[Review] Monster Hunter Wilds brilha com ambição e jogabilidade, mesmo em uma trama simples

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[Review] Monster Hunter Wilds brilha com ambição e jogabilidade, mesmo em uma trama simples

Por Márcio Jangarélli

Na cultura pop, é importante você entender as pretensões de uma obra antes de consumi-la, evitando frustrações em um mundo onde boa parte da arte produzida é um artigo de luxo. Quando se fala em jogos, a coisa fica ainda mais complexa: é uma peça que exige a participação ativa do player por horas a fio; assim, você precisa saber exatamente o que está comprando para, no fim, não só evitar jogar dinheiro fora, mas apreciar esses títulos pelo que são, não pelo que pareciam ser.

A franquia Monster Hunter, da Capcom, é uma dessas jornadas que precisam de um pouco mais de cuidado antes de embarcar. Pode parecer, se você focar só em capturas de gameplay, um JRPG de história curiosa, um jogo de ação em mundo aberto, um MMO de caça e culinária… enfim, é um título que parece várias coisas e meio que não é nenhuma delas. É, de fato, uma experiência intrincada de caça, exploração, colaboração e, principalmente, aventura clássica.

Com Monster Hunter Wilds, ótimo novo capítulo da saga, esse conceito se expande para horizontes inesquecíveis.

Ficha Técnica

Título: Monster Hunter Wilds

 

Data de lançamento: 28 de Fevereiro de 2025

 

Desenvolvedora: Capcom

 

Plataforma: PlayStation 5, Xbox Series X / S e PC

 

Modo: Single player, multiplayer

 

Gêneros: Ação e Aventura

 

Tradução PT/BR: Sim

 

A tela inicial do game muda para cada região que você encontra na história

Se você encara Monster Hunter sem saber um mínimo do que pode esperar, provavelmente vai acabar confuso. A franquia como um todo se sustenta em sua jogabilidade elaborada, com sistemas de combate e exploração extremamente detalhados, monstros de comportamentos únicos, inteligentíssimos e com designs brilhantes, enquanto aposta em um enredo consideravelmente básico, mais esperançoso e aventureiro, sem muitas críticas ou dramalhões severos. Você entra nesse universo pela experiência de uma expedição de exploração e caça muito nobre e pomposa – mesmo que o objetivo seja, no fim, matar monstros e usar suas carcaças para fazer armas e armaduras bonitas e poderosas. Curioso, não?

Wilds, por sua vez, eleva todos os aspectos da franquia para outro patamar, até mesmo se arriscando um pouquinho no enredo. Graças à Capcom, tivemos acesso ao game com antecedência, além de termos testado as versões beta, e as horas investidas nos Ermos Proibidos foram absolutamente fantásticas. A imersão de World já era excelente, especialmente com Iceborne, mas a fluidez adicional do novo jogo, vinda de uma melhor integração entre áreas de descanso e de caça, torna o jogo mais profundo e divertido, te fazendo sentir como se estivesse vivendo um grande filme de aventura clássico.

Sim, você vai encontrar novos dracos em Wilds e eles são incríveis

A equipe de exploração e os nativos dos Ermos são carismáticos, mas o roteiro poderia ser muito melhor

A ideia de explorar um desconhecido milenar é muito interessante para esse universo, especialmente pelas possibilidades de espécies anciãs ou consideradas extintas habitando a região. O game vai fundo nesse conceito e surpreende com as novas áreas, culturas e até com os rumos que a história toma.  Essas são, geralmente, as partes mais “fracas” da franquia Monster Hunter e Wilds as executa em sua melhor forma até então. Os Ermos são intrigantes e desvendar cada nova região tem aquele quê de descoberta e fascínio que poucos jogos conseguem atingir da forma correta: não é apenas sobre o primeiro enquadramento clássico do mapa, que tira o fôlego e impressiona, mas a curiosidade que aumenta mais e mais conforme você passa seu tempo ali.

Enquanto isso, os aspectos consagrados da saga são elevados de maneira inteligente e efetiva. A adição dos Seikret (as montarias meio dinossauro, meio chocobo) é extremamente bem-vinda, facilitando a movimentação pelos Ermos, exploração e adiciona mais uma camada de estratégia às batalhas. É uma nova oportunidade de recuo, cura e reavaliação dos monstros e da área, que também traz uma arma secundária consigo, enriquecendo o combate, e pode ser usado para lançar seu personagem para ataques aéreos pontuais. No geral, o controle da montaria não é o mais refinado, mas os prós dessa inclusão superam em muito os problemas de movimento.

O game te mostra as possibilidades (e limitações) dos Seikrets desde o início

Os monstros estão ainda mais fantásticos, intimidadores e inteligentes

E se as caçadas de World já entregavam os melhores picos de emoção e fascínio, Wilds preparou monstros ainda maiores, mais inteligentes e comportamentais para a nova aventura. Reativos ao ambiente, clima e ao player, os monstros dos Ermos são interessantíssimos, desafiadores e nenhuma batalha decepciona, sejam focinhos inéditos ou já conhecidos da franquia. E, claro, os novos designs de armaduras e armas, frutos desses alvos, estão em novos patamares de épico e absurdo.

A propósito, sua nova equipe também é um tanto absurda. Rostos novos ou familiares, os esquadrões de exploração dos Ermos são carismáticos e divertidos, mas o game ainda não acertou nos diálogos. Talvez a parte mais fraca do projeto, Wilds sofre do mesmo problema dos títulos anteriores: um roteiro que beira o surrealismo de tão travado. Se você já conhece Monster Hunter, não é novidade ou espanto, mas, para os novatos, vão preparados para situações estranhas, mesmo que os personagens acabem compensando e você se acostume rápido com o absurdismo.

Desvendar os essa terra milenar desconhecida é intrigante e delicioso

Por outro lado, Wilds é um deleite técnico. Desde os trailers já dava para notar que esse seria o game mais bonito da franquia, mas o resultado final ainda impressiona muito. Cada área possui um visual muito único e os gráficos fazem jus ao escopo e diversidade dos Ermos, nunca te deixando sentir que está vendo mais do mesmo. Isso aliado a uma trilha sonora absolutamente perfeita, grandiosa, clássica, mas inteligente e pontual, fazem do game um verdadeiro espetáculo.

Logo, talvez Monster Hunter e, por sua vez, Monster Hunter Wilds não seja um game fácil de se entender à primeira vista, mas é um daqueles títulos que vale a pena o esforço. É incrivelmente recompensador desvendar as diferentes regiões dos Ermos e desafiar sua fauna monstruosa; é um jogo que captura a essência mais pura da aventura, daqueles que te fazem voltar de novo e de novo, solo ou com um grupo de amigos, para mais uma expedição inesquecível.

Nota: 9/10

Monster Hunter Wilds foi um dos jogos mais promovidos de 2024 e era um dos mais esperados de 2025. Felizmente, a Capcom conseguiu fazer valer cada gota de hype gerada para o título, entregando já em fevereiro um game que provavelmente entrará para várias listas de melhores do ano

 

Um roteiro mais natural e uma história mais ousada poderiam fazer a diferença, mas essa nunca foi a proposta. Wilds é uma jornada simples, de mecânicas complexas e muito coração – isso já basta.

 

Portanto, para a Legião, Monster Hunter Wilds leva nota 9. Um dos jogos essenciais de 2025, com toda certeza.

Monster Hunter Wilds já está disponível para PlayStation 5, Xbox Series X/S e PC.

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