Caso P. Diddy: O que sabemos até agora sobre a prisão do rapper e produtor americano

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Caso P. Diddy: O que sabemos até agora sobre a prisão do rapper e produtor americano

Por Jaqueline Sousa

Influente nome no hip hop dos anos 90 e empresário de prestígio na indústria musical, o rapper Sean Combs, mais conhecido como Diddy, chocou o universo do entretenimento na última semana após ser preso nos EUA por acusações de tráfico sexual e extorsão. Desde então, o escândalo vem dominando os principais veículos de comunicação do mundo, com diversas especulações envolvendo o caso circulando pela internet.

Mas o que realmente está acontecendo com o rapper? Preparamos um guia completo com tudo que você precisa saber sobre as polêmicas acusações envolvendo P. Diddy.

Quem é Sean Combs, o P. Diddy?

Sean Combs, conhecido pelo nome artístico de P. Diddy, fez história na música com hits influentes do hip hop.

Antes de entender a cronologia de informações divulgadas até o momento do caso, vale saber um pouco mais sobre quem é Diddy, que também já usou os nomes artísticos Puff Daddy e P. Diddy. Como dito inicialmente, o músico é um nome influente do gênero hip hop, começando sua trajetória no setor musical durante a década de 1990 quando se tornou estagiário da gravadora Uptown Records.

Depois disso, não demorou muito para que a carreira de Diddy começasse a crescer: de estagiário, ele se tornou diretor da Uptown Records e logo abriu sua própria gravadora, a Bad Boy Records. Graças ao seu trabalho como empresário e produtor, Diddy foi o responsável pela descoberta de grandes nomes da música, como The Notorious B.I.G., Mary J. Blige e Usher, e ainda consolidou sua própria carreira musical com álbuns bem-sucedidos nas paradas de sucesso (via G1).

Com três prêmios do Grammy na bagagem, Diddy também produziu seu próprio programa na MTV, o reality show Making the Band, e deixou seu nome marcado no universo da moda com a marca de roupas Sean John. Além disso, o artista é conhecido por ter uma extensa rede de amizades com pessoas influentes da indústria musical, além de ter sido mentor de várias celebridades da área.

Quais são as acusações contra P. Diddy?

Preso em 16 de setembro, P. Diddy é acusado por tráfico sexual e extorsão.

Preso no dia 16 de setembro, Diddy vem enfrentando acusações criminosas contra ele após anos de investigação da Justiça americana. De acordo com o documento revelado pelo órgão na última semana (via The Hollywood Reporter), o rapper é acusado por tráfico sexual e extorsão em um caso que, segundo investigações, acontece desde, pelo menos, 2008.

As alegações apontam que Diddy usava seus empreendimentos para financiar um esquema criminoso que “agredia e traficava mulheres”, sendo mantido por um “padrão generalizado de abuso”. O documento diz que o rapper “abusou, ameaçou e coagiu mulheres e outras pessoas ao seu redor para satisfazer seus desejos sexuais, proteger sua reputação e ocultar sua conduta”.

Ainda segundo o promotor Damian Williams, em entrevista coletiva que revelou as acusações, Diddy usava seu império para “realizar atividades criminosas, incluindo tráfico sexual, trabalho forçado, sequestro, incêndio, suborno e obstrução da justiça”.

No documento revelado pela ação judicial, o processo também dá mais detalhes sobre os chamados “Freak Offs”, que foi descrito pelo governo estadunidense como “elaboradas e produzidas performances sexuais” criminosamente organizadas em hotéis de luxo com a ajuda do império de Diddy.

De acordo com o que foi revelado pelas investigações do caso (via Folha de S.Paulo) , o rapper usava seus negócios para ocultar a ação criminosa que comandava “maratonas sexuais”, que também contavam com uso demasiado de substâncias químicas e sexo coagido. O documento afirma ainda que o magnata filmava as performances como maneira de “silenciar” os envolvidos.

Segundo investigações, P. Diddy usava seus negócios para controlar uma organização criminosa que promovia “maratonas sexuais” coagidas.

