The Idol: Entenda as polêmicas da nova série do criador de Euphoria, acusada de romantizar estupro

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The Idol: Entenda as polêmicas da nova série do criador de Euphoria, acusada de romantizar estupro

Por Gabriel Mattos

Sam Levinson, o criador de Euphoria, é cercado em polêmicas. Após ser duramente criticado por situações nos bastidores da segunda temporada da série adolescente, o produtor executivo é alvo de uma nova leva de acusações em seu novo projeto, The Idol. De acordo com a equipe da promissora série da HBO — que conta com os cantores The Weeknd e Jennie, do grupo de k-pop Blackpink — a produção virou um verdadeiro inferno assim que Levinson assumiu a liderança.

Cenas de sexo extremas

Cenas perturbadoras foram descritas por membros insatisfeitos da equipe (C. HBO)

AVISO: Esta notícia contém descrições explícitas de violência física e sexual perturbadoras.

O relatório foi divulgado pelo site Rolling Stone, que ouviu mais de 10 funcionários que preferiram permanecer anônimos. De acordo com as fontes, Levinson substituiu a perspectiva feminina de Amy Seimetz, diretora original do projeto, pelo que foi descrito como uma pura “pornografia de tortura sexual”.

“Era como qualquer fantasia de estupro que um homem tóxico qualquer teria posto na série — e a mulher ainda volta para mais porque isso faria sua música ficar melhor,” descreveu um membro da produção.

Entre as cenas perturbadoras escritas por Levinson, de acordo com a equipe, havia um momento em que a protagonista seria espancada e pediria para apanhar mais, provocando uma ereção no personagem de The Weeknd. Outra cena envolveria o cantor enfiando enfiando um ovo na vagina da personagem, que pediria para ser estuprada. A cena não pôde ser gravada por necessitar que as ações fossem realizadas de verdade.

Demissões e a saída turbulenta de Amy Seimetz

Trama esconde culto perturbador. (C. HBO)

De acordo com The Wrap, outro respeitado portal americano, os funcionários que denunciaram a situação foram demitidos. E para piorar, o ambiente de trabalho era tão hostil que a maioria da equipe restante teria pedido demissão após Levinson assumir o projeto de Seimetz.

O motivo para a substituição, segundo o portal, eram divergências criativas entre a diretora, Abel (The Weeknd) e os executivos da HBO. O estúdio queria uma série na mesma pegada de Euphoria, porém com um orçamento e prazo extremamente limitados. E encaixar o protagonismo de Abel com sua agenda lotada de shows também se provou um desafio.

A situação desandou completamente quando o roteiro passou por mais de 20 revisões, com drásticas mudanças sendo feitas diariamente. Seimetz foi demitida sem aviso prévio em abril de 2022, após ter filmado cerca de 80% da série, e a equipe só ficou sabendo quando a informação foi divulgada pela mídia.

Sam Levinson foi chamado para salvar o projeto e, de acordo com a equipe, usou sua influência devido ao sucesso de Euphoria para fazer o que bem entendesse com a série — quase como uma ameaça de não retornar para uma terceira temporada do sucesso do canal caso fosse contrariado. Assim, o produtor teria descartado absolutamente tudo que havia sido gravado por sua antecessora, desperdiçando um orçamento de cerca de U$ 75 milhões.

HBO nega os problemas

Pronunciamentos oficiais negam problemas nos bastidores (C. HBO)

Representantes da HBO comentaram a polêmica ao The Wrap, negando as acusações sem comentar nenhum ponto específico, apenas garantindo que as mudanças foram feitas para garantir a qualidade do programa. Confira o comunicado:

“Os criadores e produtores de The Idol vêm trabalhando muito para criar uma das séries originais mais empolgantes e provocantes da HBO. A abordagem inicial da série e a produção dos episódios iniciais, infelizmente, não alcançaram os padrões de qualidade da HBO então escolhemos fazer mudanças. Ao longo do processo, a equipe criativa tem se comprometido em criar um ambiente de trabalho seguro, colaborativo e de respeito mútuo, e no último ano, a equipe fez mudanças que julgou necessárias para alcançar os melhores interesses da produção, do elenco e da equipe. Estamos empolgados em compartilhar The Idol com o público em breve.”

Ao portal, Lily-Rose Depp, que interpreta a protagonista, confirmou a versão do estúdio, reforçando que Levinson foi o melhor diretor com quem já trabalhou.

“Nunca me senti mais protegida ou respeitada em um espaço criativo, minhas sugestões e opiniões nunca foram tão valorizadas. Trabalhar com Sam é uma verdadeira colaboração em todos os sentidos — o que conta para ele, mais que qualquer coisa, não é só o que os atores pensam do trabalho, mas como se sentem performando aquilo,” garantiu Depp.

Por fim, Abel Tesfaye, o The Weeknd, respondeu às alegações em seu Instagram de maneira irônica. Publicando uma cena inédita da série, em que os personagens ridicularizam o portal Rolling Stone, o cantor sugere que toda a matéria não passa de retaliação. “Te irritamos?,” questionou na legenda. Confira:

https://www.instagram.com/reel/CpQvI7mLpFq/

A série de seis episódios, co-desenvolvida por The Weeknd, Reza Fahim e Sam Levinson, é uma paródia da indústria da música após o governo Trump. A trama acompanha a cantora em ascensão Jocelyn (Lily-Rose Depp) que sofre para conseguir se erguer em um mercado corrupto e acaba sucumbindo à influência do misterioso Tedros (Abel Tesfaye), que parece ser apenas mais um dono de boate, mas secretamente lidera seu próprio culto.

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