Criadas nos quadrinhos de Kevin Eastman e Peter Laird em 1984, as Tartarugas Ninja eram bem mais violentas e implacáveis, chegando a matar o Destruidor logo na primeira edição! Mas mesmo com essa seriedade toda, elas foram pensadas como paródias de filmes de ninja e outros personagens dos quadrinhos, como o Demolidor da Marvel.

O Clã do Pé, por exemplo, é claramente inspirado no Tentáculo, organização secreta composta por ninjas que o homem sem medo combatia. E não apenas isso: o mutagênico que tirou a visão e aguçou todos os demais sentidos de Matt Murdock é o mesmo que originou as tartarugas. Claro que isso não é dito na HQ, mas a referência é clara demais para ser negada.

Com o sucesso do desenho animado, várias empresas procuraram lucrar o máximo possível com o quarteto de tartarugas. Foram feitos especiais em live action diretamente para o mercado de home video, por exemplo. Foi aí que algum executivo teve a ideia de... transformar os ninjas em uma banda de Rock e mandá-los em uma turnê ao redor do mundo.

Sim, isso realmente aconteceu. A turnê se chamava “Coming Out of Their Shells", ou "saindo dos cascos", em português, e consistia nos personagens cantando, dançando e tocando em um palco para milhares de pessoas. Albuns musicais de verdade foram lançados e a rede de pizzarias Pizza Hut patrocinou tudo, gastando cerca de $20 milhões por show!

Entre os "melhores momentos" estavam Mestre Spinter cantando, o Destruidor dando em cima de alguma mãe desavisada na platéia e o Michelangelo fazendo rap. Deve ter sido uma experiência no mínimo... extravagante. O show está inteirinho no YouTube, caso vocês queiram ver.

Os irmãos fizeram um sucesso sem precedentes no mundo inteiro, o que incluiu o Japão, terra de onde todos os ninjas saíram. Mas lá, eles foram ainda mais além, criando um anime só para eles.

Chamado Mutant Turtles: Superman Legend (???), os dois OVAs mostravam as Tartarugas encontrando cristais mágicos chamados "muta stones", capazes de transformá-los em super-tartarugas por um determinado limite de tempo e mudando radicalmente seus corpos, os tornando mais parecidos com robôs de combate do que com tartarugas.

O lance com robôs era tão real que em um determinado momento, os quatro irmãos se unem e formam um único ser, chamado "Tartaruga Santa", no melhor estilo super sentai. Se vale a pena ver? É CLARO!

Quando a febre das tartarugas chegou a Europa, deu aquele problema básico com a censura, que é bem mais pesada por lá. Temendo que a palavra "ninja" fosse "violenta demais" para as mentes das pobres e indefesas crianças europeias, os censores locais mudaram o nome do desenho para "Teenage Mutant Hero Turtles", ou "As Tartarugas Heroicas". Mas não acabou por aí.

Todas as cenas em que Michelangelo aparecia usando seus nunchakus foram sumariamente censuradas e trocadas por imagens com onomatopeias. Nos episódios seguintes, a coisa só piorou, com os censores mandando trocar as armas do personagem por um gancho de escalada. Eventualmente, Michelangelo ficou sem arma nenhuma lá. Pobre Michelangelo.

Já houve tentativas de introduzir uma quinta tartaruga várias vezes, em diferentes mídias. A primeira delas foi em uma sequência de As Tartarugas Ninja 3 que nunca saiu do papel, onde uma tartaruga chamada Kirby, que tinha uma personalidade violenta e agressiva, seria apresentada ao público.

Depois veio Vênus de Milo, uma tartaruga feminina, na série de TV em live action produzida pela Saban Entertainment em 1997. Também não deu certo, com o seriado durando apenas uma temporada.

Atualmente há uma quinta tartaruga nos quadrinhos chamada Jennika, que costumava ser uma kunoichi humana e aprendiz do Mestre Splinter. Em um confronto com o Clã do Pé, ela é mortalmente ferida e Leonardo transfere a ela parte de seu sangue para salvá-la, a transformando em uma tartaruga no processo.

As Tartarugas Ninja e os personagens de Mortal Kombat nunca se encontraram (exceto no jogo Injustice 2), mas eles tem muito mais em comum do que apenas serem ninjas. Alguns atores envolvidos com os games da franquia tem um histórico de participações em produções do quarteto de guerreiros.

Ho-Sung Pak, que foi Liu Kang nos dois primeiros jogos da série, encarnou Raphael no segundo e no terceiro filme das Tartarugas Ninja, sendo coordenador de dublês em O Segredo do Ooze.

Já Daniel Pesina, que serviu como modelo para Johnny Cage, Scorpion e Sub-Zero em Mortal Kombat 1 e 2, foi um dos ninjas do Clã do Pé no primeiro filme das tartarugas.

O sucesso que as Tartarugas Ninja fizeram com a molecada nos anos 80 foi inegável, entrando para sempre para a história da cultura pop. Desnecessário dizer, mas elas eram uma verdadeira máquina de fazer dinheiro.

Só em 1988, no começo da "febre verde", a franquia vendeu $1.1 bilhão só em brinquedos. Nos dias de hoje, As Tartarugas Ninja é a terceira linha de brinquedos de maior sucesso no mundo inteiro, ficando atrás apenas de Comandos em Ação e Star Wars.

A dublagem brasileira de As Tartarugas Ninja era um show a parte, com nomes como Manolo Rey, Marco Ribeiro e Márcio Simões e cheia de gírias e expressões que só deixavam o desenho ainda melhor para o nosso público. Mas o elenco de vozes americano também trazia suas surpresas.

A voz do Destruidor, por exemplo, era a do ator James Avery, mais conhecido pelo papel do Tio Phil na série Um Maluco no Pedaço. Já Raphael tinha a voz do ator Rob Paulsen, que no desenho de 2012, voltou para dublar Donatello. Há inclusive um episódio onde as duas gerações de tartarugas se encontram e comentários engraçados sobre essa feliz coincidência não são deixados de lado pelos personagens.

Quando o primeiro filme com atores baseado no desenho estava prestes a ser lançado, em 1990, as redes de pizzarias Pizza Hut e Domino's Pizza entraram em uma verdadeira guerra pelos direitos de patrocinar o longa. Depois de uma cansativa disputa judicial e de dezenas de milhões de dólares investidos, a Pizza Hut levou a melhor, lucrando um monte com o sucesso da produção.

Até hoje eles patrocinam a franquia, tendo recentemente lançado quatro novos sabores, cada um deles inspirado nos irmãos ninja.