No início dos Anos 90, as vendas das revistas do Homem de Aço iam de mal a pior.

O público estava mais interessado em temas violentos como o recém-lançado Cavaleiro das Trevas, de Frank Miller, personagens como Wolverine e até mesmo o novato Justiceiro vendiam muito mais que o Superman.

Assim, a equipe criativa da DC Comics reuniu-se e pensou no que poderia ser feito para que o público voltasse a se interessar pela história do Escoteiro.

Em toda reunião, o roteirista Jerry Ordway sempre brincava: "Vamos matá-lo!" e os outros colegas davam risada.

Dessa vez, não foi diferente. E depois de muito quebrarem a cabeça, a equipe decidiu que Superman deveria casar com Lois Lane na Edição 75 de sua revista.

Casamentos são sempre grandes eventos e isso deveria atrair a atenção do público novamente.

Todo o planejamento foi por água abaixo na reunião seguinte, quando a presidente da DC Comics, Jenette Kahn, anunciou que havia fechado um acordo com a ABC para produzir uma série do Superman e que, durante a série, Lois e Clark acabariam se casando.

Assim, eles não poderiam introduzir, nos quadrinhos, algo que aconteceria na série, já que o público não iria se interessar por um programa de TV que mostrasse as mesmas coisas que eles já haviam visto nas revistas.

Mais uma vez Jerry Ordway disse: "Vamos matá-lo!"

Mas, dessa vez, ninguém riu. O editor das revistas do Superman, Mike Carlin, respondeu: "Ok. E depois disso, o que faremos?"

Matar grandes personagens das histórias em quadrinhos não era nenhuma novidade.

A própria DC Comics já havia feito isso ao matar o Batman da Terra 2 e a Supergirl em Crise das Infinitas Terras.

Recentemente, Jason Todd havia acabado de morrer pelas mãos do Coringa no arco Uma Morte em Família.

Mas não estávamos falando de um personagem de uma terra alternativa, nem mesmo um personagem secundário. Mas sim do Homem de Aço, o grande responsável por popularizar os quadrinhos ao redor do mundo.

Assim, a DC Comics deixou escapar alguns rumores de que o personagem poderia morrer apenas para testar a reação do público.

Os editores receberam sinal verde e tudo estava pronto para que Superman encontrasse seu derradeiro destino. Mas faltava um elemento muito importante: O Carrasco!

A equipe criativa analisou a galeria de vilões do Azulão e perceberam que não havia um inimigo à altura, que pudesse realmente por fim à vida do Homem de Aço.

Há algum tempo, Dan Jurgens vinha pedindo a Mike Carlin a oportunidade para criar um personagem inspirado no Incrível Hulk.

Carlin achou que aquela poderia ser a hora certa, já que apenas um monstro gigante seria capaz de bater de frente com o Superman.

Inspirado pela frase que estava no mural de reuniões: "Apocalipse para o Superman", Jurgens esboçou o personagem que daria fim ao Homem de Aço.

Em Superman: Man of Steel #75, o grande herói voou pelos céus de Metrópolis pela última vez.

A edição que deveria trazer o casamento de Lois e Clark, trouxe um dos eventos mais significativos das histórias em quadrinhos.

Um monstro desconhecido surge do interior da Terra e começa a destruir a cidade.

A Liga da Justiça tenta intervir, mas são derrotados um a um. O Gladiador Dourado é lançado para cima e quando estava prestes a cair é salvo pelo Superman. Michael Carter proclama: "Está parecendo o Apocalipse aqui!". Dando nome à criatura.

O Homem de Aço enfrenta Apocalypse em uma das mais incríveis edições das histórias em quadrinhos. Na verdade, não há quadrinhos. Cada página da edição é um painel inteiro que mostra a luta entre os personagens.

Finalmente, Superman pode utilizar todos os poderes que acumulou ao longo dos anos. Os golpes são tão poderosos que quebram as janelas dos edifícios e fazem a terra tremer.

O ápice da batalha ocorre em frente ao Planeta Diário. Os combatentes dão um golpe tão poderoso que ambos sucumbem em decorrência dos ferimentos.

Kal-El morre nos braços de Lois Lane e o mundo precisa aprender a viver sem um Homem de Aço patrulhando os céus.

A morte do Superman provocou uma série de mudanças no Universo DC Comics.

Todos os heróis passaram a usar uma faixa preta no braço, como uma forma de representar seu luto.

Um mausoléu foi construído por Lex Luthor em Metrópolis, que afirmava que já que não conseguiu matar o Superman, pelo menos iria enterrá-lo.

