[Review] Skull & Bones é ótimo para navegar, mas entrega pirataria contida
[Review] Skull & Bones é ótimo para navegar, mas entrega pirataria contida
Novo game da Ubisoft mira em Assassin’s Creed 4: Black Flag e acerta em aula de história
O chamado ao mar aconteceu depois de uma longa, longa espera. Skull & Bones, aguardado game da Ubisoft sobre a era de ouro da pirataria chegou em 16 de Fevereiro para PlayStation 5, Xbox Series X/S e PC, anunciado como o primeiro jogo de categoria “AAAA”.
Graças a Ubi, recebemos o game para testar e investigar se esse status grandioso é real ou apenas mais uma das megalomanias da indústria gamer. Sete anos depois de seu anúncio, será que Skull & Bones faz jus ao histórico deixado por Assassin’s Creed 4: Black Flag?
FICHA TÉCNICA
Título: Skull & Bones
Data de lançamento: 16 de Fevereiro de 2024
Desenvolvedora: Ubisoft Singapore
Plataforma: PlayStation 5, Xbox Series X/S e PC
Modo: Single player, multiplayer
Gêneros: Ação e Aventura
Tradução PT/BR: Sim, dublagem e legenda
O PROTAGONISTA É O NAVIO
Pode parecer história de marujo bêbado, mas Skull & Bones realmente foi lançado. O game da Ubisoft, anunciado em 2017, é uma tentativa da empresa de dar sequência ao fenômeno do plot pirata de Assassin’s Creed 4: Black Flag, mas demorou mais de uma década para acontecer. Adicione isso a um desenvolvimento envolto em diversas polêmicas e muita gente passou a acreditar que o título seria engavetado. Não foi; na verdade recebeu uma divulgação pesada, cheia de promessas grandiosas e… bom, não cumpriu muita coisa.
Para dar um contexto mais exato, o projeto de Skull & Bones começou exatamente como uma expansão de Black Flag, dez anos atrás, que tomou rumo próprio. Foi retrabalhado como um MMO, teve cenários projetados no Caribe e em um mar mitológico até, enfim, navegar para uma parte do Oceano Índico. Isso sem contar vários tipos de gameplay testados e descartados e todos os outros detalhes que nunca saberemos ao certo. Uma viagem turbulenta, para dizer o mínimo.
Enfim, o jogo finalmente tomou uma direção concreta e foi lançado junto da promessa já infame, independente de ter sido feita com seriedade ou não, de ser o primeiro jogo “AAAA”. Podemos dizer isso pelo orçamento de desenvolvimento? Possivelmente. Pelo produto final? Aí é difícil afirmar até se é um AAA.
Existem três problemas principais em Skull & Bones: não há história, objetivos ou gameplay fortes o suficiente para te manter engajado da maneira que o game e a empresa esperam de você. Ele foi desenvolvido em cima da fórmula mais básica da Ubisoft, mas sem a personalidade de games como Assassin’s Creed, Prince of Persia, ou até mais IPs mais recentes como Avatar e Immortals Fenyx Rising. É uma tentativa de emular parte de Black Flag sem entender exatamente o que fez daquele game um sucesso.
Primeiramente, o Skull & Bones trata pirataria de uma maneira sóbria, histórica, o que, pessoalmente, acho muito legal. Não estamos falando de piratas fantásticos, mas de contrabandistas e saqueadores, livres ou sancionados pelo governo, um pilar importantíssimo para as primeiras fases do capitalismo. No entanto, a forma como essa história é apresentada não é das melhores, te deixa entediado, te faz querer pular longos diálogos expositivos, deixar de lado cartas e documentos e simplesmente partir em busca de algo mais interessante.
Além disso, o plot principal do jogo é muito mais que fraco, parece apenas uma solução de última hora para se ter uma campanha principal e não só um jogo de batalha naval indiscriminada. Existem até missões secundárias que são mais interessantes que o enredo central, que poderiam ser desenvolvidas até se tornarem a história do game, mas que acabam nesse espaço raso e insosso, sem aprofundamento ou razão de integrarem o game.
Por conta da falta de interesse no plot, a exploração de Skull & Bones é motivada pelas promessas de grandes aventuras pirata. Há mapas de tesouro, vilas para saquear, navios para afundar, criaturas marinhas misteriosas para encontrar, outros postos piratas para conhecer, etc. E sim, essas coisas estão no jogo, mas não da maneira como se esperava.
Um dos motivos de maior crítica é que, no fim, Skull & Bones só entrega batalhas navais, com miras bem simplórias para seus canhões e morteiros, e qualquer coisa além disso é mostrada em cutscenes curtas, além de não haver opções de interação ou exploração. Saquear vilas? Cutscene. Parear navios para atacar a tripulação inimiga? Cutscene. Postos piratas? Exploração e interação mínima — e há até carregamento de tela quando você desembarca.
Esse mundo pirata acabou tragicamente engraçado porque todas as ações ocorrem no navio e nada além. Seu pirata não carrega sabres e pistolas funcionais, não há combate em terra ou interação com o mundo ao seu redor. Dá para dizer que é uma proposta única, pelo menos.
O que diverte no game, porém, é a navegação. Infelizmente, não é melhor que a de Black Flag – o que é estranho, visto que o jogo já completou uma década – mas é divertida, com belos cenários, várias cantigas pirata colorindo a viagem e uma jogabilidade sólida. E mesmo com as reclamações acima, as batalhas navais entretém, ainda que simplificadas.
Passar um tempo navegando, eliminando embarcações inimigas, descobrindo novas áreas, tentando não afundar para monstros marinhos, caçando animais para missões e tudo relacionado ao mar são os acertos de Skull & Bones. Além de toda a dinâmica de customização e aprimoramento de navios, com vários tipos de embarcação e equipamento, que também são pontos positivos para o jogo em diversão e variedade.
No fim, Skull & Bones é frustrante porque houve e há potencial, mas fica claro que as várias mudanças de direção ao longo dos anos prejudicaram muito o projeto e, no fim, a equipe só precisava lançar algo coeso e decente. É possível ver carinho e vontade em vários aspectos do produto final, quase afogados em um mar de decisões fracas.
Quem sabe, com um norte mais firme, esse navio pode entrar em uma corrente tão boa quanto a de Cyberpunk e No Man’s Sky, que renasceram das cinzas ao longo dos anos. Não é impossível, visto que o jogo é live service, possui temporadas anunciadas e tudo mais; alguns ajustes e adições podem tornar o título não perfeito, mas mais interessante.
Definitivamente, a declaração sobre jogos AAAA não pagou; Skull & Bones não é nem o melhor jogo da Ubisoft deste ano, o que é triste, visto que precisamos de mais games de pirata, sejam eles fantásticos ou mais firmes na realidade.
No entanto, não é um grande desastre também. Tudo relacionado à navegação e batalha naval, um dos grandes focos do game, é ótimo, diverte e tem grande potencial. Poderia ter mais personalidade? Sim, mas é algo que também pode ser aliviado com algumas DLCs.
Assim, Skull & Bones fica no meio do caminho para a Legião dos Heróis, nota 5/10. Estaremos acompanhando, esperançosos, as atualizações desse universo pirata.
E você, já jogou Skull & Bones? Não esqueça de comentar!
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