Ainda sobre os Freak Offs, o The Hollywood Reporter informa que, segundo os promotores do caso, a influência de Diddy na indústria musical era usada como maneira de “intimidar, ameaçar e atrair vítimas femininas” com o falso pretexto de que uma relação romântica com o rapper. De acordo com as acusações, era assim que Diddy forçava os envolvidos a participar dessas “extensas maratonas sexuais” que, geralmente, também envolviam profissionais do sexo que eram “transportados nacional e internacionalmente”.

O documento diz (via THR):

“Vítimas acreditavam que eles não podiam recusar as exigências de Combs [Diddy] sem arriscar sua segurança financeira e profissional, ou sem repercussões na forma de abuso físico ou emocional. Combs também usou as gravações sensíveis, constrangedoras e incriminatórias que ele fez durante os Freak Offs como maneira de garantir a obediência contínua e o silêncio das vítimas.”

Os promotores ainda disseram que Diddy não agia sozinho, já que “supervisores de alto escalão dos negócios de Combs, assistentes pessoais, seguranças e funcionários que reservavam os quartos de hotéis” também participaram da organização criminosa que controlava o esquema das performances sexuais coagidas. De acordo com o THR, armas também eram usadas para intimidar as vítimas e outras testemunhas.

Em comunicado oficial após a prisão de Diddy, o advogado do rapper, Marc Agnifilo, disse que a Justiça norte-americana está fazendo uma “acusação injusta”, afirmando que o músico é “imperfeito, mas não criminoso”. Diddy, por sua vez, declarou-se inocente das acusações e estaria colaborando com a investigação.

A linha do tempo das acusações de assédio sexual, tráfico sexual e extorsão contra P. Diddy

Série de alegações contra P. Diddy começou com denúncia de Cassandra Ventura, ex-namorada do rapper que o acusou de abuso sexual, em 2023.

Não é de hoje que Diddy vem se envolvendo com polêmicas no universo do entretenimento. O ponto de partida que culminou nas alegações de tráfico sexual e extorsão reveladas neste mês foi uma denúncia feita pela cantora Cassandra Ventura (também conhecida como Cassie), em 2023, que acusou o rapper de abuso sexual, assédio e estupro ao longo de uma década, período em que os dois estiveram em um relacionamento amoroso, entre 2007 e 2018 (via Billboard).

O processo foi resolvido de maneira rápida, encerrando-se em um acordo fora dos tribunais. Contudo, a acusação impulsionou uma nova série de denúncias contra o magnata da música ainda em 2023, com mulheres apresentando à Justiça alegações de agressão sexual contra Diddy. Uma das primeiras, por exemplo, foi Joi Dickerson-Neal, que afirmou ter sido drogada e abusada sexualmente pelo rapper quando ela tinha 19 anos, em 1991 (via Billboard), sendo que o crime teria sido gravado pelo empresário.

Ainda no ano de 2023, em 6 de dezembro, Diddy recebeu uma nova denúncia: uma mulher, que optou por não se identificar, acusou o rapper e outros de terem a estuprado em grupo quando ela tinha 17 anos, em 2003 (via People).

Com a denúncia, a retaliação diante do caso foi intensa, fazendo com que diversas marcas cortassem relações com o rapper. Ele também renunciou ao cargo de presidente da Revolt TV, uma rede de televisão de hip hop, e reforçou que era inocente diante das acusações.

P. Diddy vem recebendo diversas acusações de abuso sexual desde 2023.

Mas as denúncias não pararam por aí: em fevereiro de 2024, o produtor musical Rodney Jones, também conhecido como Lil Rod, acusou Diddy por assédio sexual. De acordo com a People, a ação movida pelo produtor afirmava que Diddy também teria “drogado e ameaçado” Rod durante o período de produção do álbum The Love Album: Off the Grid, lançado pelo rapper em 2023.

A denúncia feita por Rodney Jones foi o ponto de virada, então, para que as investigações contra Diddy ganhassem uma nova repercussão. Em março deste ano, agentes federais entraram em propriedades do rapper, localizadas em Los Angeles e Miami, como parte das investigações de tráfico sexual (via The Guardian), apesar de nenhuma acusação oficial contra Diddy ter sido feita nessa época.

Intensificando ainda mais o escândalo, a CNN (via G1) divulgou um vídeo em maio de 2024 que mostrava Diddy agredindo Cassandra Ventura em um hotel de Los Angeles, em 2016, período em que os dois ainda estavam juntos. Diddy assumiu responsabilidade pelo ocorrido, afirmando em comunicado nas redes sociais que seu “comportamento no vídeo é indesculpável”.

Ao longo dos últimos meses, Diddy recebeu mais algumas denúncias, sendo uma da ex-modelo Crystal McKinney, que o acusou por assédio sexual e por tê-la drogado em um estúdio de Nova York, em 2003 (via Billboard); outra de April Lampros, que também o acusou de assédio sexual e alegou que o rapper teria gravado o ato sem seu consentimento (via The Guardian); outra de Adria English, que afirmou que Diddy a coagiu a ter relações sexuais com convidados de festas organizadas por ele (via The Guardian); e mais uma de Dawn Richard – cantora que esteve nos grupos musicais Danity Kane e Diddy-Dirty Money, ambos com envolvimento de Diddy – que também acusou o rapper por assédio sexual, além de afirmar que o viu agredindo Cassandra Ventura (via The Guardian).

A denúncia de Dawn Richard, feita em 11 de setembro deste ano, foi uma das últimas ações judiciais movidas contra Diddy até sua prisão, que aconteceu em 16 de setembro. Até o momento, sabe-se que o rapper teve sua fiança negada pela Justiça americana (via The Hollywood Reporter) e permanecerá detido, enquanto aguarda julgamento do caso após se declarar inocente das acusações de tráfico sexual e extorsão.

Nicki Minaj, Jay-Z e mais repercussões do caso

Amigo de P. Diddy por anos, Jay-Z foi criticado por Nicki Minaj diante do escândalo envolvendo a prisão do rapper.

Por Diddy ser um nome bastante conhecido no mercado musical estadunidense, o escândalo de sua prisão gerou diversas repercussões na mídia mundial por causa das conexões pessoais do rapper com nomes renomados na música, como Jay-Z.

No último sábado (21), a rapper Nicki Minaj, por exemplo, usou as redes sociais para trazer à tona a conexão entre os dois músicos após acusar Jay-Z de fraude (via Rolling Stone). A acusação de Minaj tem relação com a venda da TIDAL, streaming de música adquirido por Jay-Z em 2015 que foi parcialmente vendido para Jack Dorsey, o ex-CEO do antigo Twitter, em 2021.

Minaj era uma das coproprietárias da plataforma e alegou que foi “enganada” por uma proposta que lhe ofereceu US$ 1 milhão para manter silêncio, um número inferior ao que ela deveria receber, segundo alegações da cantora. Além de sugerir que Jay-Z não foi transparente com ela a respeito da venda, Minaj também criticou o silêncio do rapper em relação às acusações contra Diddy, já que ambos são amigos, afirmando que os ataques contra ela eram usados para “abafar” a polêmica.

Com o escândalo envolvendo o caso explodindo nos EUA, nomes que já foram (ou ainda são) associados ao ciclo de amizades de P. Diddy se tornaram alvo de especulações midiáticas. Alguns famosos conhecidos por manterem uma relação próxima com o rapper ao longo dos anos incluem Ashton Kutcher, a família Kardashian, Justin Bieber, Leonardo DiCaprio, Mariah Carey, Usher e Paris Hilton.

De acordo com a imprensa americana (via Mirror UK), diversas celebridades renomadas estariam “morrendo de medo” de serem associadas ao caso, preferindo manter o silêncio diante da situação. Vale ressaltar, porém, que, apesar das especulações e teorias que circulam nas redes sociais desde a prisão de Diddy, nenhum nome próximo ao cantor está envolvido com o caso no momento.