Falando sobre o protagonista em si, o Hellboy, ou Anung Un Rama – que foi revelado como seu nome verdadeiro – é o filho de uma bruxa do começo da Idade Moderna e o demônio Azzael, sendo concebido no século XVII. Seu pai, demônio, abrilhantou ainda mais o filho lhe cortando o braço e atando ali a “Mão Direita da Perdição”, a mão de um antigo espírito que pode abrir as portas do apocalipse.

Ele é trazido à Terra em 23 de Dezembro de 1944, invocado pelo feiticeiro Rasputin, na tentativa de libertar as bestas do apocalipse no planeta. Ele é adotado por um soldado americano e, com o tempo, acaba tornando-se parte da divisão de investigações paranormais dos EUA, sendo reconhecido como “humano honorário”.

Na verdade, a responsabilidade pela chegada do Hellboy ao planeta não é só do Rasputin – e seus mestres apocalípticos. Rasputin conta, nas primeiras histórias, como se infiltrou e ludibriou o governo Nazista, fazendo com que acreditassem em seu Projeto Ragna Rok – que traria uma renovação no planeta, governado por seres superiores – para montar toda a estrutura necessária para o ritual.

Os Nazistas aceitam a proposta de Rasputin pois feiticeiro oferece um milagre para o governo que sofria um grande declínio, nos finais da Segunda Guerra. Por conta disso, parte dos inimigos do Vermelhão nas histórias são de origem nazista.

Sobre seus companheiros na história, um dos principais deles é Abraham “Abe” Sapien, uma espécie de tritão que trabalha junto do Hellboy. É contado que Abe, na verdade, era Langdon Everett Caul, um cientista da era Vitoriana que se envolveu com a Sociedade Oannes – uma organização de ocultismo que acreditava que toda vida e conhecimento veio do mar.

Depois de um ritual, Caul ganhou sua forma de tritão, seu corpo foi trancado em um tubo d’água e escondido, pois o grupo acreditava que ele era a reencarnação de Oannes. Tempos depois, Caul foi encontrado nas ruínas do esconderijo, já em 1978. Seu novo nome veio de um bilhete que marcava a data da morte do presidente Abraham Lincoln e o nome Ichthyo Sapien.

Nos filmes, um par romântico para o Hellboy. Nos quadrinhos, só uma amiga pirocinética mesmo. Liz Sherman também faz parte do grupo do Hellboy, ainda que não seja tão constante. Liz possui habilidades pirocinéticas, até certo ponto da história, incontroláveis.

O poder foi despertado durante sua infância, quando, descontrolada, queimou todo o quarteirão onde morava, incluindo seus pais, seu irmão e seus animais de estimação. Durante a história, depois de algumas reviravoltas, Sherman entra em um treinamento com monges para aprender a controlar seus poderes.

Para terminar de conhecer o grupo do Hellboy (pelo menos os mais legais), Johann Krauss, o espírito em roupa de contenção. Krauss possuía poderes mediúnicos desde pequeno, o levando ao ocultismo e à religião na tentativa de aperfeiçoar a habilidade.

Já adulto, Krauss tornou-se um médium muito respeitado até que, em 2002, ele foi o único sobrevivente de um desastre místico. Não exatamente sobrevivente: apenas sua forma ectoplásmica sobreviveu, sem corpo. Johann então acabou trabalhando para a BPRD, usando uma roupa de contenção para seu espírito.

Uma coisa legal sobre os quadrinhos do Hellboy são as referências do autor. Declaradamente inspirado pelo grande quadrinista Jack Kirby e pelas obras de horror de H.P. Lovecraft, Mike Mignola foi extremamente elogiado por gênios dos quadrinhos, como Alan Moore, que escreveu para o encadernado de “O Despertar do Demônio”, Frank Miller e Will Eisner.

Sobre inspirações, Hellboy tem muito da Literatura Pulp, principalmente de H.P. Lovecraft e seu universo de monstros grotescos. Já nas primeiras edições, com a aparição do Ogdru Hem, é possível ver a referência clara aos monstros de Lovecraft, principalmente pela descoberta da criatura no “topo do mundo”, no ártico, e sua forma, bulbosa com tentáculos, lembrando a história de Nas Montanhas da Loucura”.

Outra inspiração que permeia as histórias do Hellboy é o ocultismo. O próprio Hellboy é filho de uma bruxa com um demônio. Durante a história, temos referências e citações de vários mitos, implícita ou explicitamente, como o da Hecate, que torna-se uma das vilãs da trama.

Misturando Lovecraft com ocultismo – como se o autor já não explorasse isso o suficiente – o grande mal de Hellboy são as Ogdru Jahad, sete seres draconianos criados no início dos tempos, datados como os primeiros seres vivos a pisarem sobre a Terra.

Eles são uma criação do espírito protetor Anum que, depois de uma grande guerra, os trancou no abismo eterno e foi destruído por seus irmãos espíritos. É daqui que vem o Braço Direito da Perdição do Hellboy, quando ele é a única coisa que restou de Anum e seria a chave para libertar Ogdru Jahad, os monstros do apocalipse.

Uma curiosidade sobre o Helboy é que, além de sua descendência demoníaca, ele também tem sangue de realeza em seu corpo vermelho. A mãe do Hellboy, Sarah Hughes, era descendente do mítico Rei Arthur. Assim, o Hellboy usa a Excalibur por algum tempo nas histórias e, levando em conta a linhagem, ele seria, por direito, o Rei da Inglaterra.