Os membros da Liga da Justiça carregaram seu caixão pelas ruas, enquanto a população percebia que, realmente, aquele era o adeus ao Homem de Aço.

Por mais que a cena do funeral do Superman seja impressionante, o momento que mais causa comoção é o funeral simbólico no rancho dos Kent.

Martha e Jonathan enterram as roupinhas de bebê de Clark, juntamente com brinquedos e lembranças de sua infância. Eles criaram Clark Kent, mas ele tornou-se o Superman e pertencia ao mundo. Desde o começo eles sabiam que, um dia, esse momento chegaria.

Mesmo depois de morto, o Superman ainda foi o ponto central de uma história onde o Projeto Cadmus rouba seu corpo para realizar uma série de experimentos genéticos. Lois Lane e Jimmy Olsen conseguem recuperar o corpo do Homem de Aço para que ele possa ter seu merecido descanso.

As consequências da morte do Superman ecoaram não apenas nas histórias em quadrinhos, mas em diversas outras mídias.

A edição que trazia a morte do Homem de Aço vendeu mais de 3 milhões de cópias e diversas pessoas passaram a utilizar uma faixa preta com o símbolo do Superman.

A morte do personagem foi anunciada em rádios, jornais e até mesmo programas de televisão.

Por mais que o mundo estivesse interessado em anti-heróis e personagens com motivações sombrias, Superman era o ideal a ser admirado e buscado e, com sua morte, as pessoas perceberam que esse ideal estava sendo deixado para trás.

Depois de três meses sem dar as caras nas histórias em quadrinhos, quatro personagens surgiram clamando para si o manto do Superman.

O primeiro foi John Henry Irons, que criou uma armadura tecnológica e passou a se chamar de Homem de Aço, mais tarde o nome seria reduzido apenas para Aço.

Depois, veio o Último Filho de Krypton, uma versão idêntica à do Superman que dizia ser a reencarnação do Kal-El original, mas possuía métodos muito mais violentos e uma personalidade mais sombria.

Em seguida, tivemos a Maravilha de Metrópolis. Tratava-se de um clone do Superman criado durante o Projeto Cadmus. Uma versão adolescente e geneticamente modificada que ficou conhecida como Superboy.

Por último, tivemos o Homem do Amanhã, um ciborgue com implantes metálicos que afirmava ser o verdadeiro Superman depois de recuperar-se dos ferimentos da batalha.

Os personagens foram uma tentativa da DC Comics de testar novas personalidades para o Homem de Aço.

Aço defendia os mesmos ideais que o Superman original. Superboy era mais sarcástico, o Último Filho de Krypton trazia a personalidade violenta que o público queria ver nos personagens daquela época.

Apesar deles terem atraído a atenção dos fãs mais uma vez, nenhum deles possuía o mesmo apelo do Superman. Assim, em Setembro de 1993, o inevitável aconteceu...

Com os eventos das histórias dos personagens que clamavam o título de Superman, descobrimos que o Superman Ciborgue era um vilão que trabalhava junto com Mongul.

Ele destrói Coast City e planeja fazer o mesmo com Metrópolis, mas é combatido pelo Último Filho de Krypton.

Depois disso, descobrimos que a essência do Superman original saiu de seu corpo após sua morte e foi abrigada no Erradicador, uma arma Kryptoniana ancestral. Assim, o verdadeiro Kal-El ressurge com um uniforme preto e os cabelos compridos!

Ele se une ao Superboy e Aço e partem para enfrentar o Superman Ciborgue.

O Último Filho de Krypton se sacrifica para acabar com a ameaça e impedir a destruição de Metrópolis.

Depois disso, Hal Jordan enlouquece por conta da destruição de Coast City, mas isso é assunto para uma outra lista...

O verdadeiro Homem de Aço estava de volta e, mais uma vez, o público volta seus olhos para os quadrinhos do Superman.

Depois do retorno do Homem de Aço, suas vendas estabilizaram em um patamar aceitável.

O casamento, planejado e cancelado, finalmente aconteceu juntamente com o evento na série de TV.

Mesmo assim, o personagem voltou a passar por uma nova crise criativa.

Depois de sua morte, toda história parecia pequena demais para o Superman. Assim, os roteiristas se viam obrigados a criar eventos cada vez mais gigantescos para que o personagem tivesse desafios à altura.

Após o seu retorno, passamos por alguns momentos conturbados como a fase do Superman Elétrico e uma série de outras idiotices.

Mesmo assim, o Homem de Aço voltou a ter sua grandeza e ser admirado como o representante máximo dos ideais de bondade e justiça que sempre pregou.