Muitos conhecem o Máskara graças ao filme de 1994 estrelado por Jim Carrey, mas uma boa parte do público sequer sabe que o personagem, na verdade, surgiu nas HQs. A primeira aparição do Máskara se deu em Dark Horse Presents #10, de setembro de 1987.

Originalmente, a figura existia em várias tirinhas da revista, sempre com cunho de crítica política. Posteriormente, foi criado Stanley Ipkiss - que apesar de ser conhecido como o Máskara no filme, é chamado de Cabeção (ou Big Head) nas HQs -, logo o mais popular usuário da máscara.

O Máskara é um personagem bem peculiar e que tem várias encarnações ao longo dos anos. Embora Stanley Ipkiss tenha se tornado o mais famoso, várias pessoas já chegaram a usar a máscara, ganhando poderes fantásticos e tendo todos os seus desejos desinibidos.

É difícil explicar os poderes da Máscara, já que ela garante qualquer tipo de habilidade que seus usuários desejem. Ela basicamente transforma quem a veste em um deus - e é importante ressaltar que os filmes e animações são bem mais contidos que os quadrinhos na hora de mostrar os poderes do item.

Muitos podem até não saber, mas a verdade é que o Máskara está bem longe de ser o herói engraçadinho e divertido que é no filme de Jim Carrey. Na maior parte dos quadrinhos, a máscara corrompe seus usuários, transformando-os em assassinos completos.

A maior prova disso é o próprio Stanley Ipkiss, que vai de um homem neurótico a uma entidade violenta e vingativa que decide matar todos aqueles que já o humilharam, sempre de formas muito bizarras e sangrentas. Algumas HQs suavizam isso, mas na base, ele é uma figura muito sanguinária e cruel.

É curioso inclusive notar a jornada de Stanley Ipkiss nas HQs, já que o personagem é morto ainda no primeiro volume das histórias solo d'O Máskara. Como dito, ele se torna muito cruel e violento, a ponto de agredir verbalmente sua própria namorada, Kathy.

Em um momento climático do quadrinho, Stanley é alvejado nas costas por Kathy, que também se torna uma usuária da máscara. Ele morre e a história continua seguindo Kathy e outros personagens, mas em outras HQs, podemos ver Stanley de volta ao mundo dos vivos.

Jim Carrey deu vida ao Máskara no filme de 1994, fazendo a versão definitiva do personagem. Ao ser chamado para o papel, o que mais atraiu Jim foi justamente como Stanley Ipkiss era muito fã de desenhos clássicos, como os Looney Tunes e clássicos da Hanna-Barbera.

A prova disso é a forma como o personagem usa vários recursos visuais desses desenhos (ao virar tornado, esbugalhar os olhos ou desfigurar seu corpo de formas irreais). Outra inspiração para o personagem foi o pai de Jim Carrey, que usava um terno amarelo.

O terno se tornou tão icônico no filme que os quadrinhos passaram a representar o personagem com essa vestimenta.

Nos quadrinhos, a origem da máscara é misteriosa. Ainda assim, as lendas dizem que o artefato foi criado por xamãs que usavam magia africana. Nos filmes, essa mitologia foi "embranquecida" e a máscara se tornou uma criação de Loki, o deus nórdico da mentira e da trapaça.

No filme original, havia uma cena que explicava a origem da máscara - e que, apesar de deletada, pode ser vista no DVD do longa. Por outro lado, a divindade aparece de fato na sequência O Filho do Máskara (vivido por Alan Cumming). Mas falaremos desse filme depois...

No filme, diferente das HQs, Stanley não namora Kathy. Apesar disso, ele nutre uma tensão sexual com Tina Carlyle, a personagem que originalmente seria interpretada por Anna Nicole Smith. No entanto, os produtores acabaram se encantando com a beleza de Cameron Diaz.

Cameron era modelo na época e nem sabia atuar. Ela foi encontrada quando os produtores procuravam por figurantes em uma agência de modelos. Após fazer aulas de teatro, ela foi aprovada para o papel, dando início a toda a carreira de Cameron Diaz nos cinemas.

Jim Carrey é bem conhecido por sua resistência em participar de continuações dos filmes em que estrelou. Para ele, cada papel precisa ser um novo desafio e, portanto, não faz sentido retornar ao mesmo personagem em um novo filme. Ainda assim, ele foi chamado para a sequência de O Máskara.

Acontece que Jim realmente recusou a proposta - sendo que ele receberia vinte vezes o seu salário do filme anterior, que já havia sido alto (US$ 450 mil). A sequência foi cancelada e em seu lugar veio O Filho do Máskara, um longa que foi um grande fracasso de público e de crítica, até hoje considerada uma das piores continuações de todos os tempos.

Muito bem recebido pelo público e pela crítica, o filme original do Máskara acabou rendendo várias influências na cultura pop. Jim Carrey percebeu toda a fama do projeto e decidiu inaugurar sua própria boate, a Coco Bongo, que foi construída em Cancún, no México.

Desde sua inauguração, a boate já teve novas filiais no México e na República Dominicana. O lugar é sempre visitado no Spring Break norte-americano, tornando-se uma bela atração para os fãs do filme. Lá, são exibidas apresentações de dança, teatro e artes, além dos bares bem movimentados.

Engana-se quem pensa que o Máskara nunca encontrou grandes heróis e vilões dos quadrinhos. Mesmo fazendo parte da Dark Horse Comics, o personagem já encontrou Lobo e o Coringa, em crossovers que ficaram marcados na memória dos fãs.

No crossover com o Lobo, vemos o Maioral da DC vindo à Terra para enfrentar uma grande ameaça, quando conhece o Cabeção. Já no encontro com o Coringa, vemos o Príncipe Palhaço de Gotham preparando um plano para roubar a Máscara, usando-a contra o Batman.