A Disney pode até ser conhecida atualmente por não se meter com temas e assuntos tão polêmicos, mas durante muitos anos as animações do estúdio bebiam diretamente da fonte do horror, trazendo várias cenas aterrorizantes e momentos de gelar a espinha. Um belo exemplo disso é o clássico As Aventuras de Ichabod e do Sr. Sapo, lançado em 1949.

Produzido durante a Segunda Guerra Mundial, o filme seguia a tradição do estúdio na época - filmes fragmentados em vários segmentos. Nesse caso, temos duas histórias, uma mais cômica e outra mais voltada para o terror: mais precisamente, uma adaptação do conto do Cavaleiro Sem Cabeça, com direito a músicas sinistras e uma atmosfera horripilante.

O filme está disponível no Disney+

Ainda falando da Disney, não podemos nos esquecer de toda a fase que o estúdio teve nas décadas de 70 e 80, onde começou a produzir filmes mais sombrios e cheios de elementos "adultos". O ápice disso veio em 1985, com o lançamento de O Caldeirão Mágico, filme que adaptava os livros d'As Crônicas de Prydain, do autor Lloyd Alexander.

À primeira vista, o filme parece uma fantasia infantil comum, com direito a seres mágicos e fadas. Porém, tudo toma um rumo sinistro quando somos apresentados ao vilão do filme, o Rei de Chifres, um mago poderoso que quer obter todo o poder contido no Caldeirão Mágico, enquanto comanda suas hordas de mortos-vivos para fazer atos hediondos.

O filme está disponível no Disney+

Se você olhar fundo nas produções de animes, verá que o Japão também é mestre em contar histórias de horror e medo através das animações. Para os que ainda não se aventuraram nesse mundo, um ótimo ponto de partida é Perfect Blue, do diretor Satoshi Kon. O filme foi lançado em 1997 e influencia diversas obras até hoje (como Cisne Negro).

Na trama, uma integrante de uma girlband japonesa se prepara para tomar uma decisão arriscada: ela quer sair de sua banda e firmar sua carreira solo como atriz. Porém, ela logo desce nas espirais da loucura ao ser perseguida por fãs agressivos - e no fim, todos os eventos a levam a uma descoberta que pode acabar de vez com sua sanidade.

Nos anos 2000, tivemos a popularização de vários estúdios de animação que podiam concorrer diretamente com a Disney pela liderança do mercado. A partir disso, tivemos várias apostas ousadas e arriscadas que flertavam com outros gêneros e não traziam histórias unicamente infantis. A prova disso é A Casa Monstro, filme que mistura elementos mais juvenis com terror.

Na trama, três amigos partem na jornada mais assustadora de suas vidas, ao entrarem na casa de seu vizinho rabugento, o Sr. Epaminondas. Porém, a casa esconde seus próprios segredos e tem um passado tenebroso, que os amigos logos descobrirão. Apesar de ter cenas bem impactantes, é um ótimo filme para apresentar o horror para os mais novos!

Se você gosta de produções que saem um pouco do âmbito dos EUA, temos uma recomendação bem peculiar: Fear(s) of the Dark, um filme francês lançado em 2007 que, como o próprio nome sugere (medos do escuro), tenta brincar com nossa percepção sobre luz e sombras, e o que se esconde fora do nosso campo de visão.

O filme é uma antologia de segmentos criados por vários artistas prestigiados - como Charles Burns e Blutch. São histórias simples e criativas, que combinam diferentes estilos de animação. A única constante entre todos os curtas é o preto-e-branco, além dos medos mais primitivos que surgem nos nossos corações a partir do escuro.

Os Estúdios Laika se tornaram uma referência quando o assunto é stop-motion e temas mais mórbidos e sombrios. Tudo começou com seu primeiro longa-metragem, lançado em 2009. Coraline e o Mundo Secreto é uma adaptação direta do livro de Neil Gaiman, explorando a vida da rebelde Coraline e o que ela encontra ao atravessar uma porta em sua nova casa.

O filme certamente já colocou muito medo até em pessoas crescidas, mas é interessante notar como ele lida com questões muito importantes como a busca por uma identidade e a necessidade de encontrar algo "lá fora". Ainda assim, é impressionante como a figura ameaçadora da Outra Mãe é um combustível para pesadelos até hoje.

E já que o tópico são as animações do Estúdio Laika, também não podemos esquecer de um de seus filmes mais prestigiados. ParaNorman estreou em 2012 e conta a história de um jovem garoto que sofre preconceito em sua família e na cidade onde mora, por seu dom peculiar: ele é capaz de ver os fantasmas daqueles que já morreram, mesmo que ninguém acredite nisso.

Certo dia, Norman embarca em uma jornada cheia de mistérios e perigos ao descobrir detalhes sórdidos sobre a história de sua cidade e a bruxa que foi morta lá. Apesar de ter lá seus momentos tensos e assustadores, é um filme que impressiona muito por sua maturidade e por trazer algumas cenas genuinamente emocionantes, especialmente em seu clímax.

Um lançamento de 2013, Extraordinary Tales é feito para quem gosta de literatura de horror. Por quê? Basicamente, o filme é uma antologia composta por adaptações dos contos de Edgar Allan Poe, com diferentes estilos de animação, mas unido pela temática da morte, do luto e do pesar - além de ser uma homenagem ao legado do autor norte-americano.

O filme conta com adaptações de contos prestigiados do escritor, como A Máscara da Morte Rubra, O Coração Delator e A Queda da Casa de Usher, além de ter participações de um certo Corvo muito conhecido pelos fãs de Poe. É uma obra perfeita para quem gosta de literatura gótica e seu papel na construção do imaginário do horror.

Invasão Zumbi, de 2016, é um dos melhores filmes de zumbis da última década, mostrando todo o domínio dos sul-coreanos pelo gênero do horror. Infelizmente, a continuação lançada no ano passado não conseguiu fazer jus à obra original - mas se você ainda não desistiu desse universo, precisa dar uma checada em Seoul Station.

O longa animado basicamente serve como um prelúdio para Invasão Zumbi - mostrando exatamente como essa infecção começou e rapidamente se alastrou pela Coréia do Sul. Ainda que não seja tão complexo ou denso quanto seu predecessor, é um filme que vale a pena justamente por nos mostrar uma outra perspectiva no tema do "apocalipse zumbi".

Encerrando nossa lista, trazemos essa curiosa produção chilena feita através de stop-motion. A Casa Lobo foi lançado em 2018, conquistando vários festivais e prêmios na América Latina, sobretudo por sua premissa bem sinistra e por seus visuais que beiram o psicodélico, nos atirando em uma atmosfera sempre presente de pesadelos.

Na trama, uma jovem mulher chamada María escapa de vários fanáticos religiosos da Alemanha, entrando em uma casa bem esquisita. Lá, ela é saudada por vários animais, mas as coisas logo começam a mostrar sua verdadeira face. O filme empolga por ter toques de realismo fantástico e contos de fadas, mas por trazer discussões de temas muito atuais.

Ao longo de toda a semana estaremos publicando conteúdos especiais sobre animações como parte do nosso Momentos LH.

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