Naruto: Primeira versão do mangá traria um protagonista bem diferente, entenda
Naruto: Primeira versão do mangá traria um protagonista bem diferente, entenda
Naruto passou por muitas mudanças até se tornar a história que conhecemos
Muitos mangás de sucesso possuem um rascunho inicial publicado, o famoso “capítulo 0”, geralmente muito distinto do que a história final se torna, ainda que alguns designs, temas e ideias persistam. É o caso com obras grandiosas, como One Piece, com “Romance Dawn”, e Berserk, com “The Prototype”. E, sim, Naruto também tem um capítulo piloto.
Publicado em 1997, na revista Akamaru Jump, o título do projeto já era Naruto nessa época. Com menos de cinquenta páginas, o one-shot (publicação única) traz alguns visuais, personagens e temas que acabaram seguindo para a versão final, mas mundo, história e até as morais do protagonista são diferentes e mais “maduras” daquilo que o mangá adotou depois.
Semelhanças entre piloto e versão final de Naruto
Masashi Kishimoto já havia definido um detalhe chave de Naruto no rascunho da série: a relação do menino com a figura da Raposa de Nove Caudas. A história do ataque da Kyuubi já estava no enredo, ainda que pareça mais apocalíptica nesta versão, e o protagonista deve viver à sombra desse desastre por conta de sua ligação com o monstro.
Falando sobre o Narutinho, o design do personagem nesse one-shot é quase o mesmo do início da série regular, quando ele usava os óculos na testa, antes de receber a bandana da Vila da Folha. Além disso, o conceito de ele ser uma criança problemática é estabelecido, mas um pouco mais elevado que o do seu eu ninja. Ele também é especialista em técnicas de transformação e já usa seu famoso sexy no jutsu no protótipo.
No piloto, ainda conhecemos um lugar chamado Monte Onari, vila onde Naruto vive, que parece ser um rascunho para Konoha. Tanto que o chefe desse lugar é claramente a ideia inicial para o Terceiro Hokage, Hiruzen Sarutobi.
Além disso, não fica claro como os ninjas funcionam nessa história, mas uma escola é mencionada e existem jutsus. Por fim, o lámen do Ichiraku, o design do cozinheiro e o amor do Naruto pelo prato já figuravam nessa versão.
Diferenças entre piloto e versão final de Naruto
Porém, as diferenças entre piloto e final são bem profundas. Começando pela temporalidade, quando esse é um mundo moderno, com grandes cidades, veículos e tecnologia. Ainda, não parece ser um “mundo ninja” de fato, quando não há menção aos guerreiros em nenhum ponto e os poderes do Naruto assustam as pessoas ao redor. Sem contar que a segurança pública é feita por policiais, não shinobis.
Na verdade, parece que a ideia era trabalhar o mundo “mágico” separado do mundo real, com o Monte Onari carregando mais da identidade da obra final. Isso é ainda mais interessante se considerarmos que a modernização foi adotada no mundo de Naruto após o final da história original, em Boruto.
O próprio Naruto é bem diferente no piloto, ainda que já possua algumas de suas características clássicas. A principal distinção é que, nessa versão, o menino é literalmente filho da Raposa de Nove Caudas, não um hospedeiro. Isso faz dele, inclusive, uma raposa mágica que assume a forma de humano, meio que o oposto do espírito da Kyuubi consumindo o Narutinho na aventura final.
Esse Naruto é mais rebelde, prega peças mais pesadas e tem a boca mais suja que o que conhecemos. Kishimoto, inclusive, parecia querer tornar essa história mais adulta, colocando, logo na introdução, o protagonista se embebedando, sendo acusado de assassinato e lidando com um caso policial.
Aliás, a história da Raposa é mais grandiosa e não indica que existiam outros seres como ela. É dito que, há muito tempo, uma poderosa e demoníaca raposa de nove caudas, cujo balanço dessas caudas causava terremotos e tsunamis, ameaçava o mundo. Nove guerreiros lendários se encarregaram de enfrentá-la, apenas um sobreviveu. Este, que se tornou o chefe do Monte Onari, versão inicial do Terceiro Hokage, encontrou o filhote da Raposa, se apiedou da criatura e resolveu poupá-la e criá-la, resultando no Naruto.
O plot dessa aventura também não é nada do que você esperaria ver em um protótipo de Narutinho. Aqui, temendo que o menino se tornasse maligno como a Raposa, o chefe do Monte Onari envia Naruto em uma missão particular: explorar a cidade grande até encontrar um amigo em quem confie o bastante para levá-lo conhecer sua casa e o chefe. Dá para identificar um pouco da série final, mas as coisas ficam mais estranhas.
Ao chegar na cidade, Naruto (que dirige uma moto) conhece um pintor frustrado e se envolve na trama do roubo de um quadro precioso. Nisso, ele acaba bebendo com o pintor, consegue um amigo, que é morto logo em seguida, é acusado de assassinato e parte em uma jornada para encontrar o verdadeiro criminoso.
Essa história termina com Narutinho, depois de ter resolvido o caso, se tornando amigo do pintor e partindo em busca de novas aventuras na cidade. Os temas de rejeição, rebeldia, amizade e esforço já estavam no projeto, em menor escala, mas todo o fascinante mundo de Naruto ainda não havia nascido nessa época.
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