Review: Bandle Tale é uma despedida triste para a Riot Forge

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Review: Bandle Tale é uma despedida triste para a Riot Forge

Por Melissa de Viveiros

Iniciada em 2019, a Riot Forge se propunha a ser um selo por meio do qual a Riot Games faria parcerias com outras empresas, publicando jogos de desenvolvedores independentes que explorariam o mundo de Runeterra. Em 2024, foi anunciado o fim da iniciativa, que se despediu com o lançamento de Bandle Tale: A League of Legends Story.

Infelizmente, após anos de acertos e títulos interessantes, o título final da Riot Forge deixa a desejar. Repetitivo, cansativo e pouco inovador, o game não acrescenta nada ao universo de League of Legends, e falha até mesmo como título isolado.

 

Ficha Técnica

Título: Bandle Tale: A League of Legends Story

 

Data de lançamento: 21 de Fevereiro de 2024

 

Desenvolvedora: Lazy Bear

 

Plataforma: PC (Windows), Nintendo Switch

 

Modo: Singleplayer

 

Gêneros: RPG, Simulação, Crafting

 

Tradução para o português: Sim

Bem-vindos a Bandópolis

Entre todas as regiões existentes no universo de League of Legends, Bandópolis é a mais misteriosa. Lar das criaturinhas conhecidas como yordles, tudo que se sabia sobre o reino até então era que se tratava de um lugar mágico, com uma lógica toda própria. Claro que colocar isso em prática como algo concreto e explorável não seria tarefa fácil – mas, infelizmente, o caminho escolhido pela Lazy Bear foi o mais genérico possível.

Em Bandle Tale, o jogador explora esse mundo com um avatar personalizável, que começa sua jornada em Novelândia, lar dos tricoteiros que vivem isolados do restante de Bandópolis. Quando o protagonista tem a oportunidade de participar de uma grande festa na Árvore da União, as coisas não ocorrem como planejado, o que leva a uma explosão, causando a interrupção do funcionamento dos portais e fazendo com que alguns yordles fiquem perdidos entre portais – incluindo o maior festeiro de Bandópolis e a melhor amiga do protagonista.

Esta é a premissa para o herói partir pelo mundo do game, explorando novas áreas das quatro ilhas que cercam o centro de Bandópolis, bem como a ilha central. Logo fica claro que cada área tem uma temática – a Ilha da Inspiração é lar dos yordles criativos e artísticos, enquanto o Bosque Brotoverde conta com yordles voltados às plantações e jardinagem – que se reflete nas histórias, objetivos e recursos encontrados em cada local.

Visualmente, o game é impecável. A arte pixelizada é feita de forma extremamente bela, e se destaca em certos ambientes em que é possível parar para observar a paisagem. As temáticas diferentes contribuem para maior diversidade, embora quando se trata de criatividade e magia a Ilha da Inspiração pareça ser a única que se preocupa menos com lógica e mais em ser algo diferente e interessante.

A trama não é complexa, como fica claro de início, mas isso não é um problema: este não é um game que se vendeu como contendo uma grande história. O papel da trama é criar uma estrutura coesa e interessante, o que o game consegue realizar bem. Tudo é mantido simples e divertido, que é o que se espera de um game voltado para plantação, recolhimento de recursos e criação de itens. 

Se há um problema no quesito narrativa, é a caracterização de certos heróis vindos do LoL, como Teemo e Lulu, que não são escritos de modo condizente ao que se sabe dos personagens ao serem reduzidos a um ou dois traços – mas a participação dos campeões é pequena o bastante para que este seja um problema mínimo. Infelizmente, o mesmo não pode ser dito da jogabilidade.

Os obstáculos no meio do caminho

Existem alguns elementos principais que compõem a jogabilidade de Bandle Tale. A coleta de recursos é um deles, bem como a criação de itens. Além disso, há o elemento “fazendinha”, com a possibilidade de plantar, colher e criar sementes. Isso é complementado pelo “restaurante”, onde é possível cozinhar e atender pedidos de yordles, o que contribui para o ganho de dinheiro e dos medidores necessários para as festas, último grande elemento da jogabilidade.

Basicamente, o jogador coleta recursos a todo o tempo e vai expandindo o que pode criar, podendo fazer certos itens para vender ou para cumprir missões. Conforme planta, consegue recursos para utilizar ao cozinhar, o que por sua vez permite a realização das festas, que podem ser necessárias para completar missões ou servir como meio de conseguir pontos de habilidade. 

Não parece um sistema complexo, em teoria. Na prática, tudo se torna menos uma variedade de opções quanto ao que fazer, e mais passos repetitivos e maçantes que precisam ser seguidos à exaustão para avançar no game.

Quando se trata de games focados em crafting e farming, espera-se que estes sejam títulos relaxantes – sem a adrenalina dos games de ação ou a exigência dos títulos mais táticos, ou até mesmo sem o peso dramático dos jogos mais focados em narrativa. Mas, para que isso aconteça, é preciso que esses sistemas funcionem bem e permitam o progresso do jogador no ritmo certo.

Animal Crossing, por exemplo, limita as recompensas que o jogador pode conseguir, impedindo que os jogadores passem tempo excessivo jogando de uma vez para conseguirem completar todos os objetivos de uma vez – mas o game nunca faz com que você se sinta preso e incapaz de prosseguir.

Essa é a sensação que Bandle Tale passou, lá por meados do jogo, quando os pontos necessários para adquirir habilidades começaram a se tornar mais escassos, enquanto o custo das novas habilidades só aumentava. Mesmo depois de superar essa parte – momento em que os pontos de habilidade se tornam abundantes até demais – o game torna cansativa a busca por recursos para criar um item necessário para criação de outro item, que por sua vez precisa ser unido a um terceiro sob as circunstâncias certas para então cumprir parte de uma missão.

As idas e vindas em busca de recursos poderiam ser interessantes, caso o game não tornasse certos elementos escassos demais e obrigasse o jogador a esperar pela criação de objetos de uma forma que parece feita apenas para aumentar o tempo necessário para terminar o jogo. Em determinado ponto, deixa de ser divertido e se torna apenas uma tarefa a ser cumprida, tornando tudo desinteressante e arrancando suspiros de quem já não aguenta a enrolação para realizar qualquer coisa.

Enrolação que, inclusive, se manifesta também no ritmo do game. Mais de uma vez, Bandle Tale se encaminha para o final de forma enganosa, acrescentando um “e não é só isso” que, ao invés de adicionar ao jogo, só o torna mais extenso e cansativo. Não é um acréscimo bem-vindo – muito pelo contrário, deixa o gostinho de “queria que o game realmente tivesse acabado ali atrás”, desejo que infelizmente não é realizado.

O game infelizmente é uma despedida triste para a Riot Forge. Ainda que não seja um desastre completo, Bandle Tale fica muito abaixo da qualidade entregue por outros títulos do selo. Apesar de alguns jogos terem se saído melhor que outros, o legado deixado pela Forge é majoritariamente positivo, e é uma pena que sua despedida não tenha se mantido no mesmo nível.

O visual belo e interessante de Bandle Tale, bem como sua trilha sonora charmosa e história simples mas divertida não são o bastante para manter o jogo por sua extensa duração. Com o decorrer das horas, a jogabilidade se torna extremamente cansativa e desinteressante, e fica a sensação de que o game deveria ter acabado antes. Diante disso, Bandle Tale: A League of Legends Story leva 5 de 10 da Legião.

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