Yu Yu Hakusho da Netflix é boa?
Yu Yu Hakusho da Netflix é boa?
“Se derrubar, é pênalti”
Com o sucesso de One Piece: A Série, a Netflix parece ter colocado uma grande dúvida na cabeça dos fãs de anime: será possível uma adaptação para live-action ser boa? Mas, se a produção baseada em One Piece mostrou que Hollywood é capaz de ser fiel e respeitosa com material japonês, a de Yu Yu Hakusho nos lembra que isso nunca foi uma questão para o Japão. Em outras palavras, o país sempre mostrou potencial em apresentar um novo olhar para seus animes e mangás — o que pode causar estranheza no público ocidental.
Inspirado no trabalho de Yoshihiro Togashi, Yu Yu Hakusho (2023) traz a história de Yusuke Urameshi, um jovem delinquente que vê sua vida virar de cabeça para baixo quando é morto após um acidente de carro. O único problema é que não há espaço nem no céu ou no inferno para o rapaz. Para ajeitar a situação, Koenma, governante do Mundo Espiritual, lhe faz uma proposta: Yusuke pode ressuscitar, desde que se torne um detetive espiritual.
Porque a adaptação de Yu Yu Hakusho funciona
Entre diversos pontos positivos do live-action, o que se destaca no trabalho de roteiro de Tatsuro Mishima é a capacidade de condensar mais de 60 episódios de anime em cinco episódios de cerca de 50 minutos e, tudo isso, sem perder o espírito da história. Aqui, ao invés de longas apresentações reservadas para cada personagem, temos um ritmo rápido em que mistura passado e futuro da linha do tempo de Yusuke, o que faz desta uma ótima porta de entrada para a história original.
E “porta de entrada” é o termo de ordem para Yu Yu Hakusho da Netflix. Diferente do que a maioria espera, a série é um “aperitivo” para uma obra maior que, por falta de elogios melhores, envelheceu como vinho.
Apesar de deslizes que vão desde momentos transfóbicos até personagens questionáveis, o trabalho de Togashi moldou muito do que é o gênero shounen. Obras como Jujutsu Kaisen são heranças diretas de Yu Yu Hakusho, desde suas lutas intensas até personagens carismáticos.
Manter essa “lenda” que é Yu Yu Hakusho viva nunca seria um trabalho fácil, mas, para isso, o diretor Sho Tsukikawa não deixa de lado a essência. Pelo contrário, mesmo com visuais caricatos que se assemelham a cosplays, o olhar de Tsukikawa mantém a ação, aventura e drama da história dos anos 90.
Parte desse sentimento é uma resposta direta a experiência da equipe. Além de um roteirista e diretor que já estão familiarizados com adaptações, a série ainda contou com Ouichi Takahito, diretor de dublês de Samurai X e um elenco que já trabalhou em live-actions que vão desde Gantz até Tokyo Revengers.
Assim como outros live-actions japoneses, Yu Yu Hakusho mistura o “melhor de dois mundos”. Enquanto é uma releitura original e bem pensada, servida por quem entendeu o contexto da obra, também é uma lembrança nostálgica do porquê o anime e mangá são tão cativantes.
Com tantos acertos, talvez, o grande problema é como o tempo passado com Yusuke, Kuwabara, Kurama e Hiei é curto. A verdade é que o aperitivo foi tão suculento que não reclamaríamos de mais histórias protagonizadas por Takumi Kitamura, Shuhei Uesugi, Jun Shison e Kanata Hongō,
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