Griselda: Conheça a história real da traficante que inspirou série da Netflix
Griselda: Conheça a história real da traficante que inspirou série da Netflix
A verdade é mais estranha que a ficção?
O mundo do true crime já arrecadou diversas adaptações populares ao longo dos anos. De Ted Bundy até Pablo Escobar, atores como Zac Efron e Wagner Moura entraram na pele de assassinos e traficantes em prol de contar a verdade por trás destas personalidades. Porém, alguns nomes escondem uma realidade ainda mais brutal e sanguinária do que sua contraparte fictícia. Griselda Blanco é um desses nomes.
Inspirada na história real da narcotraficante colombiana e pioneira do crime organizado, Griselda Blanco, a nova série da Netflix, Griselda, é protagonizada por Sofía Vergara e traz a ascensão e queda d’A Madrinha. Mas, entre amores fracassados, assassinatos e um mistério envolvendo a sua própria morte, a verdade por trás do caso Blanco consegue ser ainda mais impressionante.
Quem é Griselda Blanco?
La Madrina. A Viúva Negra. La Dama de la Mafia. La Gorda. Lucrecia Adarmez. Arichel Vince-Lopez. Betty. Griselda atendia por diversos nomes, mas nasceu como Griselda Blanco Restrepo no dia 15 de fevereiro de 1943, na Cartagena das Índias, Colômbia.
Com relação ao seu passado, os dados de seu nascimento são a única confirmação que temos nos dias de hoje. Isso por que, ao longo dos anos, a lenda que se tornou ganhou diversas versões.
Charles Cosby, um antigo amor de Blanco, por exemplo, contaria que, aos 11 anos, Griselda havia sequestrado, pedido um resgate e alvejado uma criança de outro bairro. Já com 13 anos, já tinha em seu “currículo” furto de carteiras e prostituição.
Mas, outra história a colocou como uma vítima de uma tentativa de abuso por parte de seu padrasto. O evento traumático a fez fugir de casa entre 13 e 14 anos. Foi nesse contexto que conheceu seu primeiro marido, Carlos Trujillo, pai de Dixon, Uber e Osvaldo, seus três primeiros filhos.
A Viúva Negra
Com seus contatos no tráfico humano, Trujillo foi uma peça essencial para a construção d’A Madrinha, uma vez que foi o responsável por ensinar Blanco as habilidades necessárias para participar de seus negócios. Nos anos 70, viu na cocaína a chave para mudar completamente de vida.
O único problema era Trujillo. Seu marido não entendia sua visão, se tornando um obstáculo para o “império” florescer. A oportunidade para seguir seu plano apenas surgiu quando o homem faleceu por uma suposta cirrose. A “suposição” aqui não é aleatória, pois existem diversas suspeitas que Blanco foi a real responsável pelo falecimento de Trujillo.
A verdade por trás desse acontecimento ainda é um mistério. Mesmo assim o boato foi o suficiente para o nascimento de um dos seus apelidos: Viúva Negra.
“Eu não duvido que ela tenha sido responsável por algumas dessas mortes, mas nunca conseguimos fazer com que alguém nos diga e nem ela nos disse nada sobre isso”, comentou a detetive June Hawkins-Singleton, uma das responsáveis pelo caso de Blanco nos Estados Unidos.
Assim como o aracnídeo famoso por matar seus companheiros, Griselda já tinha um segundo marido em mente: Alberto Bravo.
Bravo foi sua introdução ao mercado de cocaína, mas foram seus conhecimentos e viagem para o Queens, em Nova York, os responsáveis pelo início do seu império do narcotráfico. Entre diversas de suas táticas para a entrada de drogas no país, uma das mais famosas, era através de lingeries — em que as peças tinham bolsos e compartimentos secretos contendo o produto.
Mas, não demorou para que seu plano fosse descoberto. Em 1975, ela foi indiciada com acusações federais de conspiração de droga junto com 30 dos seus subordinados. Griselda, então, fugiu para Colômbia, onde Bravo foi morto e ela conheceu seu terceiro marido, Darío Sepúlveda, pai de seu quarto filho, Michael Corleone — nomeado em homenagem ao personagem de O Poderoso Chefão.
Não demorou para que Sepúlveda também morresse e, assim como os dois primeiros maridos de Griselda, a morte súbita levantou hipóteses sobre a traficante ser a responsável.
La Madrina
Nos anos subsequentes, Blanco chegou a operar em Miami, Nova York e Flórida, conquistou uma reputação de mulher implacável, disposta a ordenar assassinatos e seria descrita por Pablo Escobar como “um dos homens que mais tinha medo”.
Não apenas isso, ela criou uma nova rota de narcotráfico, fazendo a cocaína circular da Colômbia para a Miami, transformando a cidade em um lugar “construído pela coca”.
Quem é June Hawkins?
A fama de Griselda não se manteve apenas entre os traficantes da Colômbia e Estados Unidos. Chamando a atenção da mídia e autoridades, June Hawkins, uma das primeiras policiais mulheres em Miami, tomou responsabilidade pelo caso Blanco.
Interpretada na série da Netflix por Juliana Aidén Martinez, a trajetória de June na vida real representa um completo oposto, assim como também um complemento, a história de Blanco. Não muito diferente da Rainha do Tráfico, June também era subestimada por boa parte de seus colegas de trabalho.
E, de acordo com Deborah Bonello, autora do livro NARCAS: The Secret Rise of Women in Latin America’s Cartels (2023), isso foi crucial para o crescimento de Blanco no mercado clandestino.
Por utilizar espaços considerados femininos, como salões de beleza e ter mulheres nos mais altos escalões de sua organização, Blanco utilizava o “olhar masculino” das autoridades contra eles mesmos. Por serem vistas como “menos suspeitas”, suas lingeries com cocaína sempre estavam despercebidas.
Griselda Blanco foi presa?
E esse plano a manteve fora das grades até 1985, quando foi presa por Bob Palumbo, agente da Drug Enforcement Administration (Administração de Fiscalização de Drogas). Acusada de conspiração, importação e distribuição de cocaína, Griselda Blanco recebeu uma pena de 15 anos.
Mas, Blanco ainda teria uma extensão em sua sentença. Em 1994, foi apontada como culpada pela morte de um garoto de 2 anos, morto acidentalmente durante um atentado planejado contra o pai de Griselda, Jesus Castro. A lista de mortes “oficiais” ainda contou com a de dois traficantes.
Em 1998, de 15 anos, sua pena foi para três sentenças de 20 anos. Curiosamente, após apenas 6 anos na cadeia, Blanco foi deportada para a Colômbia em 2004.
Quem matou Griselda Blanco?
Quando foi libertada no país de origem, Blanco passou a viver uma vida calma e sem luxos. Cortando as atividades ilícitas, a mulher ficou oito anos em liberdade até o dia de sua morte, em 3 de setembro de 2012, quando foi assassinado por dois homens enquanto saía de um açougue.
Blanco chegou a ser levada para o pronto-socorro, mas não resistiu e, hoje, está enterrada nos Jardines Montesacro, cemitério no sul de Medellín, onde também descansa outro grande nome do tráfico de drogas: Pablo Escobar.
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