O primeiro filme, Resident Evil: O Hóspede Maldito, tentou trazer todo o universo do primeiro jogo para as telas e foi o que chegou mais perto disso. Trouxe o conceito da mansão, da Umbrella e era a mesma história do primeiro jogo, porém pelo ponto de vista de outros protagonistas. Ok, entendido.

Porém, dali em diante, apenas o conceito mais primitivo da franquia foi respeitado e toda a história que foi desenvolvida ao longo de tantos jogos, com tantos personagens, foi simplesmente ignorada.

Mas se eles iriam fazer uma história original, pelo menos estão fazendo uma boa história, correto? CORRETO?!

Errado...

O roteiro que é aplicado em Resident Evil - em todos os seus seis filmes - é raso e confuso. As falas são repletas de frases de efeito tão forçadas que parecem ter sido tiradas de um episódio de Power Rangers, ou dos mais bobos dos animes (não vou citar nomes pra não gerar polêmica).

Sem contar os diversos furos de roteiro e continuidade, que acabam tendo que gerar explicações esquisitas como clones, sonhos, ou simplesmente ignorar que alguns personagens simplesmente sumiram e não dar nenhuma explicação sobre isso.

Não somente as falas dos filmes parecem ter sido tiradas de um episódio de Power Rangers: as atuações também não vão muito longe. Praticamente toda cena de algum personagem - especialmente quando estamos falando de Alice - é feita da maneira mais canastrona possível para transformar aquele personagem em um badass.

E não é como se eles estivessem contratando maus atores, pois a própria MIlla Jovovich é uma ótima atriz, assim como Wentworth Miller que interpreta Chris Redfield, Iain Glen que interpreta Sor Jorah em Game of Thrones.

Só que parece que foram instruídos da seguinte maneira:

"É um filme de videogame, atuem como se estivessem em um filme para crianças"

Agora a gente entra em problemas relacionados a personagens específicos.

A primeira delas é Jill Valentine, uma personagem extremamente importante na franquia, presente na primeira edição do jogo, protagonista do terceiro e figura importante em toda a história contra a maligna Umbrella Corporation

Reduzida à uma coadjuvante medíocre no segundo filme - e vocês ainda vão ouvir esse argumento mais uma vez - simplesmente para servir como comparação com Alice e, assim, enaltecer mais uma vez a protagonista.

Assim como Jill, outro personagem extremamente importante emResident Evil é Chris Redfield, que nos filmes é interpretado por Wentworth Miller (The Flash, Legends of Tomorrow, Prison Break).

Chris é simplesmente o arqui-inimigo de Albert Wesker - sim, vamos chegar no Wesker ainda - uma das pessoas mais importantes na guerra contra a Umbrella, com capacidade de derrotar praticamente qualquer Arma Biológica criada por ela.

Também reduzido a um mero coadjuvante que passa vergonha na sequência de luta final contra Wesker. Vilão que, obviamente, é derrotado por Alice, não por Chris.

Eu não quero nem entrar no mérito de que poderiam ter chamado também um ator - com todo respeito ao Miller - um pouco mais forte pra interpretar um homem que moveu um pedregulho na base do soco.

Para completar a tríade de protagonistas mal aproveitados e sub-utilizados nos filmes, obviamente não poderia faltar Leon S. Kennedy.

O personagem que, juntamente com os outros dois mencionados anteriormente, eram a primeira linha na defesa da humanidade contra os horrores iniciados pela Umbrella e que só foi aparecer no penúltimo filme da franquia, com um papel bem desvalorizado.

Mas eles não erraram somente nos protagonistas: os vilões também foram uma senhora bola fora.

Por exemplo, Albert Wesker, grande gênio maléfico por trás de praticamente todo o mal da história, um dos vilões mais imponentes e respeitados de todos os jogos.

E nos filmes foi tratado como um vilão que não é bem um vilão, que te dá um pouco de vergonha alheia toda vez que ele fala e até mesmo em suas sequências de luta.

Mas o que foi feito com Wesker não foi nem perto do crime que foi cometido com o vilão que, para muita gente, é o símbolo de Resident Evil: Nemesis.

A Arma Biológica criada pela Umbrella para, principalmente, destruir os S.T.A.R.S. é um dos vilões mais icônicos de toda história dos jogos e os fãs ficaram muito empolgados quando descobriram que ele estaria no primeiro filme (ou seja, quando a gente ainda não fazia ideia o que vinha pela frente)

Mas nós até vimos muitas partes boas do vilão, estava indo tudo muito bem, até chegar toda a sequência de Alice vs Nemesis e o arco da "redenção" do vilão.

Particularmente dizendo, foi ali que eu entreguei os pontos. Ver Nemesis chorando foi demais pra mim.

Até a Capcom já entendeu que o que mais agrada os fãs da franquia é o clima de Survival Horror. No Resident Evil 3, que é um pouco mais voltado para a ação, você tem elementos de um jogo de terror, afinal, foi assim que a franquia começou, foi assim que ela fez sucesso.

Os filmes só arranharam a superfície deste elemento no primeiro filme e jogaram tudo pela janela no momento em que Alice correu na parede e chutou o cachorro zumbi pra longe. Dali em diante, ninguém nem mais tentou trazer terror para os filmes.

Vocês notaram um padrão acontecendo nos 9 itens anteriores, não é? O grande problema dos filmes de Resident Evil gira em torno de ninguém menos do que Alice.

O grande X dessa questão é que ela é uma personagem que nem existe no jogo, que apaga os verdadeiros protagonistas. Ela tem poderes - e quando você descobre que ela tem poderes, a coisa realmente vai pro brejo - que a transformam quase em uma versão da Fênix de X-Men. A personagem é estupidamente rasa e forçadamente f*dona, alguém que você não consegue se apegar mesmo com seis filmes.

E pra piorar - e aqui vão entrar alguns spoilers do filme mais recente, se você não quer tomar, pare de ler - você descobre que esses seis filmes que você teve de aguentar por ser um fã dos jogos, na verdade, foram para contar a história de auto-descobrimento de uma personagem que jamais fez uma participação em jogo algum.

Eu poderia extravasar minha frustração como muitos e apontar que Milla é casada com o diretor do filme, mas eu prefiro ter fé de que ambos são bons profissionais, e não deixaram isso interferir.