Quando pensamos em Zumbis a primeira coisa que nos passa pela cabeça é uma figura parecida com o que temos em The Walking Dead, que pode ser descrita como baixo intelecto, pele podre e o desejo por cérebros. Em IZombie no entanto, as coisas não são bem assim.

Olivia Moore, a protagonista do seriado, até se torna uma comedora de cérebros depois de ser transformada em zumbi, mas está longe de ser parecida com os mortos-vivos que conhecemos. Na universo da série eles até existem, mas para chegar nesse ponto um zumbi deve ficar muito tempo sem se alimentar, o que resulta em uma criatura que é basicamente fome e podridão.

Mas esse não é o caso de Liv (e da maioria dos outros zumbis da série). Apesar de ter uma aparência bem fantasmagórica com sua pele pálida, olhos escuros e de, é claro, não sentir o gosto de nada que não seja extremamente apimentado, pode-se dizer que ela consegue viver uma vida normal, Apesar de se isolar com medo de acabar contagiando outras pessoas, especialmente Major seu ex-noivo.

Liv é uma personagem incrível, tendo um ótimo senso de humor, não tendo medo de se arriscar pelo que acha certo e sofrendo (e muito) por querer proteger aqueles que ama. Simplesmente uma zumbi incrível.

O que ajuda a deixar Liv ainda mais engraçada é que ao comer o cérebro de outra pessoa, no caso dela os mortos que acabam no necrotério da polícia, ela acaba herdando as principais características da pessoa. O resultado é simplesmente hilário.

Assim vemos Liv lidando com coisas que absurdas que a colocam em posições bastante delicadas em seu emprego. Por exemplo, em um episódio ela come o cérebro de um pintor e acaba ficando extremamente romântica e artística, chegando até mesmo atrapalhar o interrogatório de um suspeito para elogiar a beleza dele e os traços finos de seu rosto.

É sério, as personalidades que acabam aflorando na Liv são tão bem trabalhadas pela atriz que é quase como se estivéssemos vendo a Tatiana Maslany de Orphan Black interpretando diferentes pessoas.

E nesse ponto é importante elogiar o trabalho impecável de Rose McIver, que mesmo vivendo uma única personagem, consegue mostrar uma profundidade emocional bastante diversificada, mudando desde o comportamento, jeito de falar, maneirismos e até mesmo o estilo da Liv de maneira fenomenal.

Mas ter a personalidade dos cérebros que devora não é a única coisa que surge do tipo de alimentação que Liv leva. Ela também consegue ter algumas visões que são as memórias dos mortos. Quando isso acontece temos o melhor estilo de As Visões da Raven e vemos Liv assistir a alguma coisa que aconteceu com o falecido através do ponto de vista do cadáver.

Isso é bastante útil para a polícia, que passa a contar com as visões dela para resolver os casos mais misteriosos. É claro que a origem das visões não é revelada para os policiais, mas isso não impede que ela embarque em investigações intensas para ver se alguma coisas “ativa” sua visões.

Sendo uma série policial, temos episódios rápidos com tramas que são finalizadas até o fim do episódio. Isso garante que o seriado não fique arrastado, com momentos em que nada acontece ou que a trama não avança.

Mas se você acha que por ser uma série policial é possível pular alguns episódios sem maiores consequências, você está enganado. Enquanto Liv e seus amigos investigam o “caso da semana”, uma trama bem mais profunda é desenvolvida como plano de fundo. Dessa forma tudo evolui com bastante fluidez garantindo que as coisas fiquem dinâmicas ao mesmo tempo em que algo muito maior é criado sem pressa.

E enquanto as tramas são desenvolvidas temos, além de Liv, personagens incrivelmente carismáticos. Major, Clive e Ravi ajudam a manter a série cheia de humor, ação e drama, dando apoio para a protagonista e ajudando no desenrolar da trama das mais variadas formas possíveis.

Mais que isso, eles não são apenas outros personagens que estão acidentalmente na história de Liv. Você realmente se importa com todos, se preocupando com o que pode acontecer com eles e gostando dos momentos em que eles aparecem em cena. Isso garante que, apesar a brilhante atuação de Rose McIver, que interpreta Liv, o peso do seriado não caia apenas em seus ombros, o que com toda certeza é algo muito positivo.

O resultado de juntar esses personagens carismáticos são diálogos maravilhosos, cheio de piadas e, é claro, referências que te fazem ficar como o Capitão América quando consegue entender o que foi dito.

Game of Thrones e Batman são alguns dos exemplos de cultura pop que já foi citado na série, sempre de maneira muito rápida e divertida, como quando Ravi se pergunta o que George R. R. Martin deveria estar fazendo naquele momento, recebendo a rápida - porém frustrada - resposta de Clive que diz que ele não está escrevendo. Obviamente, algo que todos os fãs dos livros que basearam GOT podem se identificar.

Além das referências, outra coisa bem legal que temos na série é que ela realmente parece ter saído diretamente dos quadrinhos. Isso pode ser visto logo na abertura, onde toda a história da transformação da Liv pode ser vista como se fosse alguém lendo uma HQ.

Esse recurso de transformar uma cena em uma página dos quadrinhos volta a acontecer ao longo dos episódios, que é dividido em pequenos capítulos, sempre com um nome engraçadinho. Tudo isso ajuda você a de fato se sentir dentro do universo dos quadrinhos.

O sucesso da série é algo que fala por si mesmo. Renovada para o seu terceiro ano, ela já chegou a ter uma segunda temporada com mais episódios encomendados por causa da sua audiência.

Além disso, sua avaliação em sites como Rotten Tomatoes é de 97% no tomatômetro, com 90% da audiência gostando do seriado. E tendo a nota de 74 no Metacritic, baseada em 30 críticas. Uma avaliação bastante positiva que com toda certeza mostra a qualidade do seriado, mais um motivo para você assistir.