Um dos cineastas mais polêmicos da atualidade, Gaspar Noé tem várias obras controversas e divisivas, por sua abordagem em relações humanas, sexo e até mesmo temas densos, como estupro e uso de drogas. Clímax talvez seja sua melhor obra. O filme é todo situado em um só local, enquanto uma companhia de dança francesa ensaia para uma apresentação.

O problema é que alguém "batiza" o ponche da festa com LSD, e a partir daí todos os personagens entram em uma espiral de insanidade, passando pelo extremo prazer até a dor mais torturante. O filme foi alvo de polêmicas - como todas as obras de Gaspar Noé -, mas contém ótimas atuações - especialmente por parte de Sofia Boutella e Romain Guillermic.

Embora a maior popularidade de Alita: Anjo de Combate tenha vindo por conta de um "boicote" contra Capitã Marvel, o longa produzido por James Cameron e dirigido por Robert Rodriguez ainda é uma excelente amostra de ficção científica e uma das melhores adaptações de animes e mangás produzidas nos Estados Unidos.

A história segue a protagonista Alita, uma ciborgue que desperta sem memórias e é remontada por um inventor. No entanto, ela logo se mete em uma conspiração envolvendo um grande empresário, enquanto se torna uma campeã de Motorball, um esporte brutal. O filme conta com excelentes efeitos visuais e um elenco de peso.

Nos últimos anos, o cinema nacional de horror nunca esteve tão forte, e uma das melhores provas disso é a antologia Histórias Estranhas, idealizada pelo cineasta Ricardo Ghiorzi. O longa reúne oito curta-metragens de diretores independentes, cada qual com temáticas densas e profanas, enquanto exploramos o horror do nosso dia-a-dia.

O filme foi exibido em sessões limitadas - e portanto não foi muito comentado pela grande mídia -, mas é um ótimo exemplar do horror nacional, em especial pelos segmentos No Trovão, Na Chuva ou na Tempestade; Invisível e Sete Minutos Para a Meia-Noite. Ghiorzi está trabalhando ativamente em uma continuação com outros diretores, que será focado em demônios!

E por falar em terror, não podemos nos esquecer de um dos filmes mais interessantes e assustadores do ano, Histórias Assustadoras para Contar no Escuro. O longa é uma adaptação dos livros infanto-juvenis de Alvin Schwartz, e fala sobre um grupo de adolescentes que encontra um livro misterioso em uma casa mal-assombrada.

Contudo, ao ler as histórias do livro, eles começam a ser assombrados por criaturas grotescas e seres sobrenaturais, e precisam lutar para sobreviver. O filme foi produzido por Guillermo Del Toro, e por mais que seja voltado para audiências mais novas, é um longa profundamente assustador e que toca em assuntos bem sensíveis, como a Guerra do Vietnã.

Falando em filmes voltados para um público mais jovem, você provavelmente deve ter visto o cartaz de Dora e a Cidade Perdida no cinema de sua cidade e saiu correndo. No entanto, o filme é surpreendentemente bom, por pegar toda a mitologia de Dora, a Aventureira e subvertê-la com tiradas cômicas e bem-humoradas.

O filme tanto serve para as crianças fãs do desenho animado quanto para aqueles que não o suportam, já que é uma obra bem auto-consciente que constantemente zoa os clichês do material original. Além disso, é uma aventura bem divertida e familiar, que conta com os grandes talentos de Isabela Merced e Michael Peña no elenco.

Não foram só as produções norte-americanas que tiveram muito prestígio esse ano. O cinema asiático sempre teve expoentes exemplares, e o sul-coreano Parasita é provavelmente um dos melhores filmes (se não o melhor) do ano. O diretor Bong Joon Ho nos apresenta com uma nova obra de arte, após os excelentes Okja e Expresso do Amanhã.

Definir a história desse filme é um trabalho difícil, já que o longa tem muitas reviravoltas e constantemente surpreende seu público. Basicamente, acompanhamos uma família pobre que, lentamente, adentra na casa de uma família rica. Parasita tem um pouco de tudo: comédia, drama e até mesmo horror, e é uma experiência única que você precisa viver.

O filme dessa lista lançado mais recentemente no cinema brasileiro é Entre Facas e Segredos, o mais novo projeto de Rian Johnson - diretor do controverso Star Wars: Os Últimos Jedi - é um mistério de assassinato, nos melhores moldes dos livros de Agatha Christie, com muitos segredos e reviravoltas dramáticas.

O elenco é encabeçado por grandes nomes, como Jamie Lee Curtis, Daniel Craig, Chris Evans, Ana de Armas e Toni Collette, e a história gira em torno da investigação da morte do patriarca de uma família muito rica e excêntrica. O filme recebeu muitos elogios nos Estados Unidos, mas devido à baixa divulgação, não está sendo tão falado por aqui.

Em 2019, os serviços de streaming investiram ferrenhamente em produções originais. A Hulu (que infelizmente, não está disponível no Brasil) nos trouxe o excepcional Pequenos Monstros, que mistura comédia e horror de uma maneira divertidíssima, colocando Lupita Nyong'o como uma professora que precisa salvar seus alunos de uma infestação de zumbis.

Cheio de momentos hilários, o filme se provou uma das melhores comédias do ano - mesmo que tenha recebido pouca atenção. 2019 foi um ótimo ano para Lupita, entre esse filme e o espetacular Nós. Além disso, o longa dirigido por Abe Forsythe ainda traz em seu elenco nomes como Alexander England e Josh Gad.

Outro filme que fez muito barulho lá fora mas que infelizmente não foi tão comentado por aqui (até por não ter tido uma estreia nos cinemas brasileiros) é Ready or Not, outra comédia de horror que, assim como Parasita ou Entre Facas e Segredos, fala um pouco sobre a dinâmica de classes e a "excentricidade" dos ricos.

A história gira em torno de uma noiva que acaba de se casar com o filho mais jovem de uma família... peculiar. Para celebrar o casamento, ela precisa passar por um ritual de passagem e jogar um jogo com os parentes de seu marido - mas as coisas vão de mal a pior quando o jogo se torna uma caçada mortal e sanguinária. O filme conta com Samara Weaving e Adam Brody.

Para finalizar de um jeito mais "leve", não podemos nos esquecer do aclamado The Farewell, que também não teve uma estreia comercial no país. O filme é estrelado por Awkwafina no papel de uma jovem que precisa voltar para a China quando descobre que sua vó tem poucos meses de vida devido a uma doença.

Essencialmente um drama familiar, The Farewell mistura elementos de comédia para mostrar que toda família é igual. É um filme engraçado e, ao mesmo tempo, emocionante. Curiosamente, a história é baseada no que aconteceu com a diretora Lulu Wang - e há altas chances do filme conquistar muitas indicações no Oscar do ano que vem.