Nos filmes dos X-Men, a Fênix sempre foi interpretada como um lado subconsciente da mutação de Jean Grey. Isso foi visto com clareza em X-Men: O Confronto Final e brevemente citado em X-Men: Apocalipse. E embora seja uma releitura interessante da personagem, não é o que os fãs esperam ver nos cinemas.

Ainda queremos poder ver a Fênix como uma grande entidade cósmica, vagando pelo universo para alcançar Jean e lhe dar todo seu poder de morte e renascimento - e quem sabe? - até mesmo como essa força pode se ligar a outros mutantes, como já aconteceu nos quadrinhos.

Nos cinemas, os X-Men nunca foram conhecidos pelos trajes extravagantes e individuais dos quadrinhos. Isso mudou levemente com o final de X-Men: Apocalipse, que dá indícios da presença dos uniformes clássicos dos personagens. Contudo, Fênix Negra precisa ir um pouquinho além.

Queremos ver os X-Men da forma que são representados nos quadrinhos. E a principal personagem que deve ganhar trajes heroicos é Jean Grey, trazendo uma evolução entre suas roupas como Fênix e Fênix Negra.

Os Shi'ar são parte integral da mitologia dos X-Men nas HQs. Essa raça alienígena composta por seres evoluídos de pássaros, bem como sua Guarda Imperial, que contém diversos representantes extraterrestres, sempre esteve atrelada aos Filhos do Átomo e desempenham um papel fundamental nas histórias de origem da Fênix ou a Saga da Fênix Negra.

Gostaríamos de vê-los aqui, expandindo um pouco os conceitos apresentados até então na franquia, para que ela possa nos dar um pouco a respeito da vida fora da Terra. Além disso, vale notar que os mutantes sempre estiveram envolvidos em aventuras cósmicas e esse poderia ser um bom ponto de partida para abordar isso.

O grande ponto trágico da Saga da Fênix Negra é ver como Jean perde o controle sobre seus poderes e suas atitudes e, por conta disso, se volta contra seus inimigos e até mesmo amigos, com uma fúria estarrecedora. Ela se torna uma das vilãs mais perigosas dos X-Men e faz isso contra sua vontade.

Embora já tenhamos visto algo parecido em O Confronto Final, aqui temos a chance de ir ainda além, com Jean atacando todos os seus amigos individualmente e tendo uma virada ainda mais dramática quando ela se volta contra Ciclope.

Conforme já havia sido revelado no ano passado, Fênix Negra deverá se passar cerca de uma década após os eventos de X-Men: Apocalipse. Por conta disso, o filme será situado na década de 90 e, aqui, temos a chance de vermos a maior quantidade de referências possíveis à história dos mutantes nos quadrinhos e na TV.

Os anos 90 foram uma das eras mais célebres para os Filhos do Átomo, com a presença de quadrinhos recordistas de venda e a exibição da Série Animada, que até hoje é um marco para a equipe. Algumas referências podem ser abordadas com clareza, como os trajes, a formação da equipe ou até mesmo algumas tramas e subtramas.

A Saga da Fênix Negra foi pioneira em diversos aspectos. Um dos mais importantes foi na retratação do sacrifício de um herói, quando vemos Jean Grey cometendo suicídio para salvar seus amigos e o restante do universo da ira da Fênix. Embora a heroína já tenha morrido diversas vezes nos cinemas, aqui temos a oportunidade de honrar o legado da HQ de forma digna.

O sacrifício precisa contar para algo e talvez possa ser desfeito no próprio filme, para que não crie uma sensação de redundância com a primeira trilogia. Outra ideia seria subverter essa noção de sacrifício, fazendo algum outro personagem morrer para salvar Jean da Fênix - Professor X, talvez?

Embora Magneto seja um dos personagens mais admirados das histórias em quadrinhos, com seu próprio arco dramático que o levou de vilão fundamentalista a herói em busca de redenção, os filmes acabaram dependendo demais do Mestre do Magnetismo. Basta observar que, ao longo de seis filmes (da saga principal), ele sempre aparece como inimigo principal ou secundário.

Quanto mais livre do Magneto o filme estiver, melhor, já que isso dá um tempo para o público conhecer novos inimigos que possam representar uma ameaça total, ao mesmo tempo que guarda a resolução do arco do personagem, como visto em Apocalipse.

Mesmo possuindo sua legião de fãs, a franquia cinematográfica dos X-Men é constantemente criticada por algumas decisões controversas, que precisam ser excluídas aqui. Para início de conversa, é preciso ser atento aos erros de continuidade e escalação de elenco negligente, um problema que afetou bastante os filmes anteriores da saga.

Ao mesmo tempo, é necessário que algumas decisões de roteiro sejam mais ponderadas. Ninguém mais quer ver a Mística como heroína, ou então ver tentativas de inserir o Wolverine à força na história, ainda mais em uma época que Logan está tão fresco na memória dos fãs.

Apesar do que muitos fãs possam dizer na internet, Bryan Singer é sim responsável por trazer os mutantes ao cinema e dar a eles uma importância em meio às adaptações de quadrinhos. Contudo, para um novo filme, seria ideal termos uma direção diferente por trás da história.

Outro que poderia ter um envolvimento mais contido é o produtor/roteirista Simon Kinberg, já que ele não consegue dar conta de diversas situações inerentes à franquia. Contudo, considerando que Singer é um grande fã da Fênix Negra e que deixou passar a oportunidade de dirigir O Confronto Final, é de se esperar que ele acabe querendo dirigir o novo filme.

Aliás, falando no diabo, X-Men: O Confronto Final precisa ser apagado da memória dos fãs e do público. Não apenas porque é um filme mediano que "estraga" a trilogia iniciada por Singer, mas também porque adapta porcamente a Saga da Fênix Negra, criando uma trama inchada e ofuscada pela presença da cura mutante.

Se a Fox quer fazer direito, que adapte certo dessa vez, criando um filme à altura da maior história já contada sobre os heróis mutantes. É preciso deixar de lado esse filme e, se possível, nem criar pontes e referências que possam confundir o público e trazer à tona as memórias desse abismo na franquia.