O filme demorou quase vinte anos para sair do papel. Os primeiros planos datam de 1990, e vários diretores já passaram pelo projeto, como Stuart Gordon, Nick Cassavetes e o próprio Quentin Tarantino. Outro que foi chamado foi Joss Whedon, que na época não pode assumir o cargo, mas posteriormente iria trabalhar com o herói em Os Vingadores.

Durante a fase de planejamento, o longa passou nas mãos de diversos estúdios. Originalmente, ele seria lançado pela Universal, depois, pela Fox e pela New Line Cinema. Os direitos do personagem voltaram para a Marvel por volta de 2005, e foi aí que a empresa lançou seu próprio estúdio cinematográfico, que inicialmente tinha uma parceria de distribuição com a Paramount - e que durou até Homem de Ferro 3.

Mesmo após aprovado, o filme se arriscou de formas inimagináveis. É dito que mais de 30 roteiristas recusaram a oportunidade de escrever a história, por não terem fé em um "personagem B dos quadrinhos". Outro medo era trabalhar para a Marvel Studios, um estúdio recém-formado e que se dedicava apenas a filmes baseados em HQs.

Quando Homem de Ferro começou a ser gravado, o roteiro sequer estava concluído. Eles tinham apenas a estrutura básica da história e das cenas de ação, mas a maior parte do diálogo foi improvisada. Inclusive, um dos melhores momentos do filme - quando Obadiah rouba o Reator ARC de Tony - foi criado na hora, por Jeff Bridges.

Hoje em dia, é difícil imaginar o Universo Cinematográfico da Marvel sem a icônica presença de Robert Downey Jr. E nesse filme, ele se mostra realmente a par do Homem de Ferro dos quadrinhos, incorporando várias nuances da personalidade de Tony Stark, desde o charme playboy ao humor sarcástico.

Muitos tentaram conseguir o papel, como Tom Cruise e Nicolas Cage. Mas no fim, Jon Favreau (o diretor) quis Downey Jr. após ver o ator em Beijos e Tiros, de 2005, e o próprio Stan Lee já deixou claro que acha o ator perfeito para interpretar o herói nos cinemas, como se tivesse nascido exatamente para isso.

Robert Downey Jr., assim como o próprio Tony Stark, possui um passado não muito honroso, uma vez que já foi viciado em drogas e quase teve sua carreira destruída por conta disso. O diretor disse que esse passado foi um fator decisivo na hora de escalar o ator, e o próprio Downey consegue fazer uma referência a isso no filme.

Em determinado momento do longa, ele come um sanduíche da Burger King enquanto dá uma coletiva de imprensa. O ator disse que foi graças à empresa de fast food que sua vida mudou, pois certo dia, ele comeu "o pior sanduíche de sua vida", e passou a repensar todo seu futuro, se livrando das drogas e pedindo ajuda - de forma bem similar, Tony também "repensa o futuro" de sua empresa na cena da coletiva.

O grande vilão do filme, o Monge de Ferro - alter-ego de Obadiah Stane, brilhantemente interpretado por Jeff Bridges - originalmente seria deixado para um segundo filme, nos planos iniciais de Jon Favreau para uma trilogia do Homem de Ferro. A ideia é que ele fosse apresentado apenas como um amigo e aliado de Tony Stark no primeiro filme.

No entanto, algo mais curioso iria acontecer: no primeiro filme, o grande vilão seria o Mandarim - reimaginado como um terrorista indonésio. Porém, o diretor achou que isso seria mirabolante demais para um primeiro filme, devido à conexão do vilão com magia e elementos místicos, e resolveu deixar para o futuro, estabelecendo apenas referências aos Dez Anéis no primeiro longa. Em seu lugar, ele trouxe alguém que poderia ter paralelos com Stark - outro industrialista de armadura.

Paul Bettany hoje pode ser conhecido por interpretar o Visão nos cinemas, mas há alguns anos atrás, ele fazia apenas a voz de J.A.R.V.I.S., a inteligência artificial que toma conta das armaduras e dos estabelecimentos de Tony Stark. Mas de início, o ator não gostava muito do papel. Ele dizia que era quase como um roubo ganhar dinheiro por gravar apenas duas horas de diálogo e depois ir embora.

Isso foi, em parte, o que motivou a Marvel Studios a transformá-lo no herói sintético em Vingadores: Era de Ultron. Outra curiosidade sobre J.A.R.V.I.S. é que, embora nas HQs ele seja um mordomo, nos filmes ele se tornou uma inteligência artificial para evitar as comparações com o Alfred do Batman.

Jon Favreau talvez seja a segunda peça mais importante do filme, depois apenas de Robert Downey Jr.. O diretor se dedicou inteiramente ao trabalho, e após ter conseguido o cargo, fez uma dieta e perdeu mais de 30 quilos. E se ele é o chefão por trás das câmeras, na frente ele serve como empregado, já que assumiu o papel de Happy Hogan, o segurança de Tony Stark.

Mas não foi apenas assim que ele trabalhou. Em alguns momentos do filme, onde era necessário gravar a captura de movimentos da armadura, o próprio Favreau assumiu o papel. Ele trabalhou muito próximo a Robert Downey Jr. e a outros escritores de HQs, como Mark Millar e Brian Michael Bendis para construir o personagem da melhor forma possível.

Pepper Potts era uma personagem bem interessante da mitologia do Homem de Ferro, ainda que - na época de lançamento do filme - estivesse sumida há um bom tempo. A atriz Gwyneth Paltrow foi chamada e aceitou o papel por um motivo inusitado: ela precisava apenas de quinze minutos para chegar ao estúdio, e podia conciliar as gravações com a família, para que pudesse cuidar de seus dois filhos.

Ela fez uma extensa pesquisa para se transformar na personagem, e chegou a pedir que a própria Marvel Comics a mandasse alguns quadrinhos para poder entender melhor o papel. Ela também diz ter baseado sua atuação nas heroínas da década de 40, que segundo ela, eram astutas, sexy e inocentes ao mesmo tempo.

Phil Coulson pode ser, atualmente, um dos personagens mais queridos de todo o Universo Cinematográfico da Marvel, liderando sua própria equipe na TV. Mas quando foi originalmente concebido, o personagem teria um papel muito menor. Na realidade, ele nem sequer teria um nome, e seria mencionado no filme apenas como "Agente".

O diferencial foi o astro Clark Gregg, que teve uma ótima química com todos do elenco, e portanto, ganhou mais cenas. Recentemente, o próprio Jon Favreau disse que a ideia de inserir a S.H.I.E.L.D. no filme serviu apenas como um easter-egg, e a cena de Nick Fury seria só uma brincadeira... mas isso acabou pavimentando definitivamente o caminho para Os Vingadores.

Em um dos roteiros iniciais do filme, teríamos uma baita conexão com a mitologia do Homem-Aranha. Descobriríamos que Tony Stark também teria inventado uma série de próteses mecanizadas, que na verdade seriam os tentáculos robóticos usados pelo Doutor Octopus nos quadrinhos.

No entanto, a Marvel Studios não tinha os direitos de adaptação do Homem-Aranha na época, e precisou tirar isso da versão final. Outros elementos originais do roteiro traziam o próprio pai de Tony, Howard Stark vivo e como um industrialista poderoso, trajando sua própria armadura - ele seria a primeira versão do Máquina de Combate. Imagina como seria se isso tivesse sido aprovado?