, ou Slither.

Tudo começa quando um meteoro chega à Terra, trazendo consigo uma enxurrada de seres alienígenas similares a lesmas, que grudam nos seres humanos e os transformam em monstros grotescos. O filme funciona como um horror B dos anos 80, mas é surpreendentemente engraçado e, ao mesmo tempo, nojento. Destaque para a cena onde uma das personagens se torna uma massa disforme de carne e simplesmente explode.

John Landis é um dos roteiristas mais celebrados de Hollywood, e suas aventuras em meio ao horror deixam isso bem claro. Aqui, temos a clássica história do lobisomem, contada de uma forma extremamente violenta e sanguinária. Seguimos a dupla de amigos David e Jack enquanto eles aproveitam suas vidas de playboy vagando pelos pubs de Londres.

Contudo, tudo muda quando eles vão para um lugar muito sinistro e são atacados por uma criatura licantropa. Jack morre e David passa a carregar a maldição lupina em seu sangue. A maquiagem do filme é impecável, criando um senso de horror e desespero enquanto vemos Jack retornar cada vez mais decomposto do mundo dos mortos, e enquanto David se transforma por completo no monstro assassino.

Um filme franco-canadense de 2008, Mártires é um verdadeiro exercício de resistência, em todos os níveis possíveis. Sua complexa trama envolve um horror psicológico tenebroso, quando descobrimos duas personagens cuja vida foi destruída por uma organização de teor semi-religioso. Elas foram torturadas, massacradas e mutiladas de todas as formas possíveis, e isso trouxe traumas cruéis para suas vidas.

Com pouco tempo de tela, o filme já consegue nos deixar extremamente nauseados, e isso só vai crescendo rumo a um final macabro e desesperador. O título do filme é uma boa pista do que esperar da trama, mas você não está nem um pouco preparado para como o sofrimento pode ser retratado nos cinemas.

Um clássico do horror moderno, Jogos Mortais acabou caindo na maldição das franquias e continua lançando sequências cada vez mais piores. Mesmo assim, o primeiro é um filme indispensável, e que certamente vai te deixar à beira de um ataque de nervos. Aqui, seguimos as vítimas do psicótico Jigsaw, que pretende puni-los por suas vidas medícores.

O filme apela para o horror corporal por conter uma dose vertiginosa de tortura e de mutiliação, enquanto os prisioneiros são obrigados a destruírem completamente seus corpos – e suas almas – para que possam ao menos sair com vida do jogo mortal do psicopata. Além de tudo isso, é um filme que os fãs de horror não podem perder, por ter lançado toda a carreira de James Wan, um dos cineastas mais influentes da atualidade.

Um filme bem curioso sobre questões referentes a abandono e paternidade, Eraserhead não deixa de ser uma das obras mais bizarras e peculiares do aclamado diretor David Lynch. Aqui acompanhamos um homem que é abandonado por sua namorada, e é deixado para cuidar sozinho de seu filho – uma criatura disforme e deformada, que pode nem mesmo ser humana.

O filme tem toda uma construção de forte horror psicológico e social, culminando em cenas assustadoras, que só são reforçadas pela assombrosa fotografia em preto e branco. Não deixa de ser uma obra surrealista e carregada de simbologias indecifráveis, mas o senso de horror corporal está sempre presente, em especial em uma cena asquerosa quando o pai “descobre a verdade” por trás da anatomia de seu filho.

Você teria coragem de utilizar um artefato ancestral, capaz de libertar uma realidade com os prazeres mais profanos da humanidade? Hellraiser mostra as consequências assustadoras disso, conforme vemos os tenebrosos Cenobites sendo trazidos ao nosso mundo para coletarem todos os corpos possíveis em sua orgia de tortura.

Um dos maiores clássicos de Clive Barker, baseado em uma de suas obras mais enigmáticas, o filme também deu origem a uma franquia bem irregular, mas compensa por sua rica mitologia e suas mortes repugnantes. Com o tempo, mais Cenobites foram apresentados, mas nenhum consegue superar, até hoje, o medo provocado por Pinhead, o mais ancestral e violento de sua corja.

A Mosca pode ser o melhor exemplo quando mencionamos o termo “horror corporal”. Originalmente um filme de horror B, a trama ganhou diversas reformulações, mas nenhuma foi tão chocante e assustadora quanto a versão da década de 80, dirigida por ninguém menos que David Cronenberg, e protagonizada por Jeff Goldblum.

Aqui, um cientista colhe os frutos de um experimento realizado de forma inconsequente. Quando seu DNA é mesclado com o de uma mosca comum, ele passa por uma transformação de fazer o mais forte vomitar. É como se a Metamorfose de Franz Kafka fosse extremamente enojante e repulsiva, enquanto o cientista não apenas se torna um animal, mas também sua consciência é levada ao fundo da insanidade.

Note que mencionamos diversos mestres do horror corporal ao longo dessa lista. E embora todos tenham feito suas contribuições valerem a pena, nenhum alcança o nível de John Carpenter. Um verdadeiro mestre do terror, ele ficou conhecido por seus filmes atmosféricos e carregados de efeitos práticos arrepiantes.

O Enigma de Outro Mundo, o primeiro em sua não-oficial Trilogia do Apocalipse, é o exemplo máximo disso. O que aconteceria se um alienígena sanguinário viesse à Terra, e pudesse se passar por qualquer pessoa do mundo, enquanto deixa um rastro sangrento de destruição por onde passa? A resposa está aqui, em toda sua glória cruel e enervante. Uma recomendação: veja de estômago vazio.