Quem viu o filme ser lançado em 2015, nem imagina que a produção o antecede em mais de uma década. A ideia para Homem-Formiga veio de Edgar Wright, o famoso diretor britânico responsável por filmes como Chumbo Grosso e Em Ritmo de Fuga. Ele propôs a ideia de um longa do personagem para a Marvel em 2003, e desde então, trabalhou ferrenhamente com a empresa, desenvolvendo um roteiro para o longa.

Quando o Universo Cinematográfico da Marvel chegou aos cinemas, ele foi convidado a reformular o projeto para que se encaixasse nisso, e recebeu a proposta para dirigir o filme. Inicialmente, ele aceitou a oferta, mas em maio de 2014, mais de um ano antes do lançamento do longa, ele abandonou o projeto, devido a várias divergências criativas com a Disney. Wright queria um filme auto-contido, enquanto o estúdio visava trazer várias referências aos outros filmes lançados desse universo.

Assim que Edgar Wright abandonou a produção, a Marvel Studios partiu em busca de um novo diretor, e encontrou o substituto ideal em Peyton Reed, que havia sido anteriormente considerado para dirigir Guardiões da Galáxia. Mas ele não foi o único a entrar para a equipe. Devido à saída de Wright, o roteiro passou por uma série de adaptações, e por conta disso, mais roteiristas foram chamados.

Adam McKay foi chamado, devido à sua familiaridade com o astro do filme, Paul Rudd. Este também conseguiu créditos de roteirista, por ter influenciado bastante nos diálogos e nas mudanças do filme. Além deles, Reed revela que Andrew Barrer e Gabriel Ferrari (ambos de A Face do Mal) contribuíram com as reformulações no roteiro, mas que não foram creditados devido às normas do Sindicato de Roteiristas da América.

Nos quadrinhos, o Homem-Formiga é um título que já foi usado por três personagens distintos. O mais famoso deles era Hank Pym, o criador das Partículas Pym (responsáveis pelo poder de encolhimento do herói), e membro fundador dos Vingadores, ao lado de sua esposa, a heroína conhecida como Vespa. Originalmente, quando Edgar Wright ainda estava em estágios iniciais de desenvolvimento, ele seria o personagem principal do filme, motivo pelo qual não apareceu em nenhum filme da super-equipe da Marvel.

Contudo, havia um problema latente: nas HQs, Hank Pym era visto como um herói muito instável e que tinha um histórico nada agradável: em um surto psicótico, ele chegou a agredir a própria esposa. Por conta disso, os produtores do estúdio disseram que ele não era um herói muito "family-friendly", ou seja, não era um herói legal para um filme para toda a família. Assim sendo, o protagonista passou a ser Scott Lang, e Pym virou apenas um mentor e coadjuvante.

Enquanto procurava um ator para o papel de Scott Lang, Edgar Wright sabia que precisaria de alguém com uma forte inclinação para a comédia, já que o papel dependia muito disso. E em um dos poucos casos do Universo Cinematográfico da Marvel onde a escolha de um ator não demora muito e não têm muitos concorrentes, Paul Rudd foi escolhido para o papel, devido ao seu repertório em vários filmes de comédia.

Ele trabalhou intensamente pelo personagem, não apenas fazendo academia para ficar sarado o suficiente, como também praticando artes marciais e ginástica para se manter a nível da fisicalidade do herói. Com a saída de Wright, Rudd deu um passo à frente na produção, ajudando a compor o roteiro do filme. Curiosamente, quando contou para seu filho de nove anos que havia sido escalado no papel, ele ouviu como resposta: "Uau, mal posso esperar pra ver como isso vai ser estúpido!"

Embora a figura de Hope Pym sempre estivesse presente desde os estágios iniciais de desenvolvimento, quando foi decidido que Scott Lang seria o protagonista e Hank Pym seu mentor, o papel da personagem foi gradativamente esticado. De acordo com a atriz, Evangeline Lilly, o roteiro inicial de Edgar Wright não a dava muita participação, o que leva os fãs a suspeitarem que ela não se tornaria a Vespa ao fim do filme.

Entretanto, com a saída de Wright, ela auxiliou os roteiristas, dando mais ideias para que sua presença fosse maior no filme. Curiosamente, antes que Evangeline conquistasse o papel, a atriz Jessica Chastain teria sido chamada para o filme, mas recusou devido à agenda apertada. É o segundo papel no Universo Cinematográfico da Marvel que a atriz abandonou, depois de ter sido escalada e deixado o papel de Maya Hansen em Homem de Ferro 3.

Originalmente, o filme não teria a participação de nenhum dos Vingadores, conforme Edgar Wright não tinha interesse em criar muitas referências ao Universo Cinematográfico da Marvel, e queria fazer algo mais fechado e contido. Contudo, depois que ele abandonou a produção por pressão do estúdio, e foi substituído por Peyton Reed, isso logo mudou de figura.

A inclusão do Falcão se deu por conta do roteirista Adam McKay e de Paul Rudd. Os dois viram Capitão América: O Soldado Invernal, e se apaixonaram pelo personagem. Após algumas conversas com a Marvel Studios, o próprio Kevin Feige encorajou-os a usar o herói no filme, já que, ao mesmo tempo em que criaria a conexão necessária com a franquia dos Vingadores, serviria para um momento específico da trama, no qual Scott Lang precisa invadir o quartel-general da super-equipe.

Não foi apenas Edgar Wright que deixou o filme. Porém, quando ele ainda tomava conta da produção, vários atores foram escalados no elenco. Dentre eles, teríamos Patrick Wilson no papel de Paxton (o novo marido da ex-mulher de Scott Lang, e padrasto de Cassie), e Matt Gerald e Kevin Weisman em papéis secretos. Com Wright abandonando o cargo, o filme passou por várias mudanças de planejamento, e Wilson precisou abandonar o projeto, sendo substituído por Bobby Cannavale.

Por outro lado, os papéis de Weisman e Gerald sofreram de formas diferentes. Segundo a produção, eles foram cortados devido ao novo roteiro de Adam McKay, e por conta disso, os atores foram dispensados. Curiosamente, os dois retornaram em outros papeis no Universo Cinematográfico da Marvel. Enquanto Gerald é Melvin Potter em Demolidor, Weisman ganhou destaque ao interpretar Dale Yorkes em Fugitivos.

Para o filme, a Marvel decidiu que seria interessante abordar um elemento recorrente dos filmes de super-heróis: o vilão que simboliza o oposto do herói. Esse foi o caso do Jaqueta Amarela, alter-ego de Darren Cross, interpretado por Corey Stoll no filme. No roteiro original de Edgar Wright, Cross teria outro alter-ego, e seria chamado de Nano-Warrior (algo como Nano-Guerreiro, um personagem inexistente nos quadrinhos).

O personagem é uma mistura de três elementos clássicos das HQs. O homem atrás da armadura, Darren Cross, é um vilão famoso de Scott Lang, que atua (assim como no filme) como empresário. Já o Jaqueta Amarela era o nome dado a uma personalidade insana de Hank Pym, que chegou a agredir sua mulher, a Vespa. Por fim, o traje em si é modelado com base em Eric O'Grady, um outro Homem-Formiga dos quadrinhos, que atua como anti-herói.

Quando Michael Douglas foi escolhido para o filme, ele já tinha uma carreira brilhante nas costas, tendo inclusive ganhado o Oscar de Melhor Ator por sua performance em Wall Street: Poder e Cobiça. Porém, um de seus papéis mais famosos, sem dúvidas, é o do Detetive Nick Curran em Instinto Selvagem, de 1992, onde atuou ao lado de Sharon Stone. Em uma das cenas mais memoráveis do filme, o personagem de Douglas conversa com a personagem de Stone. Ela cruza as pernas, e o público pode ver que ela não usa roupa íntima por baixo de seu vestido.

Em Homem-Formiga, há uma cena em que Hank Pym e Scott Lang estão conversando, enquanto sentam em cadeiras, um de frente para o outro. Paul Rudd, tentando recriar a famosa sequência de Instinto Selvagem, ficou cruzando as pernas diversas vezes na frente de Douglas. Quando o ator percebeu, disse a Rudd: "O que você é? Pervertido do c***!"

Assim como vários outros filmes lançados na mesma época, como Deadpool e Esquadrão Suicida, Homem-Formiga teve uma campanha de marketing brilhantemente criativa, que buscava retratar, de forma irônica, a escala "épica" dos poderes do herói. Por conta disso, vários elementos foram usados para dar ao filme uma repercussão viral intensa.

O primeiro cartaz do filme trazia uma tela quase que absolutamente em branco, com exceção do título do longa, alguns dizeres e uma silhueta microscópica no centro, referente ao herói. Além disso, o primeiro teaser do trailer oficial do filme também era encolhido. Porém, o mais criativo estava nos outdoors. Em vez das grandes placas colocadas no centro das cidades, os cartazes e banners do filme eram colocados em pedestais minúsculos, espalhados por vários locais dos Estados Unidos e do mundo.

Para aproveitar e relembrar todos os grandes clássicos do Universo Cinematográfico da Marvel enquanto se prepara para a aguardada estreia de Vingadores: Guerra Infinita, não deixe de conferir também nossas listas anteriores de bastidores dos filmes, que você confere clicando nos links abaixo:

• Homem de Ferro
• O Incrível Hulk
• Homem de Ferro 2
• Thor
• Capitão América: O Primeiro Vingador
• Os Vingadores
• Homem de Ferro 3
• Thor: O Mundo Sombrio
• Capitão América: O Soldado Invernal
• Guardiões da Galáxia
• Vingadores: Era de Ultron