Review: Final Fantasy XVI, um ano depois do lançamento, DLCs são eficientes, mas contidas
Review: Final Fantasy XVI, um ano depois do lançamento, DLCs são eficientes, mas contidas
A história de Clive e Valisthea se encerra mais silenciosa, mas com qualidade
Mais um capítulo chega ao fim na saga Final Fantasy. Quase um ano depois de seu lançamento e algumas polêmicas sobre performance, hype e pertencimento à franquia superadas, a Square Enix entrega o que parece ser a última DLC de Final Fantasy XVI: The Rising Tide.
Lançada em 18 de Abril, a DLC é a última do pacote de expansão anunciado para o game, junto de Echoes of the Fallen. Para completar nossa jornada junto de Clive, Torgal, Jill e Joshua, testamos as duas DLCs e ponderamos um pouco sobre o game no último ano. A aventura final nos aguarda; vamos lá?
Echoes of the Fallen
A primeira expansão foi lançada junto do anúncio do pacote de DLCs: Echoes of the Fallen, em Dezembro de 2023. Importante notar: as novas histórias pedem que você esteja basicamente na última missão da campanha principal e que tenha cumprido sidequests específicas – felizmente, o jogo te notifica quais elas são e onde ir para iniciar o novo capítulo.
Nesta primeira DLC, os desenvolvedores resolveram focar em um dos mistérios mais nebulosos de Valisthea ao fim do jogo original: os Decaídos, um povo ancestral que foi dizimado por Ultima por conta de um grande pecado contra os “deuses”. E enquanto a promessa de um capítulo sobre o Leviathan, em The Rising Tide, pareça mais chamativa, Echoes carregava a responsabilidade de tornar mais claro um dos principais pontos de crítica ao game.
Infelizmente, essa expansão não é tão bem sucedida em sua tarefa. É curta, introduzida na história de forma vazia, com personagens irritantes, demora para pegar ritmo e, mesmo que quando você finalmente entra na torre dos Decaídos as coisas fiquem mais explosivas e excitantes, ainda falta substância e organização. A história de Valisthea continua turva, não há muito esforço para mostrar, de fato, esse passado e esse reino antigo e a experiência toda parece tentar tratar com band aid um corte que precisa de pontos.
Não é de todo ruim, porém. A história coloca seus personagens dentro das torres que você sempre viu no game original, mas nunca teve acesso e o que há lá dentro entretém. Os chefões são eficientes, os cenários e músicas são sensacionais, passar mais tempo com o time completo é excelente e a batalha final, contra um velho conhecido da franquia Final Fantasy, e o que ela representa é absolutamente fenomenal. A DLC também eleva Ultima como personagem e te faz entender melhor a humanidade desse mundo, mesmo que pouco.
Portanto, Echoes of the Fallen não é das melhores adições, mas é decente. Tinha potencial para ser muito mais, mas funciona apenas como um extra.
The Rising Tide
Por outro lado, The Rising Tide – expansão mais recente e, possivelmente, final – faz tudo o que Echoes não conseguiu. Traz uma ótima nova história, novidades sensacionais no gameplay, adiciona camadas a Valisthea, seu presente e passado, introduz personagens carismáticos e memoráveis e, por fim, aborda um dos principais mistérios pendentes do jogo base: a grande onda congelada a oeste de Sanbreque.
Obviamente, só pelo fato dessa ser uma DLC envolvendo o Leviathan, uma das summons mais clássicas e raivosas da franquia Final Fantasy, as expectativas estavam altas. E foram atendidas, especialmente no que diz respeito à história da serpente marinha, seu dominante e os novos poderes do Clive.
Dessa vez, a DLC começa com seu grupo sendo guiado por um personagem cativante, você tem toda uma região nova para explorar, com várias missões extras, novos equipamentos, monstros e tudo mais que uma boa expansão deve oferecer. É aqui, por exemplo, que finalmente os icônicos Tonberry aparecem – com um visual divisivo que eu, pessoalmente, amei e achei perfeito para a estética de XVI.
Mysidia, a nova região, funciona diferente do resto de Valisthea e é isso que torna The Rising Tide fascinante. É um lugar tão distinto que até o poder do Leviathan, que o Clive adquire, é singular aos outros, transformando um dos braços do protagonista em um canhão d’água, priorizando ataques à distância. Super divertido e responsivo, permitindo todo tipo de combinações malucas com os outros Eikons.
E ainda que essa história não altere o final do game, como muitos acreditavam que faria, The Rising Tide é um conto tocante e paralelo à mensagem do último capítulo do game, sobre futuro, sacrifício e a esperança nas gerações que virão. Ela ajuda a deixar o game mais profundo e, estranhamente, mais humano, enquanto mantém o que acredito ser um encerramento perfeito para FFXVI – novamente, tudo o que uma boa DLC precisa fazer.
Final Fantasy XVI, um ano depois
Doze meses e muitas turbulências no mundo gamer depois, ainda mantenho minha opinião sobre FFXVI (que você pode conferir na review original clicando aqui): não é um jogo perfeito, mas encapsula a franquia perfeitamente; presta homenagens e referencia, porém sabe ser novo e entrega uma das experiências mais bombásticas dos últimos anos.
O problema, para muitos jogos, estúdios e marcas, e também para o público, hoje, está na criação de expectativas impossíveis. Até mesmo as DLCs de FFXVI sofreram com isso, visto que parte dos fãs queriam e juravam que elas viriam com novos finais. E, quando se olha do outro lado, tornar um game nichado exclusivo e esperar que ele exploda em vendas é de uma falta de visão absurda, não?
Jogos são expressões de arte, são produtos extremamente lucrativos, carregam a paixão de gerações nas costas, mas precisam ser apenas jogos também. Os melhores lançamentos dos últimos anos se lembraram disso em seu desenvolvimento.
Não importa se a produção tem rios de dinheiro ou um tostão e uma coxinha, um game precisa entender e explorar os fortes específicos dessa mídia para se tornar icônico. E acredito que Final Fantasy XVI fez isso muito bem, equilibrando nostalgia, novidade, drama e diversão em uma experiência que impacta e tira o fôlego – isso no lançamento e ainda hoje.
Agora, que venha o XVII.
Quer ver mais sobre games? Veja nossa lista abaixo: