Estudo revela que filmes possuem cada vez menos cenas de sexo e nudez

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Estudo revela que filmes possuem cada vez menos cenas de sexo e nudez

Por Gus Fiaux

Embora seja um tópico normal na vida da maioria da população, o sexo na arte costuma ser visto como um tabu – não é à toa que, nos últimos anos, diversas discussões tenham sido levantadas na internet, como todo o debate em torno da criação de um “botão de pular cena de sexo” na Netflix e em outros serviços de streaming. No entanto, se, para algumas pessoas, há uma “superpopulação” de conteúdos sexuais na cultura pop contemporâneo, estúdios nos mostram exatamente o oposto.

The Economist recentemente publicou uma matéria demonstrando como os filmes mudaram de 2000 a 2024, ao menos no que diz respeito ao comportamento sexual de seus personagens. Ao que tudo indica, há uma queda muito expressiva no interesse e na produção de filmes e obras audiovisuais que retratam sexo e nudez.

Stephen Follows, um analista de dados ligados a filmes, examinou a lista das 250 maiores bilheterias dos Estados Unidos a cada ano, desde 2000. Comparando dados com agências de classificação de filmes e vários bancos de dados – usando uma escala onde o “sexo e nudez” de um filme é medido em uma escala de “nenhum” a “severo”, Follows descobriu que a presença de conteúdo sexual nos filmes caiu em quase 40%.

Gráficos de Stephen Follows: À esquerda, média de filmes live-action sem conteúdos sexuais de 2000 a 2023. À direita, notamos a queda do tópico “sexo” em temas maduros retratados no cinema (fonte: The Economist).

Em 2000, cerca de apenas 20% dos filmes de maior bilheteria anual não tinham cenas de sexo – agora, esse número mudou e cerca de metade dos filmes lançados não possuem qualquer conotação sexual, implícita ou explícita.

A matéria do The Economist ainda atribui as mudanças de conteúdo às demandas da Geração Z. Segundo o site, essa demografia é notoriamente “casta”, com pesquisas alegando que é uma geração que faz bem menos sexo que os seus anteceessores – e também que esse público quer ver cada vez menos sexo nas artes, conforme estudo publicado pelo Centro de Acadêmicos da Universidade de Los Angeles na Califórnia (UCLA).

Pobres Criaturas, filme que retrata questões relacionadas à libertação do corpo feminino e o sexo e a nudez como expressão do ser gerou diversas polêmicas em redes sociais como o X (antigo Twitter) e TikTok.

Na pesquisa administrada pela universidade, adolescentes e jovens adultos da Geração Z foram questionados sobre os 19 tópicos que eles mais gostavam de ver em filmes e séries de TV. O item “romance e/ou sexo” acabou ficando em 13º lugar, enquanto o item “conteúdo que não inclua sexo ou romance” ficou bem acima, em sétimo.

Esse “puritanismo” tem se refletido na recepção a várias obras que tocam em temas minimamente controversos. Um bom exemplo é o longa Pobres Criaturas de Yorgos Lanthimos. Ao mostrar a jornada de libertação, descoberta e amadurecimento de uma mulher através de seus desejos sexuais, o longa gerou debates em redes sociais como o X e o TikTok. Algo similar acontece com frequência em relação às séries da Netflix – desde Elite àquelas que já levam o tema em seu próprio título, como Sex Education.

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