Em várias entrevistas, Kevin Feige disse que sabia que, após a inserção do Homem de Ferro, o próximo passo nos cinemas era introduzir o Thor - um herói de origens divinas e místicas, que poderia ser o contraponto perfeito à abordagem mais "realista" e moderna que o Universo Cinematográfico da Marvel estava tendo até então.

Vale mencionar, no entanto, que essa não é a primeira adaptação em live-action do Deus do Trovão da Marvel. O herói já apareceu no telefilme O Retorno do Incrível Hulk, de 1988, que trazia continuidade à história da série do Gigante Esmeralda. Lá, o personagem foi interpretado por Eric Allan Krammer, e tinha um visual bem diferente das HQs.

Conhecido apenas por papéis pequenos na televisão,e por participações em filmes como Star Trek, A Trilha e Ca$h, o astro Chris Hemsworth fez de tudo ao seu alcance para se tornar o Deus do Trovão nos cinemas. Nascido na Austrália, o ator tem dois irmãos que também buscaram sua carreira nas telas e nos palcos.

Durante a seleção para o personagem, o papel ficou dividido entre ele e seu irmão mais novo, Liam Hemsworth. Eventualmente, Chris acabou sendo chamado para a franquia. Mas mesmo na época, ele nunca nutriu rivalidade com seu irmão, e chegou a torcer para que ganhasse o papel, caso não conseguisse. Chris se dedicou ao extremo, malhando de uma forma tão intensa, que o seu figurino deixou de servir no meio das gravações.

Quem vê Tom Hiddleston no papel de Loki - o maior vilão do Universo Cinematográfico da Marvel até o momento - nem imagina que o ator chegou a fazer testes para interpretar Thor nos cinemas, antes de ser contratado para viver o maléfico Deus da Trapaça.

Hiddleston já conhecia o diretor Kenneth Branagh, através de uma peça de teatro chamada Ivanov, na qual ambos atuavam. Ele fez de tudo para se provar digno para o papel, quando Branagh foi anunciado como diretor. Mas mesmo depois, quando foi escalado como Loki, o ator não mudou sua rotina. Ele pesquisou muito sobre o personagem, perdeu peso para que o vilão tivesse um aspecto frágil e chegou a fazer aulas de capoeira, para moldar o estilo de luta da divindade.

Para interpretar Odin, o grande "deus supremo" da mitologia nórdica, foi chamado Anthony Hopkins, um ator com um excelente currículo. Ele teve dificuldades para se adaptar ao papel, especialmente pelo figurino, que era muito pesado. Ainda assim, o ator deu o melhor de si, e na cena em que ele briga com Thor e o expulsa de Asgard, boa parte da equipe de produção estava chorando atrás das câmeras.

Curiosamente, outra personalidade muito marcante já teve interesse em interpretar a divindade nos cinemas: o próprio Stan Lee. O quadrinista, no entanto, disse que estava feliz em ver Hopkins no papel do deus. Mas vale lembrar que, antes do ator ser convocado, o papel tinha sido oferecido a Mel Gibson, que o recusou.

Na ideia de traçar algo mais humano para o Deus do Trovão, o filme também inseriu um de seus maiores interesses românticos dos quadrinhos: Jane Foster. Porém, a personagem veio com uma série de mudanças. Em vez de ser apenas uma enfermeira coadjuvante que cumpre o papel de donzela em perigo, a personagem do filme foi reformulada como uma astrofísica essencial para a jornada do Thor.

Natalie Portman, tendo ganhado anteriormente o Oscar de Melhor Atriz por Cisne Negro, topou o papel por "querer embarcar em uma jornada de super-heróis". Ela traçou mudanças no roteiro, já que originalmente, Foster seria muito cética e rígida. A atriz queria que ela fosse mais poética, ao tomar um salto de fé e ver as consequências disso.

