Review: Horizon Zero Dawn Remastered apresenta um mundo incrível povoado com heróis estranhos

Capa da Publicação

Review: Horizon Zero Dawn Remastered apresenta um mundo incrível povoado com heróis estranhos

Por Márcio Jangarélli

Um mês dedicado às aventuras da Aloy e Horizon? Pois é! Lego Horizon não foi o único lançamento relacionado à franquia da Guerrilla Games nas últimas semanas. Na verdade, o jogo que começou tudo, Horizon Zero Dawn, recebeu uma versão remaster, para PS5 e PC, em 31 de outubro.

Somos fãs da Aloy por aqui, portanto a PlayStation enviou uma cópia do remaster para testarmos. Será que a releitura dessa jornada incrível ficou boa? Leia e descubra!

Ficha Técnica

 

Título: Horizon Zero Dawn Remastered

 

Data de lançamento: 31 de outubro de 2024

 

Desenvolvedora: Guerrilla Games, Nixxes

 

Distribuição: PlayStation

 

Plataforma: PlayStation 5 e PC

 

Modo: Single player

 

Gêneros: RPG de Ação

 

Tradução PT/BR: Sim

Quando o realismo é assustador

A franquia Horizon pode não ter o melhor timing de lançamento, mas é, sem dúvida, uma das melhores novidades da PlayStation na última década. Com uma premissa tentadora que mistura sci-fi, distopia, religião e sobrevivência, um mundo vibrante e, principalmente, uma protagonista icônica, os dois games da saga, Zero Dawn e Forbidden West, conseguiram perdurar mesmo batalhando contra os magnânimos Breath of the Wild e Elden Ring; não é pra qualquer um atingir popularidade em uma situação dessas e de tal maneira que fez da Aloy um dos rostos principais da nova geração PS.

E é importante ressaltar o quanto o primeiro game, Horizon Zero Dawn, de 2017, conseguiu usar das capacidades do PS4 para criar uma experiência que não perde muito para os títulos da geração PS5. A Guerrilla Games fez um trabalho de mestre na confecção desse mundo, sua cultura, máquinas, paisagens e personagens de forma que tudo é facilmente reconhecível e essa qualidade não foi afetada pelos sete anos que se passaram. Assim, quando um Remastered do game foi anunciado, agora desenvolvido em parceria com a Nixxes, houve estranhamento e rejeição de parte do público.

O fato é que vivemos uma era de remasters, remakes e um apego excessivo pelo passado; onde mesmo muitos jogos 100% originais parecem presos a fórmulas e referências, tentando recriar títulos famosos dos anos 90/00 que ainda não receberam seu lugar ao sol das refações. E se um dia era necessário mais de uma década para surgir a possibilidade de uma reimaginação de um jogo, hoje esse período caiu drasticamente, especialmente para empresas como PlayStation e Nintendo. Para a primeira, há a tentativa de mostrar todo o potencial de suas novas máquinas com sagas consagradas e homogeneizar seus principais ícones e histórias. Já a outra tenta apagar fracassos do passado e combater a emulação de sua propriedade.

A parte cômica dessa situação é que essas ações vão contra muitos dos fatores que fizeram dos videogames a indústria bilionária que é hoje. No caso da PS, você começa a apagar a história de evolução dos jogos, fazendo remasters apressados e enterrando os originais, limitando a surpresa e empolgação que os jogadores poderiam ter com o futuro dos consoles. Um dos motivos da Lara Croft ser tão icônica, por exemplo, é porque vimos a evolução de um boneco poligonal em uma mulher semi-real. Acompanhar Tomb Raider é também vivenciar quase 30 anos de evolução da indústria de forma clara e impactante. Não dá para dizer o mesmo de propriedades como The Last of Us e, agora, Horizon, quando os responsáveis se esforçam para tentar apagar o passado.

Tudo isso para dizer que, infelizmente, Horizon Zero Dawn Remastered não é bem sucedido em sua premissa de elevar o título para algo além. Primeiro, porque não há “algo além”, já era um jogo excelente, extremamente bem sucedido e com muito futuro. Segundo porque, mesmo com cenários deslumbrantes e toneladas de novos detalhes que deixam o ambiente, vestimentas, armas e máquinas mais bonitos e interessantes, o remaster empobrece seus personagens na tentativa de seguir ainda mais pelo hiper-realismo. Na verdade, o que acontece aqui é que a Aloy ficou parecida demais com o “meme yassificado” que fizeram dela anos atrás (e isso vale para todo o elenco).

O jogo permanece quase o mesmo, tão incrível como antes, só mais rápido e tátil, integrado ao Dual Sense e à potência do PlayStation 5. O que mudou, de fato, foram os gráficos e designs, com péssimas escolhas de como fazer esses personagens mais reais. Originalmente, o game já seguia por uma vertente hiper-realista e Forbidden West mostrou, de maneira mais natural e efetiva, como a evolução dessa estética seria. No remastered, no entanto, o resultado é plastificado, desconcertante e por vezes cômico.

Só para citar algumas impressões de Zero Dawn Remastered que tornam o jogo… estranho: há mais detalhes no cabelo, mas os fios pesam demais e fica parecendo uma peruca mal feita; o quanto esses personagens ficam corados e com lábios rosa vibrante é mais doentio do que natural; os dentes são blocados, enormes, e ganharam aparência de massinha; isso sem contar quantas vezes elementos de vestimenta ou o próprio cabelo atravessam a cabeça do personagem em cutscenes.

O triste disso tudo é que Horizon Zero Dawn não precisava ou merecia passar por isso. E não é papo de saudosista – tudo o que mais prezo na indústria gamer é inovação e evolução – mas além do original já ser um game belíssimo, sem a menor necessidade de aprimoramento nessa fase, ele é também um título que sempre esteve disponível no PlayStation e, depois, no PC. Não havia impedimentos para os jogadores de Horizon, há retrocompatibilidade entre PS4 e PS5 e não é nem um jogo que requer um computador super potente para rodar. Enquanto isso, vários games, do PSOne ao PS3, estão esquecidos por vinte e tantos anos, sem chances de uma segunda vida.

Portanto, ainda que a crítica seja mais negativa, a nota não é tão terrível assim. O motivo é simples: este é o mesmo game, agora mais veloz e com personagens mais estranhos. Porém, para um jogo onde a narrativa, cutscenes e a seriedade dos personagens importa tanto, o visual também é essencial e a remasterização atrapalhou essa experiência núcleo de Horizon.

 

Assim, se Horizon Zero Dawn original é um 9,5, a versão Remastered leva 6. Ainda dá para vivenciar a grande aventura da Aloy em toda sua glória, só vá preparado para alguns jumpscares não intencionais.

Quer ler mais sobre games? Veja também: