Embora muitas coisas ainda não estivessem definidas, um elemento era certo em Vingadores: Era de Ultron: o diretor Joss Whedon, responsável pelo absoluto sucesso crítico e comercial do primeiro filme, iria retornar para a continuação. Agora, o cineasta estava munido de várias ideias e queria criar a história que sempre quis, trazendo o vilão Thanos como a principal ameaça da trama.

Porém, a execução do filme não foi fácil. Whedon não apenas retornou como diretor, mas também assumiu sozinho o cargo de roteirista do filme, o que tornou a experiência extremamente exaustiva. Para piorar, os executivos da Marvel Entertainment, liderados por Ike Perlmutter, fizeram diversas mudanças na pós-produção do longa, removendo vários elementos que seriam importantes em prol de uma duração menor e mais rentável. Whedon abandonaria o mundo de super-heróis por um tempo, e só retornaria para "dirigir" outra super-equipe formidável das HQs: Liga da Justiça.

Após a investida de Loki contra a Terra, Joss Whedon sabia que precisaria de um vilão maior e mais parrudo para lutar contra os super-heróis. Por conta disso, sua primeira escolha foi Ultron, um inimigo clássico da equipe. Originalmente criado por Hank Pym, o Homem-Formiga, ele se voltou contra seu criador, e vivia em busca de vingança, enquanto tentava destruir os Vingadores de dentro para fora. Como o diminuto herói não havia sido apresentado ainda, o diretor adaptou suas origens, e ele passou a ser uma criação de Tony Stark, o Homem de Ferro.

Whedon já tinha um ator em mente para o papel: o americano James Spader, famoso por The Blacklist e Sexo, Mentiras e Videotape. Embora ele fosse originalmente fazer apenas a voz do vilão, Spader acabou atuando em várias cenas com captura de movimentos, para que os atores sentissem um ambiente mais realista. Além disso, a voz do robô é basicamente a voz real do ator, sem nenhum tipo de sotaque diferente ou floreio vocal. As únicas mudanças vêm de manipulações digitais do áudio.

Para o segundo filme da equipe, Joss Whedon queria que novos membros fossem apresentados, e as duas primeiras opções do diretor eram, coincidentemente, personagens muito importantes nas HQs dos Vingadores. Eram eles a Feiticeira Escarlate e o Mercúrio. Ela era capaz de alterar a realidade ao seu redor, enquanto ele era um velocista muito poderoso. De acordo com Whedon, ele quis inserir os gêmeos porque "seus poderes eram legais" e poderiam ser representados de formas criativas visualmente.

No entanto, havia um empecilho no caminho: nos quadrinhos, os dois originalmente eram mutantes, filhos de Magneto, o que os colocava em uma "área cinza", já que seus direitos de adaptação também pertenciam à 20th Century Fox. Ainda assim, o estúdio seguiu com a ideia (mesmo que outra versão do Mercúrio tivesse sido apresentada em X-Men: Dias de um Futuro Esquecido). Meses depois, a editora alterou sua origem nas HQs, e eles deixaram de ser considerados mutantes.

Nos quadrinhos, o Visão era uma criação de Ultron para derrotar os Vingadores. Eventualmente, ele se libertaria do controle de seu criador, e passaria a ajudar a equipe. No filme, isso não foi muito diferente, mas Whedon estabeleceu uma mudança significativa para que o personagem tivesse uma maior relação com a equipe: de certa forma, a ação de todos os heróis contribui para o nascimento do Vingador Sintético, de forma que ele é um "filho" da equipe.

Curiosamente, o papel foi dado a Paul Bettany, que já havia interpretado a voz de J.A.R.V.I.S. nos três filmes do Homem de Ferro e em Os Vingadores. A ideia veio do próprio Joss Whedon, que além de ver o Visão como um "novo passo na evolução" da inteligência artificial, queria "recompensar" o ator por ter passado tanto tempo fazendo apenas uma voz.

Como o primeiro filme tinha sido muito introdutório, para apresentar a equipe e seus membros, alguns heróis acabaram sendo deixados de lado, o que enraiveceu os atores. O caso mais notável é o do Gavião Arqueiro, que passa metade do longa original sendo controlado por Loki, e depois, só tem breves interações com a Viúva Negra e o Capitão América. Para fazer justiça ao personagem, Joss Whedon incluiu toda uma subtrama a respeito da vida civil do herói, conforme o público descobria que ele possuía uma família escondida.

Mas ele não foi o único a ganhar destaque. Whedon fez questão que os novos personagens e os heróis que tinham tido pouco tempo de tela no filme anterior ganhassem mais espaço. Por conta disso, a Viúva Negra e o Mercúrio aparecem bastante no filme, e só não têm tanto tempo de tela quanto os dois Vingadores "centrais", o Capitão América e o Homem de Ferro.

Ao todo, Vingadores: Era de Ultron possui, até hoje, a maior quantidade de vilões e antagonistas em um filme do Universo Cinematográfico da Marvel. São eles o próprio Ultron, a Feiticeira Escarlate e o Mercúrio, o Barão Von Strucker, o Garra Sônica e o próprio Hulk, durante um pequeno segmento do filme. Infelizmente, nem todo mundo foi aproveitado como deveria, como é o caso de Von Strucker, que acabou morrendo ao longo da trama.

O personagem seria originalmente introduzido em Capitão América: O Primeiro Vingador, mas os roteiristas decidiram poupá-lo para não transformá-lo em um vilão coadjuvante e sem desenvolvimento (justamente o que aconteceu em Era de Ultron. Além disso, em esboços originais do roteiro, o Abominável, apresentado em O Incrível Hulk, também estaria no filme, mas foi removido pela quantidade já excessiva de personagens na trama.

O filme apresentou a primeira versão em live-action da Hulkbuster (ou Caça-Hulk), uma das armaduras mais famosas do inventário do Homem de Ferro, cuja função principal é conseguir conter e deter o Hulk, caso o Gigante Esmeralda tenha algum acesso incontrolável de fúria. A ideia de trazer a armadura à vida foi de Joss Whedon, que sempre quis ver um grande confronto entre Tony Stark e Bruce Banner.

A cena da pancadaria entre o Homem de Ferro e o Hulk foi uma das mais intensas do filme, e foi filmada realmente na África do Sul, onde a sequência é situada. Para a cena, foram necessárias várias equipes de efeitos visuais, e de acordo com o diretor, é justamente a cena que insere o Hulk em toda sua jornada pessoal no futuro (que levou a Thor: Ragnarok, lançada no ano passado). Vale lembrar que a Hulkbuster terá uma segunda versão em Vingadores: Guerra Infinita, e que, segundo rumores, deverá ser trajada pelo próprio Bruce Banner.

Vingadores: Era de Ultron foi um dos primeiros filmes a trazer o nome de um arco popular dos quadrinhos para o Universo Cinematográfico da Marvel, precedido apenas por Capitão América: O Soldado Invernal. A HQ da qual o filme recebeu seu título havia sido lançada em 2013, com roteiros de Brian Michael Bendis e arte de Bryan Hitch e vários outros ilustradores. Mas quando os fãs viram o filme, perceberam que nada tinha a ver com a história da saga.

Segundo Kevin Feige, a ideia era fazer "a versão de Era de Ultron propícia para o UCM", aproveitando alguns elementos e personagens, mas adaptando a história para que ela fizesse sentido dentro desse contexto cinematográfico. Isso acabou inaugurando uma frequente corrente entre os filmes da Marvel Studios, já que nem Capitão América: Guerra Civil e nem Thor: Ragnarok, apesar de se inspirarem fortemente nos arcos que carregam no título, são filmes fiéis às sagas das HQs.

Quando Thanos apareceu pela primeira vez no final de Os Vingadores, todos os fãs supuseram que o vilão cósmico seria o principal inimigo do segundo filme da equipe, e essa era uma visão compartilhada pelos executivos da Marvel Studios. Mas Joss Whedon tinha um plano bem diferente para isso e deixou claro que a ideia era continuar mantendo a história centrada na Terra e nos dilemas pessoais dos heróis, deixando o Titã Louco para um terceiro filme.

A revelação de que Era de Ultron seria o título do segundo filme do grupo de heróis acabou chocando os fãs, já que ninguém ainda havia se manifestado sobre o assunto e todos achavam que Thanos seria um vilão imediato após a invasão de Loki. A decisão de Whedon veio porque ele considera Thanos o "lorde supremo da vilania e da escuridão", e deveria ser resguardado para o futuro.

Ao final do filme, quando a equipe já conseguiu derrotar Ultron, temos uma cena que apresenta uma nova formação do grupo de super-heróis, conhecida extra-oficialmente como os Novos Vingadores. Na cena, podemos vê-los em um novo quartel-general, e temos, em cena, a Feiticeira Escarlate, o Visão, o Falcão e o Máquina de Combate, liderados pelo Capitão América e pela Viúva Negra. Contudo, Whedon quase apresentou dois outros heróis importantes nessa sequência.

A Marvel Studios tinha acabado de fechar um acordo com a Sony, e a ideia era apresentar o Homem-Aranha ali, junto com a equipe, antes de seu filme solo. Além dele, estaria presente a Capitã Marvel. Contudo, o diretor sentiu que isso não seria respeitoso com os personagens, e que eles precisariam ganhar uma apresentação digna, e acabou retirando-os da cena. O Aranha logo fez sua estreia em Capitão América: Guerra Civil, antes de ganhar seu próprio filme solo, e a Capitã Marvel terá sua aventura própria antes de se juntar à ação em Vingadores 4.

Para aproveitar e relembrar todos os grandes clássicos do Universo Cinematográfico da Marvel enquanto se prepara para a aguardada estreia de Vingadores: Guerra Infinita, não deixe de conferir também nossas listas anteriores de bastidores dos filmes, que você confere clicando nos links abaixo:

• Homem de Ferro
• O Incrível Hulk
• Homem de Ferro 2
• Thor
• Capitão América: O Primeiro Vingador
• Os Vingadores
• Homem de Ferro 3
• Thor: O Mundo Sombrio
• Capitão América: O Soldado Invernal
• Guardiões da Galáxia