Ainda que o título “Guerra Civil” tenha sido, em partes, bem pretensioso, pelo menos para a fase atual da Marvel, o filme não engloba apenas a batalha entre os heróis, mas serve de catalisador para todos os eventos destrutivos do universo Marvel até agora.

Mesmo assim, a quantidade de personagens no filme é MUITO inferior a das revistas. Nos quadrinhos você tem um Universo já consolidado, todos os heróis Marvel (pelo menos os terrenos) são afetados, em pequena ou grande escala, pelo Ato de Registro. Lembrando sempre que, nos quadrinhos, nós não temos só Vingadores, as revistas não tem restrição de direitos sobre equipes. No cinema, a ideia da Guerra foi limitada aos personagens já existentes, diminuindo extremamente a escala em números, não em impacto.

Essa é bem simples. Muita gente morre nos quadrinhos. Heróis mesmo. O próprio Capitão América. Nada disso foi levado para as telas, pelo menos não em relação à batalha dos heróis.

Considerando as duas mídias, ainda que o número de personagens seja infinitamente superior nos quadrinhos, além da destruição causada na guerra ser mais extensa, a escala e abrangência do Acordo dos cinemas é muito maior. Enquanto os eventos da Guerra Civil nas revistas ficam concentrados nos EUA, a ideia do Acordo de Sokóvia vem da ONU e boa parte dos eventos do filme são globais.

No caso do filme, o Homem-Aranha já entrou direto no Time Stark, mas nos quadrinhos, a relação do Aranha com os dois lados é muito importante e explorada.

Uma das ideias principais do Ato de Registro, nos quadrinhos, era saber quem eram as pessoas por trás das máscaras heroicas, a identidade secreta (muito bem preservada nas revistas) dos heróis estava em jogo, tanto que um dos momentos mais icônicos da saga é quando o Homem-Aranha tira sua máscara para o público. No caso do filme, essa ideia não faz o menor sentido, quando a maioria das identidades ali já são conhecidas pelo público.

A Agente 13 teve seu papel em Capitão América: Guerra Civil, porém, considerando seus feitos nos quadrinhos, a Sharon Carter dos cinemas passou muito longe da original. Na saga Guerra Civil, ela atua como espiã e, no fim, dá o tiro que derruba o Capitão América. Quando foi anunciada no longa, muitos esperavam o mesmo fim da HQ, o que acabou não acontecendo.

Uma das diferenças fundamentais entre as duas mídias é a política discutida que dá espaço para a guerra entre os heróis. No caso dos quadrinhos, temos o Ato de Registro, para catalogar e manter um certo controle sobre os super-heróis, extinguindo identidades secretas. Já no cinema, o caso é bem diferente. O Acordo de Sokóvia coloca os Vingadores sob às ordens da ONU e do governo, que controlariam quando e onde os heróis deveriam agir.

O Homem de Ferro até tem seu papel político na Guerra Civil dos cinemas, mas não é algo tão forte quanto nos quadrinhos. Ao final da saga, nas revistas, Tony Stark torna-se o novo diretor da SHIELD, enquanto no filme, bom, mais sorte pro Tony na próxima vez, né?

Mesmo que tenham tentado vender um Pantera Negra “neutro” no filme, o herói sempre esteve do lado do Homem de Ferro, ainda que seus interesses não fossem exatamente os mesmos. O filme não traz neutralidade, até porque não possui personagens o suficiente para isso, porém, nos quadrinhos, os neutros existem, como no caso do Dr. Estranho ou os X-Men.

Da mesma forma que não houve espaço para neutralidade no filme, também não foi mostrado o lado dos heróis menores, que já sabemos que existem, no caso do Demolidor, Jessica Jones, Luke Cage e os Inumanos da SHIELD, até porque o Acordo de Sokóvia dizia mais respeito aos Vingadores. No caso dos quadrinhos, o Ato engloba todos os heróis, então não são só os heróis “Classe A” da Marvel na luta; em algumas histórias temos os heróis menores lidando com a situação da sua forma.