... De repente, toca o telefone. Você deixa a sala e recebe a ligação. Mas de início, só escuta o barulho de respiração. Então, quando você está prestes a desligar, escuta uma voz macabra dando algum aviso assustador. Você pensa que provavelmente é só mais um trote, desliga e volta para sala... mas mal espera o que está por vir.

Fala sério, quantas vezes já vimos filmes brincando com telefonemas e ligações misteriosas no meio da história. Geralmente, elas acontecem logo no início, como um prelúdio do perigo que ameaça os personagens. Mas vai me dizer que você nunca ficou com medo de receber uma ligação tenebrosa da Samara de O Chamado?

Imagem de: Pânico

Assim que retorna para sala, você escuta um barulho no banheiro. Seus amigos ficam com medo, mas você precisa provar para todo mundo que é uma pessoa corajosa e que não está se cagando de medo. Ao chegar lá, você é surpreendido com seu gato, rosnando como um leão e com uma expressão demoníaca no rosto.

Por mais que todos amemos bichinhos, temos que concordar - alguns são assustadores. E qualquer cineasta que faça um filme de terror sabe muito bem disso. Não é à toa que o único jump scare de A Bruxa vem justamente de um bode satânico. Ou que tenhamos tantos outros sustos falsos relacionados a animais.

Imagem de: Cemitério Maldito

Após tomar o susto, você só espanta o bichano e ri de alívio. Na hora, você lembra de tomar o seu remédio, então abre o armarinho do banheiro, enquanto toma as pílulas. Mais calmo, fecha o armário e lá está: uma figura sinistra e deformada te olhando através do espelho. Você olha para trás, mas não está mais lá.

Mais uma vez, esse é um susto extremamente comum - e que vários filmes, não apenas de terror, se utilizam. Quem nunca ficou com medo de ir no banheiro à noite só pra não passar no espelho que atire a primeira pedra. Por algum motivo bizarro, temos muito medo de espelhos, e não é a toa que isso está presente em vários filmes e em lendas urbanas, como a da Loira do Banheiro. Aliás, você já viu o que tem no seu espelho hoje?

Imagem de: Invocação do Mal 2

Assustado, mas achando que isso é coisa da sua cabeça, você volta para a sala. E seus amigos estão dispersos. Um casal em especial sumiu, e eles foram para um quarto. Quando chegam lá, eles estão loucos de paixão e começam a tirar a roupa. Mas então, a criatura macabra simplesmente surge debaixo da cama e os mutila de forma brutal, sem que ninguém sequer escute nada.

A primeira regra quando se está em um filme de terror é: sexo deveria ser proibido. Claro, sabemos que o corpo tem lá suas vontades insaciáveis, mas definitivamente há um momento melhor para se fazer isso, e não no meio de uma carnificina sanguinária. Eu fico até com pena do Jason, que em todo filme de Sexta-Feira 13, precisa matar um casal trepando.

Imagem de: Freddy vs. Jason

Enquanto isso, outra pessoa decide ir no banheiro tomar um banho. Enquanto ela está no chuveiro, a luz começa a fraquejar, e a porta é trancada misteriosamente. Ela continua, achando que não é nada demais. E então, a criatura também a devora ali mesmo, espalhando sangue para todos os lados.

A cena do banheiro é outro clássico. E se Alfred Hitchcock conseguiu fazê-la perfeitamente em Psicose, a cada nova tentativa ela vai perdendo a força. Sério, qual a tara macabra que esses assassinos, espíritos malignos e demônios tem por pessoas tomando banho? Se for pra matar gente pelada, já basta o casal do item anterior.

Imagem de: Psicose

Depois que você nota o sumiço de seus amigos e o banheiro trancado, com sangue escorrendo, você se vê na obrigação de chamar ajuda. E em vez de ligar para a polícia, você entra em contato com o padre local. Ele chega e começa a rezar, mas logo é decapitado pela criatura satânica, que começa a perseguir os sobreviventes.

Vamos reforçar algo que está bem errado nessa história: quando o bagulho começa a ficar sinistro, você chama a polícia, e não o padre. Cansamos de ver, nesses filmes, as pessoas procurando uma ajudinha divina, quando a solução mais inteligente seria simplesmente fugir pro Himalaia. E no fim das contas, às vezes o próprio padre fica possuído, como em O Ritual.

Imagem de: O Exorcista

Agora, só resta você e mais uma amiga. Vocês estão morrendo de medo, mas precisam se manter fortes. De alguma forma misteriosa, vocês não conseguem sair de casa, mas precisam correr pelo estreito corredor, antes que a força maligna os alcance. Sua amiga tropeça, e você só percebe quando já chegou em outro cômodo.

Venhamos e convenhamos que o gênero do horror sempre foi um pouco machista e refém de vários estereótipos. Por exemplo, se você tem uma personagem feminina (principalmente se for loira) e ela estiver correndo loucamente para salvar sua vida, não tem jeito: ela precisa tropeçar e cair. Ela pode estar andando em um terreno plano, e ainda assim vai precisar desabar. É o tipo de clichê que realmente já podia não existir mais.

Imagem de: O Segredo da Cabana

Ao ouvir os gritos desesperados de socorro vindos de atrás, você resolve voltar para ajudá-la. Sua mão já está perto, e você olha no fundo dos olhos dela, e percebe que precisa salvá-la a qualquer custo... e então, ela é puxada por uma força sobrenatural para um quarto escuro e sinistro. E a porta atrás dela se fecha.

E como se não bastasse a pobre coitada cair e ralar o joelho todo, ela ainda precisa ser puxada pelo demônio, á que é nessa cena que ele demonstra como tem poder sobre a vida dos personagens. Ele poderia apenas matar todo mundo de uma só vez, mas se não tiver a puxada dramática para dentro do quarto escuro, não vale a pena.

Imagem de: Invocação do Mal

Assim que você corre para abrir a porta, ela se abre sozinha. E lá dentro, está sua amiga, possuída pela entidade arcaica e sobrenatural sedenta por sangue e tragédia. Você se vê obrigado a lutar com ela para poder salvar sua própria vida, e enquanto tudo isso acontece, você consegue aplicar um golpe fatal. Mas em vez de conferir se ela está morta, decide fazer qualquer outra coisa... e então, ela se levanta para te atacar mais uma vez.

Às vezes sentimos pena de personagens de filmes de terror. Mas na maior parte das vezes, só queremos que eles morram logo por serem tão burros. Se você acaba de nocautear o assassino que te persegue, você não para pra respirar, VOCÊ CORRE E CHAMA A POLÍCIA. Se tivesse feito isso, a Jamie Lee Curtis não tinha tomado tanta paulada do Michael Myers.

Imagem de: Halloween: Ressurreição

Você consegue desviar, mas ela foge. De repente, você apenas escuta seu grito vindo do porão de sua casa. Amedrontado, mas querendo acabar com tudo isso de uma só vez, você desce as escadas, e encontra o cadáver de sua amiga já frio e dilacerado. E quando olha para trás... ele estava te esperando o tempo todo.

Uma regra básica que deveria vir estampada em toda boa história de terror - seja nos cinemas ou na TV, ou na literatura ou em qualquer outro lugar - é "NÃO DESÇA AO PORÃO". Não há lugar mais assustador em uma casa que um porão, e nem precisa ser em um cenário de terror. Mas os personagens burros sempre descem. Eles apenas não conseguem evitar...

Imagem de: A Morte do Demônio