Para conseguir traduzir para os cinemas um herói tão épico quanto o Deus do Trovão, a escolha da Marvel para diretor era alguém que conseguiria lidar com as nuances teatrais do personagem. Assim sendo, Kenneth Branagh parecia uma opção óbvia, por ser um dos diretores que mais lida com adaptações de Shakespeare para os cinemas.

O diretor tentou criar algo grandioso e poético, mas sua principal decisão foi abordar o lado humano do herói - motivo pelo qual a maior parte do filme se passa na Terra. Ele era um grande fã do herói nas HQs, e sua ideia era que o filme fosse uma versão fantástica de Henrique V, a famosa peça de Shakespeare sobre o rei britânico. Curiosamente, até hoje, ele é o único diretor da Marvel Studios que já foi indicado a um Oscar por trabalhos anteriores.

De todos os filmes da Fase 1 do Universo Cinematográfico da Marvel, é justamente Thor que mais traz alterações em relação à origem do herói e sua representação nas HQs. Porém, ainda que isso se faça muito aparente, é importante notar que a produção conseguiu homenagear vários elementos das HQs de forma incrível ao longo do filme.

Além da clássica aparição de Stan Lee - que co-criou o herói junto com seu irmão, Larry Lieber e o desenhista Jack Kirby - temos também uma referência à primeira revista do herói, Journey Into Mystery, em um grande outdoor. Outro elemento importante é Donald Blake, que nas HQs, era o alter-ego humano do herói, e nos cinemas, é citado com ex-namorado de Jane Foster.

O filme fez um trabalho razoável ao apresentar o mundo fantástico de Asgard, a dimensão onde vivem os deuses nórdicos. E embora muitos não tenham gostado da abordagem científica dada à mitologia, ela casa de forma muito marcante com o que Jack Kirby concebeu para os personagens nas HQs, sobretudo na série de histórias Tales of Asgard.

Contudo, para a decepção dos fãs, mais da metade do filme se passa na Terra, em uma cidade isolada do Novo México, chamada Puente Antiguo (que, em tradução livre, significa "Ponte Antiga", uma referência à Bifrost, a "ponte do arco-íris"). A cidade foi inteiramente construída para o filme, na locação real de Galisteo, uma área da cidade de Santa Fe.

Durante o filme, temos uma sequência belíssima que se dá quando Thor é expulso de Asgard e cai na Terra. Durante a viagem pela Bifrost, vemos diversas imagens do espaço sideral, incluindo constelações, galáxias, nebulosas e outros corpos cósmicos. Essa mesma cena posteriormente foi utilizada durante os créditos finais do filme.

Essa foi uma das cenas mais complexas de toda produção. As imagens foram feitas com base em registros tirados pelo Telescópio Espacial Hubble, e demoraram cerca de dezoito meses para ficarem prontas, com a ajuda de efeitos visuais, trabalho sonoro e edição. Foi, até hoje, a sequência de créditos mais trabalhosa já feita pela Marvel Studios.

Um easter-egg que muitos não perceberam, a respeito do filme, está na cratera onde o Mjölnir fica preso depois que Odin o arremessa na Terra. Se você olhar atentamente, verá uma referência bem clara ao escudo de vibranium do Capitão América**, devido às formas deixadas no chão pelo impacto.

A intenção era fazer algo bem sutil, que pudesse trazer pistas sobre o próximo lançamento do estúdio, Capitão América: O Primeiro Vingador. O local onde o martelo é fixado tem a forma de uma estrela bruta, e ao seu redor, vemos algumas formas bem definidas de círculos, em referência às faixas de cores do escudo do Super Soldado.

Para aproveitar e relembrar todos os grandes clássicos do Universo Cinematográfico da Marvel enquanto se prepara para a aguardada estreia de Vingadores: Guerra Infinita, não deixe de conferir também nossas listas anteriores de bastidores dos filmes, que você confere clicando nos links abaixo:

• Homem de Ferro
• O Incrível Hulk
• Homem de Ferro 2