Por mais que o Universo Cinematográfico da Marvel como um todo tenha uma pegada mais leve e family-friendly, o Cavaleiro da Lua não é a melhor opção para esse tipo de história. Quem já leu uma HQ do personagem sabe que ele é violento, sombrio e com muitos problemas extremamente reais.

Para a série, isso precisa ser respeitado - ao menos, dentro do possível no Disney+. A violência não precisa ser necessariamente explícita, mas as histórias do herói precisam ter um teor mais adulto - mais parecido, por exemplo, com o que foi feito em Capitão América: O Soldado Invernal.

Analisando a psiquê de Marc Spector, há uma série de super-heróis lançada nos últimos anos que casa perfeitamente com a estrutura do que esperamos do Cavaleiro da Lua. Trata-se de Legion, o drama de super-heróis da Fox que conta a história de David Haller, o filho do Professor X.

A série trabalha muito bem os distúrbios mentais de seu protagonista, além de ter uma trama complexa e cheia de reviravoltas. Por mais que não venha a ter um teor tão maduro, a série da Marvel Studios poderia se inspirar nisso - talvez, contratando Noah Hawley para a cadeira de showrunner.

Por mais que o super-herói sempre seja o ponto focal de qualquer adaptação da Marvel Comics, é importante ressaltar que o Cavaleiro da Lua só funciona por conta de Marc Spector, um protagonista completamente diferente de tudo que já vimos em outras HQs de super-heróis.

A série precisa explorar a vida de Spector, não apenas como um vigilante, mas também sua origem como um mercenário, e o evento devastador que o transformou em um avatar de Khonshu, o deus egípcio da lua e da vingança. Embora já estejamos um pouco saturados de histórias de origem, o personagem precisa de uma.

A característica mais marcante de Marc Spector é que ele sofre de distúrbio de múltiplas personalidades. Ao longo de sua vida, ele sempre teve mais de uma persona, que sempre "vão à luz" quando a situação exige - como o ricaço Steven Grant e o taxista carrancudo Jake Lockley.

Essa questão é inerente ao personagem e precisa ser trabalhada na série, seja de uma forma em que já sabemos sobre isso desde o início ou que seja uma reviravolta como em Clube da Luta, na qual descobrimos que todas essas figuras são partes essenciais do mesmo homem.

Só tem uma coisa que Marc Spector tem mais do que personalidades alternativas: trajes heroicos. Ao longo de boa parte de sua carreira, o Cavaleiro da Lua usou um traje branco, completamente encapuzado, que lhe conferia um visual bem distinto. Posteriormente, ele adotou um traje com detalhes pretos.

No entanto, um de seus trajes mais recentes e amados pelos fãs é o uniforme do Sr. Da Lua - que consiste de um terno completamente branco, com a máscara clássica do personagem. A série podia aproveitar essas várias personas e criar diferentes trajes para as diferentes personalidades do herói, como nas HQs.

Por mais que seja um personagem geralmente heroico, que enfrenta figuras maquiavélicas, o Cavaleiro da Lua está bem longe de ser o clássico herói romântico cheio de esperança e boa vontade. Na verdade, ele está muito mais próximo da figura do anti-herói, como o Justiceiro ou o Blade.

A série não pode se afastar disso, já que é outro fator essencial da jornada de Marc Spector. Tendo começado sua carreira como um mercenário, ele obviamente não é a pessoa mais moralmente correta do mundo, e isso precisa ser muito bem explorado na série solo, para que a jornada corresponda à sua personalidade.

Embora o Cavaleiro da Lua já tenha tido diversas HQs até o momento, há um quadrinho específico em que a série deveria se focar - a saga escrita por Jeff Lemire e desenhada por Greg Smallwood, que retrata a vida do anti-herói despertando em um hospital psiquiátrico, junto com todos os seus aliados.

No fim das contas, tudo não passa de uma ilusão, mas até o último momento nos questionamos se Marc Spector finalmente enlouqueceu ou se ele realmente está vivendo tudo aquilo. Essa seria uma premissa perfeita para uma série de um super-herói tão original quanto o Cavaleiro da Lua.

Assim como os asgardianos já foram representados no MCU, outras mitologias também possuem um papel muito importante nas HQs. No caso do Cavaleiro da Lua, a mitologia egípcia exerce um papel muito grande, já que o personagem ganha seus poderes graças a Khonshu, uma divindade ancestral egípcia.

Khonshu é uma personificação da Lua. Ele é o deus da vingança e do renascimento, e um protetor dos viajantes. Ele nem sempre é visto como um patrono bondoso, mas é essencial na jornada de Marc Spector. Além disso, outras figuras mitológicas do Egito aparecem nas histórias do herói, como aliados ou como vilões.

Além disso, a série precisa respeitar o resto da mitologia do personagem, desde seus personagens coadjuvantes - como Marlene Arluane, uma das amantes do anti-herói: ou Frenchie, o piloto que já trabalhou com Marc Spector em diversas missões. No entanto, esses não são os únicos.

A série também pode explorar alguns vilões clássicos do personagem, como o mercenário Bushman ou a misteriosa Dama do Vitral. Além deles, há também alguns aliados secundários que poderiam aparecer na série, como o Lobisomem - já que foi na revista dele que o Cavaleiro da Lua foi apresentado.

Por fim, não podemos nos esquecer de outra equipe importante da Marvel que parece estar despontando nos cinemas, especialmente com o filme do Blade já anunciado. Seria muito interessante ver o Cavaleiro da Lua integrando os Filhos da Meia-Noite, um grupo de personagens sobrenaturais/místicos.

Algumas figuras desse grupo já foram apresentadas (como o Doutor Estranho) e outras estão prestes a aparecer (como o Caçador de Vampiros). Por conta disso, a série do Cavaleiro da Lua poderia dar uma pequena pista sobre o futuro e o surgimento dessa equipe, seja com participação de outros personagens ou o surgimento de uma ameaça maior.